Já estava a despedir-me de Mostar quando avistei esta enorme cruz de Cristo sobre uma colina. Mostar é a capital da Herzegovina, a que correspondem dois cantões, o cantão ocidental e o cantão Herzegovina-Neretva. Mostar fica no centro deste último cantão. Neretva é um dos rios que o atravessa.
A bandeira da Herzegovina aparece bem visível em vários locais na cidade, como que a esclarecer quem passa, e quem lá vive, que a integração na Bosnia-e-Herzegovina não significou a perda de uma identidade política e cultural própria. Em baixo, uma foto do teatro com uma bandeira gigantesca...
Mas aquela cruz a dominar a paisagem, uma paisagem povoada de mesquitas, tem um significado particular. Bósnios muçulmanos e bósnio-croatas (maioritariamente católicos) coabitam naquele espaço e a tensão é latente. Vivem pacificamente mas basta uma pequena faísca e os ânimos inflamam-se. Ontem, na sequência do jogo Turquia-Croácia, que terminou com a surpreendente vitória dos turcos por 3-1, dezenas de pessoas ficaram feridas em Mostar, devido a confrontos entre bósnios muçulmanos, apoiantes da Turquia, e bósnio-croatas, que se identificam com a selecção croata. Pesquisando um pouco, percebi que não é a primeira vez que o futebol serve de alavanca para o despoletar da violência em Mostar.
Lembrei-me então das palavras desta habitante e guia turística em Mostar. Sentada num muro da famosa e preciosa "Stari Most" (ponte velha), falou-nos da guerra e do horror que viveu, do isolamento da cidade após a destruição de todas as pontes por unidades da Sérvia e Montenegro da JNA (Yugoslav People's Army), incluindo aquela tão emblemática (a Stari Most foi construída em 1566 e era considerada património da Humanidade). Mas o tom da jovem guia não era derrotista. Falava com entusiasmo de uma Mostar em reconstrução - desde 1998, com o envolvimento da comunidade internacional -, e da tradição de multiculturalidade daquele lugar. Muçulmanos e católicos sempre se apaixonaram nas margens do Nuretva, dizia.
O bairro, vivo e colorido, convida à festa e ao enamoramento. "A guerra foi feita por extremistas... que ainda andam por aí. Em todas as partes do mundo existem loucos, este país não é excepção. Mas o povo, a maioria das pessoas, como eu, querem é paz e muitos namorados!"
Ela sorria, todos respirávamos de alívio, mas até que ponto não são os loucos a conduzir a máquina do mundo?
A bandeira da Herzegovina aparece bem visível em vários locais na cidade, como que a esclarecer quem passa, e quem lá vive, que a integração na Bosnia-e-Herzegovina não significou a perda de uma identidade política e cultural própria. Em baixo, uma foto do teatro com uma bandeira gigantesca...
Mas aquela cruz a dominar a paisagem, uma paisagem povoada de mesquitas, tem um significado particular. Bósnios muçulmanos e bósnio-croatas (maioritariamente católicos) coabitam naquele espaço e a tensão é latente. Vivem pacificamente mas basta uma pequena faísca e os ânimos inflamam-se. Ontem, na sequência do jogo Turquia-Croácia, que terminou com a surpreendente vitória dos turcos por 3-1, dezenas de pessoas ficaram feridas em Mostar, devido a confrontos entre bósnios muçulmanos, apoiantes da Turquia, e bósnio-croatas, que se identificam com a selecção croata. Pesquisando um pouco, percebi que não é a primeira vez que o futebol serve de alavanca para o despoletar da violência em Mostar.
Lembrei-me então das palavras desta habitante e guia turística em Mostar. Sentada num muro da famosa e preciosa "Stari Most" (ponte velha), falou-nos da guerra e do horror que viveu, do isolamento da cidade após a destruição de todas as pontes por unidades da Sérvia e Montenegro da JNA (Yugoslav People's Army), incluindo aquela tão emblemática (a Stari Most foi construída em 1566 e era considerada património da Humanidade). Mas o tom da jovem guia não era derrotista. Falava com entusiasmo de uma Mostar em reconstrução - desde 1998, com o envolvimento da comunidade internacional -, e da tradição de multiculturalidade daquele lugar. Muçulmanos e católicos sempre se apaixonaram nas margens do Nuretva, dizia.
O bairro, vivo e colorido, convida à festa e ao enamoramento. "A guerra foi feita por extremistas... que ainda andam por aí. Em todas as partes do mundo existem loucos, este país não é excepção. Mas o povo, a maioria das pessoas, como eu, querem é paz e muitos namorados!"
Ela sorria, todos respirávamos de alívio, mas até que ponto não são os loucos a conduzir a máquina do mundo?
Fotos MRF
Maio 2008
Maio 2008
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