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25.7.07

I won't cry



Jamaica Rum


Sun Is Shining


No Woman No Cry




Dou notícias no regresso ;)

Sicko



Vi o último documentário de Michael Moore.

É XXL panfletário mas, tal como os seus trabalhos anteriores, é inteligente nas (múltiplas) abordagens. Um filme para americanos dos EUA___ e para todos aqueles que sintam curiosidade pelos fantasmas e preconceitos inculcados pela propaganda político-financeira da grande potência (verão que a "Medicina Socializada" é um must). Também aconselhável a europeus que ainda procuram argumentos para não nunca jamais nos tirarem o Serviço Nacional de Saúde (mesmo o português).

Depois das férias, volto ao Sicko.

24.7.07

cOLecTIva dE veRÃO V

A Herança


Compadre

Bem e Malmequer

Peso e Medidas (Díptico)


Elizabeth Leite

República e Laicidade

"...para além da questão mais relevante da necessidade de se garantir a independência do Estado face às Igrejas e demais comunidades religiosas, a Laicidade também defende a máxima liberdade de expressão e difusão de todas as opções filosóficas e ideológicas que não visem destruir as liberdades."




Confirma-se a notícia de que o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), com origem no movimento islamista, obteve maioria absoluta no Parlamento Turco. O principal partido da oposição pró-laica, o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), deverá obter cerca de 20% dos votos.

Mas não é apenas na Turquia que a questão da laicidade deve ser um motivo de luta política. Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer. Informem-se, adiram à
ARL. Leiam o Manifesto e os Estatutos da Associação e assumam a vossa posição. Espero que precisem desta ficha de adesão.

P.S.:

Repararam nos ajustes feitos no Music Hall ? Eu bem tento aumentar as visitas... :)

Bob-s

Não façam como eu que confundi Three Little Birds (Don't worry about a thing...) do Bob Marley com Don't Worry Be Happy, do Bob McFerrin...
Estou mal. Se não fosse o Joaquim... ;)


Gilberto Freyre

"Costuma dizer-se que a civilização e a sifilização andam juntas. O Brasil, entretanto, parece ter-se sifilizado antes de se haver civilizado. A contaminação da sífilis em massa ocorreria nas senzalas, mas não que o negro já viesse contaminado. Foram os senhores das casas-grandes que contaminaram as negras das senzalas. Por muito tempo dominou no Brasil a crença de que para um sifilítico não há melhor depurativo que uma negrinha virgem."

No dia 18 de Julho fez 20 anos que morreu Gilberto Freyre, sociólogo brasileiro que escreveu Casa-Grande & Senzala (Ed. Livros do Brasil). Este livro foi publicado em 1933 mas, nos anos 80, quando li a obra, ela ainda me pareceu revolucionária (e bela). Gilberto Freyre parte da estrutura habitacional (e arquitectónica) para nos introduzir na sociedade dos senhores e escravos do Brasil, desde o século XVI. E acaba defendendo o ideal da miscigenação.

É o criador do conceito de Luso-tropicalismo. Os processos portugueses de integração de povos autóctones e de culturas diferentes da europeia teriam gerado um complexo novo de civilização, o luso tropical, fundador da identidade cultural brasileira.

A minha paixão por Gilberto Freyre perdura, mesmo depois de todas as críticas de que foi alvo (precisamente a partir da década de 80). Mas ele sempre gerou crítica e reinvenção.

Se nunca leram, procurem o livro e deixem-no acompanhar os vossos banhos de sol. Recentemente, também fiquei com vontade de conhecer as Assombrações do Recife Velho.

Splash

O Teatro Regional da Serra do Montemuro nasceu em 1990 na pequena aldeia de Campo Benfeito, no alto da Serra do Montemuro.

Apresentação da Companhia: «forte aposta na criação de textos originais, inspirados no mundo à sua volta. As peças são concebidas num processo colectivo que une actores, escritores, encenadores, cenógrafos e compositores na criação destes espectáculos.
(...)
inspira-se na cultura popular, desde as máscaras de Lazarim até aos Santos Populares e do cinema mudo até ao fado, sem nunca criar espectáculos “fáceis” ou condescendentes.
É um teatro contemporâneo, com as suas raízes fortemente e assumidamente no meio rural e com a sua actividade em todo território nacional e cada vez mais no palco Europeu.
O texto tem uma função fundamental. Somos em primeiro lugar contadores de histórias. A linha narrativa é o esqueleto de todo o nosso trabalho.
(...)
Sendo uma companhia do meio rural somos por obrigação e por vocação uma companhia itinerante.»

