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Impressoras de objectos/3D de código aberto


Adrian Bowyer, University of Bath (Fonte)

De vez quando, um novo invento faz-nos parar para pensar. Este é um deles: impressoras 3D que conseguem esculpir objectos com base num modelo tridimensional. O material utilizado para a escultura pode ser plástico, metal, madeira ou algum polímero sintético. A maior aplicação desse tipo de equipamento é na indústria, para a confecção de protótipos ou auxiliar no desenvolvimento de projectos para novos produtos e equipamentos. O preço actual inviabilizava a aquisição desse tipo de equipamento por instituições de ensino ou PMEs, dificultando também o acesso a estudantes ou profissionais interessados em realizar estudos sobre novas formas. Mas, agora, existe uma alternativa de baixo custo! Um projecto chamado de RepRap tem uma proposta inovadora: oferecer uma impressora 3D de código aberto!

RepRap (Replicating Rapid-prototyper) usa uma técnica chamada de “Fused Deposition Modelling Rapid Prototyping”, que produz os componentes em camadas de plástico (mas poderá vir a utilizar outros materiais). A equipe RepRap desenvolveu e já está a distribuir o projecto de uma máquina muito mais barata e com a novidade da capacidade de se duplicar.

Uma impressora de objectos! É uma revolução no processo de produção, mas eu acho que pode ser também o princípio de uma nova era.
No futuro, quantas possibilidades de aplicação! "Think of RepRap as a China on your desktop"?
E, do ponto de vista criativo, é uma nova alavanca.
Que mudanças socio-culturais podem ocorrer se a produção de objectos (até agora industriais) passar a estar ao alcance de todos muitos de nós?

Caros pioneiros,
as instruções para a construção da máquina, estão aqui. (Eu vou ser uma seguidora, só vou poder aderir na fase do "manual para utilizadores domésticos".)


[link para RepRap via Linhas Soltas]

29.6.08

São Pedro

São Pedro
Vasco Fernandes
Museu Grão Vasco


Antigo retábulo da capela (lateral) da Catedral de Viseu (c.1529), agora (sabiamente) exposto no Museu Grão Vasco. da monumentalidade do apóstolo. da sopremacia do poder espiritual sobre o poder temporal.

O suporte: tábuas de madeira de castanho -- identificam-se as marcas originais do desbaste, enquanto os processos de união e o entalhamento entre elas deixam perceber traços de uma obra de restauro, como as superfícies com óxido de ferro e as caudas de andorinha.

28.6.08

Marcas da guerra III

No dia 28 de junho de 1914, o Arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do Império Austro-Húngaro e sua esposa Sofia foram assassinados em Sarajevo. Pouco tempo depois, eclodia a I Guerra Mundial.
No Congresso de Berlim, em 1878, a monarquia austro-húngara obteve o mandato para ocupar a Bósnia-e-Herzegovina. No dia 29 de Julho desse ano, as suas tropas atravessaram a fronteira. Na manhã de 19 de Agosto de 1878, 14000 soldados chegaram a Sarajevo. A Resistência soçobrou no final desse mesmo dia. A anexação de todo o país foi concluída a 30 de Outubro de 1878.

A História da Resistência em Sarajevo é antiga. A organização Norodni Odbor, cujo líder mais proeminente seria Salih Vilajetovik (mais conhecido por Hajji Lojo), foi criada ainda antes de 1878. Contudo, a Resistência aumenta quando é criada a Organização do Povo Muçulmano (1906) e a Organização do Povo Sérvio (1907). Estas duas organizações têm jornais próprios: Musavat e Srpska Rijec, respectivamente. No início de 1908, é formada a Comunidade do Povo Croata, que também tinha o seu jornal, Hrvastska Zajednika. O primeiro jornal operário fora lançado em 27 de Agosto de 1905. Em 23 de Junho de 1909 foi criado o Partido Social Democrata da Bósnia, que passou a editar também um jornal, Glas slobode.

