Entrevista a Sónia Sequeira e Jorge Ferreira, gerentes de O Navio de Espelhos
Momento 1:
- Jorge, estou a pensar fazer uma série de entrevistas que serão publicadas no Noticias de Aveiro. O Júlio Almeida, editor do jornal, mostrou-se interessado quando lhe apresentei a ideia.
Estarias disponível?
- Claro que sim!
(correcção: como ainda não nos conhecíamos, não tutuava, pelo que devo ter dito "Estaria disponível?")
Momento Duas ou Três Conversas Mais à Frente, Dia da Entrevista:
- Era mais fácil se nos tratássemos por tu, não era?
- Ah, claro!
Cenário:
A livraria. Estamos numa segunda-feira que é o dia de descanso semanal. A única pessoa que não descansa hoje é a senhora da limpeza. Desorganizamos a desordem: as cadeiras que estavam em cima da mesa, voltam para o chão e sentamo-nos, como num café. O Jorge parece a escultura do Fernando Pessoa na Brasileira em Lisboa. Tem óculos e cruza a perna. Eu tiro o material: guião, folhas, gravador, máquina fotográfica.
Warming-up:
Diz-me que a Sónia deve chegar mais tarde. Andam cansados. Está a decorrer o SET e têm uma banca com livros no Salão Nobre do Teatro Aveirense. O fim de semana teve muitas horas.
Digo-lhe que fiz muitas dezenas de entrevistas mas que esta é a minha primeira entrevista jornalística. Todas as outras foram realizadas no âmbito de investigações sociológicas ou para estudos de mercado. Sendo diferente o objectivo, decidi não alterar muito a abordagem: o pressuposto é o de que não há respostas certas ou erradas. Deixo-o expressar-se livremente para compreender como ele pensa e o que o move. Raramente vou assumir o princípio do contraditório. E o meu guião é apenas uma orientação, não é um questionário. Vou seguir o fluir do seu discurso.
Durante:
O meu entrevistado é óptimo. porque tem muitas coisas para dizer. e essas coisas são interessantes.
O que ele disse, podem lêr no www.NoticiasdeAveiro.pt .
A Sónia chegou entretanto. Ouve a entrevista do Jorge, enquanto arruma livros. Não consegue estar parada. As botas que martelam o soalho podem causar ruído na gravação? Tira as botas. Botas caladas. A senhora da limpeza saíra. Para datas e outros pormenores, o Jorge consulta a Sónia. E depois é a vez da Sónia.
- Aviso já que hoje não sei bem quem sou! Não é um bom dia para entrevistas...
Eu disse-lhe que entendia. Era o que devia dizer mas Sónia, eu entendo mesmo.
E depois, afinal, era um bom dia. Já sabem onde devem clicar para lêr o que ela disse.
No final, a conversa foi a três.
Como o Jorge já tinha sido bastante claro quanto ao conceito e à história da criação da livraria, a Sónia aprofundou a questão dos programas de incentivo à leitura ou a preocupação com a secção de literatura infantil.
Uma nota: os dois estão em completa sintonia.
Outra nota: o poema que o Jorge declama tão bem é do Mário Césariny (A Cidade Queimada, O Navio de Espelhos XIII); o Jorge não precisou de o lêr - o poema estava dentro da sua caixa de memória viva.
O Tratamento da Entrevista:
Foi transcrito todo o material gravado, e este é reproduzido quase integralmente. Por razões de economia de espaço e para maior facilidade de leitura, agreguei as respostas dos dois entrevistados por assuntos (apresentação, percurso escolar, leituras feitas) como se a entrevista tivesse sido sempre simultânea. Perdoem-me este artifício na forma.
A Análise:
Pela primeira vez não tenho que mergulhar numa análise de conteúdo post-entrevista. Ou, se o fizer, posso guardá-la só para mim. Como vocês.
Momento 1:
- Jorge, estou a pensar fazer uma série de entrevistas que serão publicadas no Noticias de Aveiro. O Júlio Almeida, editor do jornal, mostrou-se interessado quando lhe apresentei a ideia.
Estarias disponível?
- Claro que sim!
(correcção: como ainda não nos conhecíamos, não tutuava, pelo que devo ter dito "Estaria disponível?")