Espectáculos em cena:
Qaribó
Mãos Grandes
O Amor
e
Splash____ a que pude assistir no Rossio, em Aveiro.


Existem momentos assim. Teatro ao ar livre. Um espaço cénico que se foi transformando, e era belo e mágico. Personagens divertidas, provocadoras. O público participativo. Só faltou a manta para pôr sobre as pernas e estávamos em nossa casa na rua, cúmplices nos jogos de palavras e de sentidos.
Nos últimos minutos houve um pequeno problema técnico e faltou a luz. Foi um bom pretexto para aplaudir mais, não fosse a escuridão esconder a gratidão por quem se dá assim aos outros.


Espaço necessário para apresentação:
Espaço cénico – Largura: 07m; profundidade: 07m; altura: 04m
Necessidade de acesso a corrente eléctrica trifásica
Espaço amplo (Jardim, praça, largos…)
Duração da Montagem: 04 horas
Duração da Desmontagem: 02 horas

O Teatro Regional da Serra do Montemuro transporta todo o material técnico (Luz e som) necessário à boa execução do espectáculo.
Disponibilidade para itinerância:
Entre 08 de Junho de 2007 e 12 de Agosto de 2007

20.7.07

Amanhã Demanhã Doce Norte

1. Quando andávamos na universidade, depois de beber uns copos a mais, eu e a minha amiga G. fazíamos muitas vezes um show musical com um alinhamento muito especial. Constava sempre uma canção das Doce, Amanhã Demanhã, que cantávamos com um acentuado sotaque do norte. "Feicha a puorta, apaga as luzis, bem deitar-te a moeu lado/Dá-me um bueijo e o meu deseijo vai ficar acuordado". Ela era de Braga, e as duas, nortenhas (mesmo sem ser de gema), não tínhamos nenhuma dificuldade em dar um tom muito natural à pronúncia. Junto dos lisboetas da Universidade Nova (que por acaso eram poucos) e do Bairro Alto tivémos algum sucesso.

2. Passados vinte anos, não queria acreditar quando comecei a ouvir as minhas filhas cantar esta canção. Esta e outras das Doce, tipo "Uma da manhã, Hei"! As letras não se adequam muito a meninas de 6/7 anos, certo? Mas não havia nada a fazer. A Docemania tinha chegado cá a casa! Surpresa: quando fizeram anos, receberam o CD!

3. Agora que elas estão de férias, há sempre um momento do dia em que Amanhã Demanhã ecoa pela casa. Como elas sabem que esta é "a música da mamã e da madrinha G.", até aumentam o volume!

4. Dei por mim no duche a inventar versões diferentes desta canção. É difícil expressar-vos a emoção da descoberta, mas esta letra dá para tudo! Comecei com um swing: "Fe-cha-a-por-ta apa-ga a luUuUuUuUz". A versão cabaret alemão também fica bem, mas como não posso dançar para vocês, não sei se consigo convencer-vos. Como modinha brasileira é um mimo: "Fêche a porta, apague a luz, vem deitarrr-te a meu ladu". Enfim, demorei um tempão no duche, o que é pouco ecológico, mas saí de lá com a alma lavada. E concluí que a melhor versão é a da balada à Jorge Palma, mesmo se o estilo Madredeus também não fica nada mal. Deixo-vos a letra, decidam.