O Acto de Anexação foi proclamado a 6 de Outubro de 1908. A nova Constituição e o novo corpo legislativo foram endossadas pelo Imperador Francisco José I a 17 de Fevereiro de 1910. As eleições para a Assembleia na Bósnia ocorreram em Maio e um mês depois o Imperador visitou a Bósnia.

Logo após a proclamação da anexação,
a Sérvia lançou um vigoroso protesto, exigindo a sua anulação ou compensações que assegurassem a sua independência e desenvolvimento económico. A imprensa sérvia exigia mesmo o domínio do território, desde a Bósnia ao Adriático. O governo austro-húngaro recusou o protesto e qualquer direito da Sérvia a pôr em causa a anexação.

Francisco Fernando da Áustria (em alemão, Franz Ferdinand von Österreich), arquiduque da Áustria-Hungria, tornou-se o presumível herdeiro do trono imperial quando o seu primo, o Príncipe-Herdeiro Rodolfo, cometeu suicídio, fazendo do pai de Francisco Fernando, Carlos Luís, o primeiro na linha de sucessão do trono.

Em 28 de Junho de 1914, quando o arquiduque se encontrava em Sarajevo para comandar manobras militares, foi assassinado por Gavrilo Princip, estudante servo-bósnio. O assassino era militante da organização nacionalista sérvia Jovem Bósnia (Mlada Bosna).

O governo austríaco responsabilizou a Sérvia pela morte. Mediante um ultimato exigiu ao governo sérvio a repressão das acções anti-austríacas lançadas do seu território, a autorização para que a Polícia austríaca participasse na investigação do atentado e na punição dos responsáveis. A resposta negativa sérvia, alegando que o ultimato violava a sua soberania, foi o rastilho para o estalar da Primeira Guerra Mundial (1914-18), opondo as alianças da Alemanha com a Áustria-Hungria, às da Sérvia com a Rússia, França e Grã-Bretanha.

[Informação e imagens recolhidas no Museu do Assassinato em Sarajevo (Maio 2008):]

26.6.08

O casamento do pequeno burguês


É Brecht, é CETA, é Fraga - não se pode perder esta peça!

Próximas exibições: 26, 27, 28 de Junho e 3, 4, 5 de Julho (22h)

25.6.08

Nós e os outros

Serra de Monchique, 2002


E por falar em fotografia, fixem este nome: VERGÍLIO FERREIRA. Não confundam com o escritor. que foi o que me aconteceu, e por isso entrei na galeria da antiga Capitania. Este Vergílio Ferreira nasceu em 1970 e os seus livros são álbuns - “Rainbow”, 2002; “Nós e os Outros”, 2003; “Sentir a Pele”, 2003; “Phala Alma”, 2005.

Não há___ como é hábito naquele espaço, qualquer informação sobre o autor e a sua obra. Foi através da internet que percebi que a exposição patente diz respeito ao seu projecto «Nós e os Outros»:
"... uma selecção efectuada a partir de um conjunto maior, levantado no Brasil, em Portugal, Espanha, França e Itália, entre 2000 e 2004. Pretende mostrar, na perspectiva do fotógrafo, o vasto movimento de uma nova contracultura global que se afirma na negação do artificialismo da sociedade de consumo e persegue outras alternativas de vida que, num imaginário progressivamente global, representam um regresso à Natureza." (ver
fonte)

Saí da velha Capitania completamente rendida a este fotógrafo português.

PHotoEspaña

O inglês Martin Parr foi distinguido com o Prémio PHotoEspaña Baume & Mercier 2008, o maior galardão do festival, que serve para reconhecer o seu percurso profissional e a sua influência na fotografia contemporânea.

No sítio de
Martin Parr, acesso directo by photos and videos a um Reino Unido profundo. Variante: Parr na Magnum.

P.S.: O comissário-geral da PHotoEspaña até 2010 é o português Sérgio Mah. Merece uma menção a entrevista que deu a Sérgio B. Gomes e que foi editada no Arte Photographica.

