Páginas

16.9.07

Aldeias e cidades (quase) invisíveis #2


Idanha-a-Velha foi a capital da civitas Igaeditanorum, que parece ter sido fundada por Augusto. Actualmente, é habitada por umas dezenas(?) de pessoas, que cozem o pão no forno comunitário (recentemente recuperado) ou fabricam adufes, para gáudio dos turistas que passam. Para além dos arqueólogos e desta população envelhecida, abandonada em toscas casas de pedra, vizinhos de uma Torre dos Templários em que encrustam fios de arame para secar a roupa, não se vê vivalma, apenas uma alma adormecida chamada História. Mas cruzamo-nos com Ela em todos os caminhos.

«A Sé, dos princípios do Cristianismo, com uma forte intervenção no período manuelino tem incorporado no lado Sul um Baptistério paleo-cristão (séculos VI/VII); muito próximo pode ver-se as ruínas do chamado Palácio dos Bispos. Junto às muralhas e próximo da Porta Sul, encontram-se fragmentos de ruínas romanas de uma habitação (séculos I-III) que se estendeu para limites exteriores à muralha...».



O Largo da Sé dá acesso ao Lagar de Varas, «edifício importante na arqueologia industrial, que testemunha o aproveitamento de recursos da comunidade e a sua capacidade de transformação dos produtos agrícolas da região. Este espaço, recuperado recentemente, apresenta no seu interior, uma primeira sala, com duas enormes varas de prensagem e uma caldeira; na sala contígua pode ver-se o depósito de azeitona e o espaço de moagem».


A Praça do Pelourinho marca o cruzamento de dois eixos estruturantes da aldeia, e nela se encontram elementos caracterizadores relevantes da sua importância cívica e religiosa: o Pelourinho, testemunho do (novo) foral instituido por D.Manuel I, em 1510, o Edifício dos Antigos Paços e a actual Igreja Matriz. Antiga Misericórdia, a Igreja Matriz apresenta estilo renascentista (século XVIII) com influências populares.
O património de Idanha-a-Velha é fruto da presença de inúmeros povos que aí se estabeleceram ao longo de vários séculos, romanos, visigodos, árabes. A cidade foi tomada por D. Afonso III, Rei de Leão, durante a reconquista, mas fazia já parte do Condado Portucalense aquando da fundação de Portugal. Mais tarde D. Afonso Henriques entregou-a aos Templários. D. Dinis incluiu-a na Ordem de Cristo.
Foram várias as tentativas de repovoamento mas o percurso histórico de desertificação parecia traçado. Hoje, Idanha-a-Velha, Monumento Nacional, surge renovada, mas só, (quase) invisível.


Agradeço à Liga dos Amigos da Freguesia de Idanha-a-Velha (LAFIV) que nos saciaram a fome, a sede e o saber, em frente à muralha, num dia de muito calor. Preparavam-se para o grande almoço anual que reune gente vinda de todo o país. Numas instalações improvisadas cedidas pela CM (novas, mas vazias: quem quer explorar um café ou restaurante em frente a uma das estações arqueológicas mais importantes do país?) homens e mulheres vestiram-se de cozinheiros, empregados de mesa e tesoureiros por um dia. Sairam-nos na rifa e gostamos do prémio. ;)



Para activar os photoshows, clicar na primeira tecla da esquerda. Fotos de MRF.


Links:
IPPAR
CM Idanha-a-Nova/freguesia Idanha-a-Velha
Geopark Naturtejo da Meseta Meridional

Arquivo:
As cidades invisíveis
Aldeias e cidades (quase) invisíveis #1 (Santa Comba da Vilariça)

Sem comentários:

Enviar um comentário