Fecha a porta, apaga as luzes
Vem deitar-te a meu lado
Dá-me um beijo e o meu desejo
Vai ficar acordado

Vem amor, a noite é uma criança
E depois quem ama por gosto não cansa
Amanhã de manhã

REFRÃO: Vamos acordar e ficar a ouvir
A rádio no ar, a chuva a cair
Eu vou-te abraçar e prender-te então
No corpo que é teu, na cama, no chão
Os nossos lençóis e a colcha de lã
Eu vou-te abraçar amanhã de manhã

Fecha os olhos, esquece o tempo
Nesta noite sem fim
Abre os braços, acende um beijo
Fica dentro de mim

Vem amor, a noite é uma criança
E depois quem ama por gosto não cansa
Amanhã de manhã


5. Saiu o Norte, e eu gosto muito do Jorge Palma.

À escuta #45

A: As pedras ardem?
S: Achas? A madeira é que arde...
A: Se esta casa ardesse, o que é que não ficava queimado?
- As paredes, mas ficavam todas chamuscadas...
A: As minhas bonecas ardiam?
- Sim.
A: Os livros ardiam todos, não era?
- Sim.
A: As plantas ardiam?
- Morriam queimadas.
A: Mesmo que os bombeiros as regassem com mangueiras?
- Pois, se os bombeiros chegassem a tempo, poderia salvar-se muita coisa.
A: Eu fugia logo... E se as escadas também estivessem a arder?
- Não te preocupes, se tivermos cuidado, nunca vai haver um incêndio...
A: Mas, e se houver...?

(...)

A: Se a gente mudasse de casa, como é que levávamos os móveis grandes?
- Num camião...
A: Até a tua cama?
- Sim.
A: Os meus brinquedos todos?
- Sim.
A: Os cortinados também podiam ir?
- Sim.
A: E os candeeiros?
- Também.
A: As sanitas?
- Isso não, porque pertence à casa.
A: As portas?
- Também ficam.
A: O armário grande da sala?
- Também ia para o camião, ia tudo para o camião!
A: E há camiões assim tão grandes?
- Há.
A: E nós íamos lá dentro?
- Não, nós íamos de carro ou de avião, depende para onde mudássemos.
A: E tu davas a morada e o camião ia lá ter...
- Pois!
A: E se nos mudássemos para uma ilha?
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

19.7.07

Últimas leituras II



Lauro António, fiz rodar a corrente há alguns dias atrás, aqui. Mas que a roda continue a girar...

Já agora, fiquem a saber o que andaram a ler alguns dos bloggers que nomeei:

Carlos Araújo Alves (Ideias Soltas)
Octávio Lima nos comentários (Ondas3)
Windtalker (Cabo dos Ventos)


... e espreitem O que cai dos dias! «atravessando as palavras há restos de luz».


17.7.07

Elegy


Quando este universo e este se unem no cinema, temos um filme que eu não vou querer perder.

Ted Lyons & His Cubs at the Silver Jubilee

Quem descobriu a pérola foi o grande Bino. Diz ele, e com razão, que o genérico de abertura do "Diz que é uma espécie de Magazine" teria ficado com mais pinta se baseado nesta cena genial...


Gumnaam(1965) - Directed by Raja Nawathe. Jaan Pehechaan Ho - Composed by Mohammed Rafi. According to its overenthusiastic trailer, Gumnaam (means "lost one") was "India's first suspense thriller". One of its musical numbers was used as the opening credits of the well-regarded indie film Ghost World.