24.6.08

Metamorfose


Paulo Paiva
Sem Título, 2008

[Mais uma instalação da I Exposição do Mestrado em Criação Artística Contemporânea da UA. A aproximação física do visitante gera uma transformação na Natureza Morta...]

Fiz a Prova 23 - Prova Escrita de Matemática / 1ª Chamada / 2008

Chuva Vasco
Prolegómenos a uma Estética Porcina, 2008
Técnica Mista s/ Tela
180x140cm

Deve ser porque quero acompanhar as minhas filhas nas matérias escolares até bem tarde... A verdade é que me apeteceu fazer a prova de Matemática do 3º Ciclo. No meu tempo, os alunos que escolhiam Humanísticas/Ciências Sociais só tinham Matemática até ao 9º ano. Foi o meu caso. E foi mau, tanto mais que, mais tarde, na Faculdade de Sociologia (UNL) tive que aprender álgebra, probabilidades e estatística, sem boas bases. Aguentei-me e até aprendi a gostar da matéria. Mas nunca dei trigonometria e apenas abordei, ao de leve (ainda no Secundário), geometria.
Acabo de fazer a prova. Demorei 40/45 minutos. Como as fórmulas são dadas, não precisei de esforçar a memória, apenas de as adequar aos enunciados. Depois classifiquei-me com base nos
critérios do ME. Obtive 83 valores (em 100).
Não sei se é bom ou mau. Mas percebi que, para um aluno que acaba de estudar a matéria, este exame se faz em pouco mais de 30 minutos e sem grandes dúvidas. O ME fez corresponder esta prova a uma duração de 90 + 30 minutos de tolerância! Vou estar atenta aos resultados. Dado o baixo nível de exigência, o objectivo foi claramente melhorar (artificialmente) as velhas e desastrosas médias nacionais. Mas..., e se as médias continuarem baixas? Revolução precisa-se! E dirige-se o golpe a que estados?

23.6.08

À escuta #72

Ontem foi a festa da Riff Kids. Elas tocaram, dançaram, saltaram, brincaram até ficar esgotadas. À noite, estavam impossíveis de aturar. Demoraram uma hora a jantar, obrigaram-me a repetir vezes sem conta "come a sopa", ficaram insolentes___ e eu acabei por me zangar. Devo ser muito expressiva porque elas perceberam que a coisa ia mesmo correr mal se continuassem a comportar-se daquela maneira. Proibi-as de falar, de me responder. Em pouco tempo, a toque de marcha, lavaram os dentes e meteram-se na cama.

De repente, a A. levanta-se, vem ter comigo e diz:
- Boa noite mamã surpreendentemente agressiva!

21.6.08

Marcas da guerra II

Já estava a despedir-me de Mostar quando avistei esta enorme cruz de Cristo sobre uma colina. Mostar é a capital da Herzegovina, a que correspondem dois cantões, o cantão ocidental e o cantão Herzegovina-Neretva. Mostar fica no centro deste último cantão. Neretva é um dos rios que o atravessa.


A bandeira da Herzegovina aparece bem visível em vários locais na cidade, como que a esclarecer quem passa, e quem lá vive, que a integração na Bosnia-e-Herzegovina não significou a perda de uma identidade política e cultural própria. Em baixo, uma foto do teatro com uma bandeira gigantesca...

Mas aquela cruz a dominar a paisagem, uma paisagem povoada de mesquitas, tem um significado particular. Bósnios muçulmanos e bósnio-croatas (maioritariamente católicos) coabitam naquele espaço e a tensão é latente. Vivem pacificamente mas basta uma pequena faísca e os ânimos inflamam-se. Ontem, na sequência do jogo Turquia-Croácia, que terminou com a surpreendente vitória dos turcos por 3-1, dezenas de pessoas ficaram feridas em Mostar, devido a confrontos entre bósnios muçulmanos, apoiantes da Turquia, e bósnio-croatas, que se identificam com a selecção croata. Pesquisando um pouco, percebi que não é a primeira vez que o futebol serve de alavanca para o despoletar da violência em Mostar.