Momento Duas ou Três Conversas Mais à Frente, Dia da Entrevista:
- Era mais fácil se nos tratássemos por tu, não era?
- Ah, claro!
Cenário:
A livraria. Estamos numa segunda-feira que é o dia de descanso semanal. A única pessoa que não descansa hoje é a senhora da limpeza. Desorganizamos a desordem: as cadeiras que estavam em cima da mesa, voltam para o chão e sentamo-nos, como num café. O Jorge parece a escultura do Fernando Pessoa na Brasileira em Lisboa. Tem óculos e cruza a perna. Eu tiro o material: guião, folhas, gravador, máquina fotográfica.
Warming-up:
Diz-me que a Sónia deve chegar mais tarde. Andam cansados. Está a decorrer o SET e têm uma banca com livros no Salão Nobre do Teatro Aveirense. O fim de semana teve muitas horas.
Digo-lhe que fiz muitas dezenas de entrevistas mas que esta é a minha primeira entrevista jornalística. Todas as outras foram realizadas no âmbito de investigações sociológicas ou para estudos de mercado. Sendo diferente o objectivo, decidi não alterar muito a abordagem: o pressuposto é o de que não há respostas certas ou erradas. Deixo-o expressar-se livremente para compreender como ele pensa e o que o move. Raramente vou assumir o princípio do contraditório. E o meu guião é apenas uma orientação, não é um questionário. Vou seguir o fluir do seu discurso.
Durante:
O meu entrevistado é óptimo. porque tem muitas coisas para dizer. e essas coisas são interessantes.
O que ele disse, podem lêr no www.NoticiasdeAveiro.pt .
A Sónia chegou entretanto. Ouve a entrevista do Jorge, enquanto arruma livros. Não consegue estar parada. As botas que martelam o soalho podem causar ruído na gravação? Tira as botas. Botas caladas. A senhora da limpeza saíra. Para datas e outros pormenores, o Jorge consulta a Sónia. E depois é a vez da Sónia.
- Aviso já que hoje não sei bem quem sou! Não é um bom dia para entrevistas...
Eu disse-lhe que entendia. Era o que devia dizer mas Sónia, eu entendo mesmo.
E depois, afinal, era um bom dia. Já sabem onde devem clicar para lêr o que ela disse.
No final, a conversa foi a três.
Como o Jorge já tinha sido bastante claro quanto ao conceito e à história da criação da livraria, a Sónia aprofundou a questão dos programas de incentivo à leitura ou a preocupação com a secção de literatura infantil.
Uma nota: os dois estão em completa sintonia.
Outra nota: o poema que o Jorge declama tão bem é do Mário Césariny (A Cidade Queimada, O Navio de Espelhos XIII); o Jorge não precisou de o lêr - o poema estava dentro da sua caixa de memória viva.
O Tratamento da Entrevista:
Foi transcrito todo o material gravado, e este é reproduzido quase integralmente. Por razões de economia de espaço e para maior facilidade de leitura, agreguei as respostas dos dois entrevistados por assuntos (apresentação, percurso escolar, leituras feitas) como se a entrevista tivesse sido sempre simultânea. Perdoem-me este artifício na forma.
A Análise:
Pela primeira vez não tenho que mergulhar numa análise de conteúdo post-entrevista. Ou, se o fizer, posso guardá-la só para mim. Como vocês.
2 comentários:
O Jorge é um excelente entrevistado. É maluco que se farta. No melhor sentido possível. O único quando falo de um amigo. E escreve bem que se farta penso mesmo que melhor do que a pancada que tem. Ah sim muito melhor. Afinal ele nem tem assim tanta maluqueira. O Jorge é muito inteligente e esse é o problema. O Jorge. Ah o Jorge que nem tenho tempo de visitar na livraria e ir namorar os livros e ler e beber chá e vinho e ainda ganhar descontos. Um abraço ao Jorge. E a quem quer que seja que também conhece a Louise. A todos.
wilson t
Oh vós que inaugurais este espaço, oh dear Louise que encaminhas gente boa,
thanks a lot.
O Jorge. e a Sónia. mal os conhecendo fica essa impressão de que estão vivos, coisa que não é rara mas que é sempre notável. E que a leveza não é sempre insustentável. Pode ser do ser. então tem passado e discernimento.
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