16.7.07

Intercalares


Dos 196 mil eleitores (37.39% dos inscritos), 57907 (29.54%) votaram em António Costa. O PS venceu as eleições: nas 53 freguesias do concelho; sem coligações; sem maioria absoluta; com dispersão de votos à esquerda: Helena Roseta (10.21%), Ruben de Carvalho (9.3% para PCP-PEV) e Sá Fernandes (6.81% para o BE). São 6+2+2+1 mandatos.
Carmona Rodrigues e o PSD de Fernando Negrão/Marques Mendes conseguiram 3+3 mandatos. Surpreendente o posicionamento do ex-autarca e candidato independente (obteve 16.70% dos votos, ou seja, 32734 eleitores continuariam a confiar na sua liderança). Surpreendente, se este país não fosse o mesmo das gentes que votaram nas actuais presidências das Câmaras de Oeiras, Gondomar, Felgueiras, ou, durante anos, em Marco de Canavezes, Celorico da Beira, Ponta do Sol (Madeira) e... Enfim, deixemos para outro dia a discussão iniciada por Alexandre Herculano e Júlio Dinis (o primeiro defendia a criação de uma organização social baseada nos municípios, tais eram as virtualidades que neles encontrava; Júlio Dinis descrevia as autarquias como o reino dos caciques). Certo é que os resultados de Carmona Rodrigues tiram qualquer sentido ao discurso de Fernando Negrão. Desculpe, mas o eleitorado não "entendeu que o PSD devia ser castigado". O eleitorado apenas não apreciou o candidato proposto pelo líder social-democrata.
Confesso que gostei da nova primeira derrota do CDS de Paulo Portas (os ciclos de liderança do CDS-PP são como marés que não se renovam!). Portas iniciou o seu discurso de ocasião prometendo não falar em politiquês (palavra sua) mas, talvez para o caso de alguém desconhecer ainda o seu estilo, não fez mais do que exercitar essa linguagem. e, no entanto, o português simples bastava: o CDS-PP foi corrido da Câmara.
Manuel Monteiro é que não vai ficar a rir. É preocupante: o PND obteve menos votos (0.61%) do que o PNR (0.77%). São exactamente 1501 os simpatizantes lisboetas do Partido Nacional Renovador, com mais de 18 anos e suficientemente habilitados para se recensear numa Junta de Freguesia de forma a exercer o seu direito de voto.
Uma coisa é certa: o nível de abstenção nestas eleições autárquicas, em dia de céu nublado, confirmam a ineficácia (e morte) do discurso político actual. Não se trata de eliminar as questões e questiúnculas do quotidiano, porque elas são importantes. nem de fazer regressar à política o debate ideológico puro. Também não se trata de fazer de conta que a televisão não existe e que ela não tem a sua quota de responsabilidade neste movimento de sedução e enterro do povo na mediocridade. Trata-se de apostar na inteligência e na construção de uma visão da sociedade que esteja para além das medidas pontuais, populares e oportunistas. O nível da abstenção traduz apenas (tanto) essa ausência de visão, essa ausência de ideias grandes, amplas, sobre o nosso destino comum e as nossas aspirações, como habitantes de uma cidade-país-mundo. Hoje, esse discurso não existe, foi abandonado e é associado à esfera privada. Hoje, esse discurso de conteúdo (estudem a forma, marketeers da política) é preciso, pá.


Foto de Jean-Sébastien Monzani

13.7.07

Bons exemplos

Fundação António Prates
(antiga fábrica de moagem e descasque de arroz)
Ponte de Sor

«Este espaço de acção cultural, situado no centro da cidade alentejana, foi totalmente remodelado pela autarquia local.

Do espólio da fundação fazem parte três mil obras originais (entre aguarelas, desenhos, pinturas e esculturas) e cinco mil múltiplos, em que se incluem gravuras, litografias, fotografias e serigrafias. Representados na fundação vão estar artistas plásticos portugueses e estrangeiros como, entre outros, Alberto Reguera, Álvaro Lapa, José Pedro Croft, Julião Sarmento, Júlio Pomar e Júlio Resende.

No património que detém, António Prates conta com uma colecção de manuscritos relacionados com artistas portugueses que permaneceram em Paris nos anos 60, principalmente surrealistas e do grupo KWY, tal como possui a primeira colecção de arte postal dos anos 60: "Vai ser uma doação que vou fazer", revela ao DN o coleccionador.(...)
Além de possuir este vasto espólio, António Prates continua a desenvolver contactos para angariar ofertas de trabalhos, contando, por exemplo, com a promessa do artista de pop art Peter Klasen, que doará uma instalação escultórica para a entrada do edifício.»

Ler mais
aqui.

Outros casos de descentralização de museus de arte contemporânea:
Museu de Arte Contemporânea de Elvas (Colecção António Cachola)
Ellipse Foundation (Alcoitão, Cascais)

Cá em Aveiro, continuamos à espera do Projecto Avenida de Arte Contemporânea...

Censura


InApto é o blog de um jornalista de Viseu, A. Pinto Correia. Por contestar a actual direcção do Museu Grão Vasco no jornal Voz das Beiras, foi notificado pela PJ e interrogado sobre os artigos que escreveu. Agora a "perseguição" estende-se ao blog que criou e, pasme-se, aos comentadores desse blog.