Lembrei-me então das palavras desta habitante e guia turística em Mostar. Sentada num muro da famosa e preciosa "Stari Most" (ponte velha), falou-nos da guerra e do horror que viveu, do isolamento da cidade após a destruição de todas as pontes por unidades da Sérvia e Montenegro da JNA (Yugoslav People's Army), incluindo aquela tão emblemática (a Stari Most foi construída em 1566 e era considerada património da Humanidade). Mas o tom da jovem guia não era derrotista. Falava com entusiasmo de uma Mostar em reconstrução - desde 1998, com o envolvimento da comunidade internacional -, e da tradição de multiculturalidade daquele lugar. Muçulmanos e católicos sempre se apaixonaram nas margens do Nuretva, dizia.
O bairro, vivo e colorido, convida à festa e ao enamoramento. "A guerra foi feita por extremistas... que ainda andam por aí. Em todas as partes do mundo existem loucos, este país não é excepção. Mas o povo, a maioria das pessoas, como eu, querem é paz e muitos namorados!"
Ela sorria, todos respirávamos de alívio, mas até que ponto não são os loucos a conduzir a máquina do mundo?



Fotos MRF
Maio 2008

20.6.08

Marcas da guerra I

Era o maior e mais representativo edifício do período Austro-Húngaro em Sarajevo. Foi construído com o propósito de albergar a sede da autoridade da cidade. O design inicial foi definido em 1891 pelo arquitecto karl Pãrik mas críticas do Ministro Benjamin Kállay impediram-no de prosseguir o projecto. Alexandar Wittek trabalhou no projecto entre 1892 e 1893, mas morreu no ano seguinte. A obra acaba por ser completada por Ciril Ivekovic. O edifício assumiu um estilo arquitectónico historicamente eclético, com predominância da expressão pseudo-mourisca, influência oriunda da arte Islâmica de Espanha e Norte de África. A inauguração formal ocorreu a 20 de Abril de 1896. Até 1949 foi, como previsto, a sede da cidade (o equivalente a uma Câmara Municipal), mas a apartir de então passa a albergar a Biblioteca Nacional e da Universidade da Bósnia e Hertzegovina (Nacionalna i univerzitetska biblioteka Bosne i Hercegovine). Na noite de 25 para 26 de Agosto de 1992, os Sérvios Nacionalistas bombardearam o edifício com artilharia pesada e uma enorme quantidade de bombas incendiárias. A Biblioteca albergava 1.5 milhões de volumes, incluindo mais de 155,000 livros e manuscritos raros, o arquivo nacional, o depósito de cópias de jornais e livros publicados na Bósnia e as colecções da Universidade de Sarajevo. Na sequência do ataque, a Biblioteca ardeu durante três dias. Quase todo o seu conteúdo ficou reduzido a chamas. Durante os três anos que durou o cerco a Sarajevo e a guerra no país, grande parte da herança cultural da Bósnia e Herzegovina foi destruída.

Recordo-me perfeitamente das imagens da Biblioteca em chamas. O simbolismo desse acto de guerra era claro - mas inaceitável. Anos depois, vivia em França, e assisti a um dos últimos programas de culto da televisão francesa - Bouillon de culture (1991–2001), da autoria de Bernard Pivot - gravado precisamente nas ruínas da Biblioteca de Sarajevo. Acho que foi nesse momento que decidi viajar até à Bósnia. O desejo foi realizado há pouco tempo. As ruínas da Biblioteca continuam lá, Bernard Pivot já não se sentiria em segurança quando entrasse no edifício (o interior está completamente barrado com muros de tijolo e placas de madeira). Sarajevo já restaurou grande parte do seu edificado mas não este Monumento. Ele continua ali, nas margens do rio Miljacka, como uma ferida aberta e incurável.


