1.2.07

Entre pontos

Linha dos Nodos, por definição, linha entre 2 pontos da rede, é um dos meus novos sítios de aterragem e de passagem, pois, para outros sítios. Ontem, por exemplo, através deste destaque cheguei ao Viridarium. Para comemorar o seu segundo aniversário, o Centro de Estudos de História das Ciências Naturais e da Saúde decidiu iniciar o blog Viridarium, um espaço público dedicado à História das Ciências e às actividades do Centro. É claro que sou muito distraída porque o Viridarium já tem dois anos de existência, a Clara Pinto Correia é uma colaboradoras mais activas, e eu não conheço mais ninguém, neste país, que reuna competências científicas, talento literário e saber-querer comunicar como ela. Acabei por percorrer o blogue até regressar ao ponto de partida, a entrevista que CPC fez a Carlos Pimenta.

A entrevista é óptima, as respostas são claras. Diz Carlos Pimenta:

"Então, andam a cobrir o país de auto-estradas todas paralelas umas às outras, em vez de darem prioridade ao comboio e ao metro, por exemplo. Já vamos em cinco auto-estradas paralelas e oitenta por cento são ao longo e todo o litoral, e estamos a falar numa faixa que não tem mais de cinquenta quilómetros de largura entre Setúbal e Braga. Vamos acabar por ter seis autoestradas paralelas entre Lisboa e Cascais. Hoje, tu chegas à Figueira da Foz por três autoestradas, a Aveiro por duas, à Guarda por outras duas... e não se investe no desenvolvimento do combio! Alguma coisa está muito mal no sistema se a forma mais rápida e cómoda de chegar de Lisboa ao Porto é o automóvel particular, incluindo as portagens. É um absurdo. A economia individual é a deseconomia do país. Se as pessoas tivessem metro no aeroporto, nas estações de comboio, a fazer ligações para as periferias, não precisavam de estar horas dentro dos autocarros no meio do trânsito. Muita gente, nestas circunstâncias, desiste dos transportes públicos e mete-se antes no seu próprio automóvel, que sempre está mais à vontade; e daí resulta este efeito patético de termos um país sobreindividado com a compra de automóveis. Mas repara, alguém chega ao aeroporto em Londres e gasta uma fortuna a meter-se num taxi que vai estar horas e horas num engarrafamento? Claro que não. Vai tudo para o centro de metro, porque a estação está logo ali. Entre nós, até as mercadorias são obrigadas a sair do aeroporto de carro! Pode ser. Sabes que temos mais camiões a transportar mercadorias nas nossas estradas do que os próprios Estados Unidos? É suicida. O nosso sistema de deslocações é suicida. Parece que os governos portugueses não conseguem gerir sistemas grandes e complexos. Deixam o caminho de ferro ao abandono a acumular centenas de milhões de Euros em dívidas, descuram os portos e aeroportos, e apresentam uma oferta péssima à população."

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