«(...) Enquanto jornalista, assinei alguns artigos sobre aquilo que considerei e continuo a considerar um péssimo serviço prestado às gentes de Viseu pela actual directora do Museu Grão Vasco que em lugar de mostrar com o seu trabalho que estávamos enganados, preferiu recorrer aos tribunais, numa atitude óbvia de intolerância.
(...)
Fui, por causa desses artigos que assinei e aos quais não retiro uma vírgula, notificado para comparecer na Polícia Judiciária e interrogado sobre o que escrevi. – Acrescento que me recusei a prestar declarações –
Após duas citações e duas comparências e quando julguei que o MP já tinha matéria suficiente para me queimar num auto de fé, eis que recebo uma terceira notificação para esclarecer – pasme-se! – sobre quem havia comentado neste blog e sobre alguns textos que aqui publiquei. (Ao tempo o blog tinha os comentários abertos. Refiro ainda que curiosamente todos esses comentários e textos desapareceram dos arquivos e que não fui eu a fazê-lo)
(...)
O MP insatisfeito com o trabalho da PJ e certamente pressionado pelos poderes que se movem na sombra resolveu que eu saberia os nomes dos autores de comentários nada favoráveis à Dr.ª Ana Paula Abrantes...
»


Foto de Jean-Sébastien Monzani, Série Noire, Undercover

12.7.07

A tradição como aventura


As headlines do Público de hoje:

«Três em cada quatro alunos do 9º ano tiveram negativa a Matemática»
«Estado gasta até 2012 mais 425 milhões em obras para evitar ruptura da Linha do Norte»
«Juntas médicas rejeitaram aposentação a outras duas professoras com cancro»
«Comissão Nacional de Eleições recomenda neutralidade e imparcialidade à RTP»
«Desvios de dinheiro na PJ também aconteceram na secção de roubo»

e, é verdade, também:
«Tribunal autoriza militares a participarem em vigília de protesto» (Viva a democracia!)

Foi então que me lembrei disto:


Pormenores de um Painel de Ernesto de Sousa
A Tradição como Aventura, 1978
Fotografias a preto e branco
Colecção Berardo, CCB

11.7.07

À escuta #44

No passado dia 1, a Abraço terminou as comemorações do seu 15º aniversário no Castelo de São Jorge.

A ocasião serviu para conversar com as minhas filhas sobre a SIDA e para elas tomarem conhecimento da existência de preservativos (as t-shirts com um desenho foram muito úteis). A verdade é que fui um pouco vaga nas minhas explicações (sempre o medo de me adiantar à curiosidade delas). Deixei que fossem elas a fazer as perguntas..., até que a A. ficou muito séria e me disse: "mas eu já tive imensos namorados!". E então lá voltámos aos factos da vida.

Comprei-lhes uma t-shirt da Abraço. Guerreiam para andar com ela. Ontem ouvi a A. dizer a uma amiga: "Quando fores grande, dizes ao teu namorado para usar presentativos".

À escuta #43



- Mamã, estas casas de banho são para suficientes.

Estatísticas

O INE disponibiliza no seu portal uma área dedicada à Presidência Portuguesa da União Europeia. Este site terá disponível informação e documentação relativa aos dossiers legislativos em discussão no Grupo de Trabalho do Conselho sobre Estatísticas.
No período "presidencial", e já a 20 de Julho, sairá também o relatório sobre "Portugal - 20 anos de integração europeia", que espero poder vir a consultar on line.

P.S.: Talvez já conheçam, foi inaugurado a 1 de Junho, mas fica aqui o link para o portal oficial da Presidência Portuguesa, Portugal 2007.

10.7.07

À escuta #42

S: Imagina que um ladrão entra numa casa e lá mora outro ladrão... O que é que acontece? Ficam muito amigos!
(...)
S: Imagina uma mulher má que está a ver televisão e alguém começa a mexer na porta. Ela vai ver quem é e é um ladrão. Abre-lhe a porta e apaixonam-se. Pode acontecer, não pode?

[S. antes de adormecer, disposta a fazer tudo para a irmã não parar de rir. Só ouço a A. às gargalhadas e a exclamar «Essa é boa!»]

A: Imagina dois irmãos que não sabem que são irmãos. Encontram-se e apaixonam-se um pelo outro e casam. E os dois compram vestidos brancos muito compridos...
S: Devia ser um irmão e uma irmã...
A: Não, tem que ser dois rapazes para ser divertido usarem vestidos...

- Mas os irmãos não podem casar entre si...

A: Eu sei, se pudessem a história não era maluca... Ó mamã, vai embora!