Fotos MRF
Maio 2008
(a primeira imagem é uma fotografia de um velho postal ilustrado)

17.6.08

Momento pub

Um espanto de filme, a servir um novo posicionamento para a marca. Associar aos «momentos autênticos da vida» uma marca (bastante conhecida, sempre portuguesa) mas rejuvenescida.

ANÚNCIO JÁ NÃO ESTÁ ON LINE - Agência Strat - Director Criativo: José Campos / Produção: Ministério dos Filmes - Realizador: José Pedro Sousa / Música: "The Story", de Brandi Carlile / Portugal


FICA A MÚSICA DO ANÚNCIO:


Brandi Carlile - The Story
Enviado por Mdkart. - Clipes, entrevista dos artistas, shows e muito mais.

14.6.08

Thomas Kubinek




Tomás Kubinek por Tomás Kubinek.
Este artista apelidado de “Lunático Certificado, e Mestre do Impossível”, vestirá diferentes personagens desde mágico a acrobata, de clown a cientista louco. Ao público, promete uma experiência de total felicidade para ser recordada por toda uma vida.

É hoje, às 21h30, no
Teatro Aveirense.

12.6.08

Não te quero ver

Detalhe da Instalação de Teresa Neto Magalhães

Este olho vai fugir sempre ao nosso olhar, mas vai valer a pena "fixar" a Exposição dos alunos do Mestrado de Criação Artística Contemporânea.

Exposição do Mestrado de Criação Artística Contemporânea da UA

Casa Municipal da Cultura – Edifício Fernando Távora
(em frente à Câmara Municipal)
de 12 a 22 de Junho - das 10h às 22h30


Este é um convite para a 1ª exposição do Mestrado de Criação Artística Contemporânea da Universidade de Aveiro. A inauguração da exposição acontece hoje, dia 12 de Junho, pelas 21h30.

Entre os vários artistas representados estão Raquel Carrilho e Teresa Magalhães, realizadoras de Água Nossa, uma curta-metragem criada especialmente para a Extensão do CineEco em Aveiro.

10.6.08

Rainhas de Portugal

No Dia de Portugal, aproveito para vos dar a conhecer a minha última obsessão: ler tudo o que me aparece à frente sobre rainhas de Portugal ou digníssimas descendentes. Desde que a pulsão começou, só tive tempo para terminar dois livros, ambos mui ficcionados, o primeiro sofrível nas duas categorias, como documento histórico e como obra literária, mas, em ambos os casos, acabei por apreciar a leitura. As duas obras são protagonizadas por descendentes de D. Pedro I, O Justiceiro.

João, Mestre de Avis, filho bastardo de D. Pedro e Teresa Guille Lorenzo, casou em 1387, na Sé do Porto, com Philippa (1360-1415), neta de Edward III de Inglaterra, filha legítima de John de Gaunt e Blanche of Lancaster. O nome da rainha aportuguesou-se, passando a ser conhecida por Filipa de Lencastre. Filipa de Lencastre - A Rainha que Mudou Portugal, de Isabel Stilwell, parece um conto de fadas estruturado a partir da sucessão dos (8) partos da rainha, mas não deixa de nos dar uma ideia (subjectiva, encantatória) do que foi o reinado de D. João I, da influência de D. Nuno Álvares Pereira junto do monarca e no reino, e o que marcou a infância da Ínclita Geração. O imaginário de Isabel Stilwell sobre as relações entre os membros do núcleo familiar é tão fértil que, numa recente visita ao Castelo de Ourém, senti-me quase próxima do casal D. Afonso (filho bastardo do Mestre de Avis, 1º Duque de Bragança) e D. Beatriz Pereira de Alvim (filha do Condestável), que promoveram grandes reformas no conjunto do castelo medieval, fazendo erguer ainda o edifício do Paço e a Igreja da Colegiada. A primeira parte da obra, sobre a vida da princesa Philippa em Inglaterra, é menos linear, e daria um excelente argumento cinematográfico. A autora fixa-se no quotidiano da vida da família real, nas relações amorosas legítimas e ilegítimas, na descendência que estas originam e na educação dos infantes e "bastardos", imagina diálogos entre personagens, deixando o horizonte de guerras e disputas fora das paredes dos castelos, mas suficientemente próximos para formar personalidades e mudar destinos pessoais.

