Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
Alberto Caeiro
4 comentários:
Fastástico poema deste Caeiro...
e uma excelente ilustração, diga-se!
bjs, do
Helder.
gracias, Helder :)
bj
Rosário
tocaram-me sobretudo duas frases neste poema...
não vou dizer quais,mas tu que me conheces, consegues de certeza adivinhar...
beijo muito grande
CSD
Olha, Cláudia, a minha frase preferida é : «Não concordo comigo mas absolvo-me»
beijo
Enviar um comentário