[A. inspira-se e dispõe-se a ter ainda mais piada que a irmã, de forma que nenhuma adormece...]

9.7.07

Ceci n'est pas un Magritte*

l'art de pure imitation sera toujours très loin du vrai : l'œuvre ne peut être aussi belle que la chose réelle, elle est d'un autre ordre. l’art a toujours eu affaire avec le jeu. il y aura toujours des peintres. l'art est (toujours !)dans la rue. l'art d'avoir toujours raison.


pourquoi les démons ont toujours une sale gueule en peinture? l'art d'être toujours content. l’art de toujours tout remettre au lendemain. l'art d'ignorer toujours les pauvres.
l'art toujours. même en début de semmaine.


* não sei de quem é este quadro que vi no CCB

Senta-te ao colo


Fatyly, que me dizes coisas destas, senta-te também no colo dele, e escuta:


«Escolhi a teoria anarquista - a teoria extrema como V. muito bem diz - pelas razões que lhe vou dizer em duas palavras.

Fitou um momento coisa nenhuma. Depois voltou-se para mim.

- O mal verdadeiro, o único mal, são as convenções e as ficções sociais, que se sobrepõem às realidades naturais - em tudo, desde família ao dinheiro, desde a religião ao estado. A gente nasce homem ou mulher - quero dizer, nasce para ser, em adulto, homem ou mulher; não nasce, em boa justiça natural, para ser marido, nem para ser rico ou pobre, como também não nasce para ser católico ou protestante, ou português ou inglês. É todas estas coisas em virtude das ficções sociais. Ora essas ficções sociais são más porquê? Porque são ficções, porque não são naturais. Tão mau é o dinheiro como o estado, a constituição da família como as religiões. Se houvesse outras, que não fossem estas, seriam igualmente más, porque também seriam ficções, porque também se sobreporiam e estorvariam as realidades naturais. (...) Empregar todo o nosso desejo, todo o nosso esforço, toda a nossa inteligência para implantar, ou contribuir para implantar, uma ficção social em vez de outra, é um absurdo, quando não seja mesmo um crime, porque é fazer uma perturbação social com o fim expresso de deixar tudo na mesma. (...)

Porque isso de destruir as ficções sociais tanto pode ser para criar liberdade, ou preparar o caminho da liberdade, como para estabelecer outras ficções sociais diferentes (...). Aqui é que era preciso cuidado.»


in Fernando Pessoa, O Banqueiro Anarquista
Ed. Ulmeiro, 1994, pp 14, 23

Se houvesse uma canção brasileira...



...que se pudesse transformar num fado e unisse os dois lados do Atlântico, ela seria Fascinação, segundo Mariza e Jacques Morelenbaum. e os dois músicos pegaram nessa canção e convenceram-nos.

Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E no teu olhar
Tonto de emoção
Com sofreguidão
Mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria, entontece
És fascinação, amor
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E no teu olhar
Tonto de emoção
Com sofreguidão
Mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria, entontece
És fascinação, amor

(M.Feraudy - Marchetti)




[recordar a versão inesquecível dela, que eu sei que já estão a trautear]

7.7.07

Há uma música do povo



Há uma música do povo,
Nem sei dizer se é um fado
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado...
Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser...
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver...

E ouço-a embalado e sozinho...
É isso mesmo que eu quis ...
Perdi a fé e o caminho...
Quem não fui é que é feliz.

Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção ...
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração ...

Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido...
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!


Poema de Fernando Pessoa


Agora ouçam e chorem...

Fruir IV

«Assim como o Sèche-Boteilles de Duchamp deixa de ser um verdadeiro escorredor de garrafas funcional (para se tornar, não um objecto artístico, mas outra coisa, uma coisa híbrida), também as latas de conserva Campbell deixam de o ser, quando utilizadas por Warhol» (José Gil)
Sèche-Boteilles de Marcel Duchamp
Andy Warhol Judy Garland
Mel Ramos Virnaburger
Robert Cottingham Dr. Gibson

Emilio Tadini Viaggo in Italia Michelangelo Pistoleto Due ragazze alla fonte

Roy Lichtenstein
John de Andrea Arden Anderson and Norma Murphy
Martial Raysse Paysage champêtre en quinze tons

«A tendência Pop assume uma dimensão internacional desde o início da década de 1960, e que continua até 1970. É possível observar ligações evidentes com os Novos Realistas franceses, especialmente Martial Raysse.» (Pop & Cª)

Colecção Berardo, CCB
30 Junho'07
Fotos (de detalhes) de MRF

Há uma semana, o reencontro com o critério (cronológico) e muitas obras já vistas no Museu de Sintra, e um pouco mais. de espaço. de ambição. de fruição. Guardar cor, formas, luz, conceitos. Esquecer a política.