Beatriz de Portugal, de Paula Cifuentes, é um verdadeiro romance com ambição e fulgor literários. Nesta obra, a filha bastarda de D. Pedro e D. Inês assume o papel de narrador e sujeito de acção. Cifuentes dá-nos um retrato claro da condição feminina nas monarquias portuguesa e espanhola do século XIV e é audaz na caracterização do heróico par romântico Pedro e Inês. A saber, Beatriz terá sido violada e mantido uma relação incestuosa com o pai, que terá transferido para ela o desejo pela mãe assassinada. É só depois da morte do rei, D.Pedro I, que o casamento de Beatriz com Sancho Grande de Albuquerque (irmão do rei Henrique de Trastâmara) é acordado. O romance passa-se no Alcácer de Segóvia, onde Beatriz passa a maior parte do tempo da primeira gravidez (não desejada). Os capítulos alternam entre passado em Portugal, a relação com a mãe, o assassinato da mãe, a relação com o pai, a descrição da corte de Afonso IV e do reinado de D.Pedro I, e os mistérios da vida no interior do Alcácer, as tentativas de assassinato, a relação com D. Sancho, as aias e o amante D. Rodrigo. É uma obra baseada em factos históricos mas profundamente intimista.

No rol de obras que se seguirão nesta saga de rainhas e damas portuguesas, constam:

- Catarina de Áustria, Infanta de Tordesilhas - Rainha de Portugal, de Ana Isabel Buescu, Ed. A Esfera dos Livros, 2007
- D. Maria I - A Biografia da Rainha Que Teve A Coragem de Despedir O Maquês de Pombal, de
Alexandre Honrado, Ed. Guerra & Paz, 2007
- O Testamento da Princesa do Brasil, D. Maria Benedita (1746-1829), de Alice Lázaro, Ed. Tribuna, 2007
- D. Carlota Joaquina- Rainha de Portugal, de Sara Marques Pereira, Livros Horizonte, 2008
- Rainhas de Portugal, de Francisco da Fonseca Benevides, Livros Horizonte, 2007 (reedição da edição da Typografia Castro Irmão, de 1878)

E ainda, uma viagem a Espanha:
- Isabel, A Rainha - As Filhas da Lua Vermelha, de Ángeles de Irisarri, Ed. O Quinto Selo, 2008

P.S.: Dado o mote, agradeço todos os vossos conselhos de leitura.

A nossa presença

Mostar, Maio 2008
Uma família (turistas) na Mesquita Koshi Mehmed-Pasha
Foto MRF


Às vezes o gato fitava
com estranheza
o que de nós (um excesso)
se interpunha entre nós e o gato,
a nossa presença.

Manuel António Pina
in Poesia Reunida, Theo

Assírio & Alvim - 2001

9.6.08

À escuta #71

A - Mamã, na quarta-feira o Portugal volta a jogar! Acho que é com a checa pública!

À escuta #70

- Querida, a tia C. está grávida, ela está grávida!
S - E...?

(...)
- Já viste, ela vai ter um bebé!
S - E em que dia é que esse bebé foi feito?
- Não sei, há algumas semanas, mas o bebé vai demorar nove meses até estar pronto para nascer...
S - Isso é muito tempo! Coitada!

(...)
S - Gostava de ter estado lá.
- Lá onde, querida?
S - Quando a tia C. pôs a coisa no marido.
- Não, foi o marido que pôs a coisa na tia C., a semente.
S - Pois, isso!
- Mas tu sabes que isso não se vê...
S - Eu já vi..., às vezes dá na televisão.

À escuta #69

Parque Inovação - Oliveira do Bairro - 31 Maio '08

S - Não imaginava que era assim...
- Não imaginavas o quê?
S- Que as cabrinhas tinham as mamas tão ao pé do rabo!