Façam a visita pela manhã. Evitam filas de espera. Ganham sossego e mais ar para respirar o que os olhos vêem.

Portugal na Presidência

Eduardo Graça escreve sobre Portugal na Presidência da UE e faz uma viagem à fundação da nacionalidade. Aqui, apenas alguns extractos; no Semanário Económico, o artigo na íntegra.

«Além da geografia também a história coloca Portugal na Europa. O pai de Afonso Henriques, o conde D. Henrique, era francês, neto de Roberto II, Rei de França. A mãe, D. Teresa, era filha bastarda de Afonso VI, Rei de Leão e Castela. O fundador de Portugal era, pois, descendente de estrangeiros, ou seja, filho de imigrantes europeus ilustres. (...)
Nos dias de hoje, por mais imaginação que possamos colocar na tarefa de fazer crescer Portugal, não há volta a dar: Portugal somente pode crescer, em riqueza e bem-estar, quer pela geografia, quer pela história, no seio da Europa, na qual conquistou um lugar privilegiado, partilhando os destinos da União Europeia com as maiores nações do velho continente.»

6.7.07

Chegou a hora!


Tem uma Gilda que faz o diário de bordo das viagens do/com Gilberto Gil:

«Minha gente,

depois de um atraso de 2 horas para sairmos do Rio, chegamos sãos e salvos a nossa terrinha. Primeiro ao Aeroporto do Porto (Sá Carneiro) e de lá, de carro até aqui, nosso primeiro pouso, Aveiro (1 hora de carro).

O Aeroporto do Porto tem uma curiosidade que nunca vi em nenhum outro aeroporto do mundo: nos corredores por onde se desembarca, tem escrito no chão nomes de cidades (vi Rio de Janeiro, Caracas e Nova York) com um pequeno texto de algum escritor famoso referente a tal cidade.

Outra coisa bem portuguesa: os Aeroportos de Portugal possuem uma sigla ANA e eu uma vez chamei uma funcionária que nos acompanhava pra retirarmos a bagagem de Ana pois vi na blusa dela um broche com essas letras. E ela me disse que se chamava Manuela e que Ana queria dizer Aeroporto de Navegação Aérea. Inacreditável, pois Aeroporto já quer dizer todo o resto.

Deixei Gil no Hotel (simples e confortável) e saí com a banda e equipe mais a dupla Crocas + Daniela que, se Deus quiser, farão a minha iniciação ao mundo virtual!!! Compramos um drive para que eu possa baixar as fotos da minha máquina fotográfica e tb uma câmera, pois assim poderei escrever e vocês verão minha carinha fofa!!!

Almoçamos na Universidade daqui que é grande e parece muito boa. Já falei tb por telefone com Ana Maria, minha prima que mora aqui há anos, casada com um português (ela é filha de tio Ewald, irmão mais novo de minha mãe) e tem 4 filhas. Um dos rapazes da produção local, Nuno, é amigo de uma delas, Melina que é engenheira e trabalha com reciclagem e conservação do meio ambiente.

Agora são 18.30 hs e está bem fresquinho. Vou chamar Gil pois vamos ensaiar com Marisa, fadista jovem daqui com a orquestra de cordas da Beira sob a regência de nosso querido Jaques Morelenbaum. Esse show em Aveiro é o único da turnê que não é o Banda Larga....»


Pois é minha gente, mais logo, Gilberto, Mariza (com "z", Gilda), a Orquestra Filarmonia das Beiras e o maestro Jacques Morelenbaum vão actuar no Estádio do Beira-Mar para um primeiro grande concerto nesse espaço maravilhoso que tem lotação para 30000 pessoas e que nunca encheu, mas que o município vai pagar nos próximos dez anos, esquecendo outros projectos, é claro, mas o estádio é grandioso, como foi o revés eleitoral nas últimas autárquicas, em que Alberto Souto (PS) perdeu a Câmara para uma coligação PSD-CDS, glups, dirão que foi merecido, pois até seria se a nova presidência não fosse pior que o Beira-Mar, o clube em que ninguém se entende e que acaba de baixar de divisão, mas isso também não interessa nada, e Deus escreve certo por linhas tortas, vamos ter concerto e que concerto! Já o des-conserto no município, grande, grande, é que não sei como é que vai acabar em coisa certa! Mesmo se grandes concertos possam garantir mais uns votos...

II Festival Voz de Mulher

Nos dias 5, 6, 7 e 8 de Julho. Uma co-produção do grupo feminino Segue-me à capela e do Teatro Aveirense. Cantoras que usem a voz como forma principal da sua expressão artística. Mulheres que tenham desenvolvido investigação ou experimentação em torno da voz. O Festival reune uma série de actividades para além dos espectáculos, nomeadamente workshops. O ano passado pude ouver Meredith Monk (workshop incluído). Este ano foi a vez de conhecer a espanhola Fátima Miranda (visitem o site para escutarem a voz e perceberem o universo original desta artista). Um concerto-perfomance para voz-solo, «Diapasión». aqui sem som que o Nero Express (photoshow) não deixou.



Amanhã, às 17h, há colóquio com Fátima Miranda. Vejam aqui toda a programação.

5.7.07

UE, mini-tratado, Governo português, exonerações, censura, e um poema mesmo a propósito

O primeiro astronauta


O primeiro astronauta
devia ter sido
Silvestre José Nhamposse.

Só ele
teria sacudido os pés
à entrada da Lua

Só ele
teria pedido
com suave delicadeza:
-dá licença?



Mia Couto
Raiz de Orvalho e Outros Poemas
Editorial Caminho
p.82

Últimas leituras

Filipe Tourais, desculpa o atraso, mas a engomar sou mesmo lenta...

Os últimos cinco livros que li foram:

- Extensão do domínio da luta, de
Michel Houellebecq
- O sol dos Scorta, de
Laurent Gaudé
- Teoria Estética, de
Theodor Adorno
- As casas pressentidas, de
Luís Serrano (poesia)
- Sexo feminino, meu ser, de
Nhári Viana (poesia)

Ando a ler:
- Uma História de amor e Trevas, de
Amos Oz


InApto, Carlos Araújo Alves, Windtalker, Octávio Lima, non-blogger Pirata Vermelho, perdoem a curiosidade, mas o que andaram vocês a ler nos últimos tempos?

Fruir III



George Segal
Flesh nude behind brown door, 1978
Gesso pintado Madeira e metal pintado
244 x 152,5 x 102 cm


A. no CCB
"Não tocar" é uma frase odiosa.
Fotos MRF

3.7.07

Fruir II





Pablo Picasso

Femme dans un fauteil (Métamorphose), 1929
Óleo sobre tela 91.5 x 72.5 cm
Cedido por Musée National Picasso, Paris

Femme dans un fauteil rouge, 1929
Óleo sobre tela 64.5 x 54 cm
Colecção Berardo




Métamorphose: um ponto de exclamação com um sinal de divisão em cima. ou um peixe que se põe de pé, como no circo os cães e os ursos. ele está sobre a cauda, ao espelho.
Femme dans un fauteil rouge: um escudeiro. um foguetão. um monstro. o Picasso devia ter uma mulher feia e má. ou ele lembrou-se de alguém horrível que passou na rua. que há pessoas horríveis. mas geralmente são homens.

(Acho que PP não levaria a mal as considerações da S.. Leio no dépliant: «A agressividade das cores, a tensão pictorial, transformaram-se com Picasso numa violência expressiva, reveladores de sentimentos ambíguos do artista face às mulheres. O período 1927-1929 é dominado por essa imagem perturbadora, enigmática, da mulher que aparece muitas vezes como um monstro ameaçador. Estas visões serão possivelmente alusão aos conflitos conjugais entre Pablo Picasso e Olga Kokhlova, bailarina dos Ballets Russes com quem casou em 1918.»)



30 Junho '07
S. no CCB
Fotos de S. e de MRF