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31.1.06

Alcochete


. Propriedade do Estado - Campo de tiro militar com pouco ou nenhum uso
. 5 vezes maior que o necessário para o projecto apresentado
. Sem custos de aquisição

1. ZONA DESABITADA, PLANA E DESOBSTRUÍDA

2. SOLO ‘PRONTO’ A ACEITAR DUAS PISTAS

3. SEM CORRECÇÃO OROGRÁFICA

4. DISTANTE 30km DE LISBOA

5. VARIANTE SIMPLES DE 10km À A12

6. RENTABILIZA A DEFICITÁRIA PONTE VASCO DA GAMA E BENEFICIA DO ACESSO RÁPIDO A LISBOA

OTA


. Parte propriedade do Estado - Ex-Base Aérea 2
. Terrenos adjacentes privados

1. ZONA HABITADA, PANTANOSA E CERCADA DE RELEVOS (Serra Montejunto e colinas próximas)
2. SOLO EXIGE COMPLEXA PREPARAÇÃO

3. EXIGE O ARRASAMENTO DE COLINAS, O ENCHIMENTO DE ZONA ALAGADIÇA E O DESVIO DE DOIS CURSOS DE ÁGUA

4. DISTANTE 45km DE LISBOA

5. DIFÍCIL ACESSO A LISBOA EM MANHÃS DE 2ª FEIRA, REGRESSO DE FDS, ETC

6. DEMORAS POR CONHECIDA ELEVADA SINISTRALIDADE NA A1 ENTRE LISBOA E O Km 40

30.1.06

Ota. localização


Para saber onde pretendem instalar o novo aeroporto de Portugal-Lisboa, na sua próxima passagem pela A1:

1 - se for para norte olhe para a esquerda e em frente, a partir do km 35 (Vale do Rio Ota) - é ali, naquela baixa polvilhada de morros e povoações e com a Serra de Montejunto ao fundo;

2 - se vier para Sul, comece a olhar para a direita e para trás um pouco depois da Área de Serviço de Aveiras ou, melhor, a partir do km 40 - lá está a mesma baixa alagável, no meio dos morros que se encostam à A1. Não foi por acaso ou leviandade que a Força Aérea deixou de voar a partir daquele buraco!


PS: a ausência de comentários no post anterior significa concordância com a decisão do governo?

Ota versus Alcochete

Alex Flemming


A decisão já foi tomada mas continua a ser difícil compreender. Os dados seguintes foram-me enviados por um piloto. Se alguém conseguir contra-argumentar de forma objectiva, eu vou agradecer.

Os Aeroportos costumavam ser vistos em altiplanos!
Eventualmente, em planícies...

Ora, em Portugal querem pôr o Aeroporto Internacional de Lisboa encravado num buraco alagável, cercado de morros e serranias e numa zona de nevoeiros frequentes e persistentes. Em Novembro passado estamparam-se 80 e tal carros em cadeia naquela zona, um dos troços de mais elevada sinistralidade da A1!
Eis a ‘qualidade’ do local e do acesso à Ota.

De 20 aeroportos que servem grandes cidades europeias, apenas 3 estão a mais de 40km do centro urbano - Oslo, Gatwick e Estocolmo, todos com bons acessos. Serão 4 se contarmos com a Ota, a 50km de Lisboa, pela A1 e à custa de inúmeras e dispendiosas obras para lá chegar – pontes, viadutos, desvios, aterros, desaterros, etc.

E a ex-Base Aérea e outras edificações que têm que ser demolidas e removidas?
E as povoações próximas e adjacentes?
E os pinhais e quintas e casais que terão que desaparecer?
E as vinhas?
E as vistas?
Trata-se de uma zona povoada e activa! Como iria ser reconfigurada?
Não há, na Ota, nem a fraca ocupação demográfica nem as vantagens da vastidão plana e desobstruída que se encontram em Alcochete e quem lá mora não quer aeroporto nenhum ali! E quem lá não mora também não, porque é longe e fora de mão!

IMPLANTE-SE O PROJECTO ANUNCIADO NO CAMPO DE TIRO DE ALCOCHETE QUE POUCO OU NENHUM USO TEM.

SÃO VANTAGENS
1. está a menos de 30km de Lisboa
2. tem acesso ágil pela A12 e Ponte Vasco da Gama
3. é propriedade do Estado Português e vai ocupar 20% (1700ha) da área disponível (7500ha)
4. é uma zona sem localidades próximas, seca, plana, desobstruída, sem custos adicionais de preparação e sem qualquer outro impedimento oneroso

SERIA INCONVENIENTE
1. ser muito menos rentável para quem constrói ou manda construir?
2. ser menos susceptível de ‘permitir’ atrasos e derrapagens orçamentais (ie. ganhos acrescidos para investidores e construtores)?
3. impedir o desvio de capitais para investidores-especuladores, prejudicando as intenções de João Cravinho que, em 1982, ‘inventou’ a Ota?
4. poder dispor do dinheiro poupado e, simplesmente, utilizá-lo na renovação de serviços ou no desenvolvimento de outros projectos de mais claro benefício público?

Distância em Km até ao Centro das cidades



Aeroportos de:


Moscovo, 34
Atenas, 33
Belfast, 30
Roma, 26
London 24
Paris Roissy, 23
Praga, 20
Helsinquia, 18
Viena, 15
Amsterdão, 15
Paris Orly, 14
Madrid, 13
Glasgow, 13
Frankfurt 12
Zurique 12
Ota, 50


Tirei esta foto no Verão. Que prazer colocá-la aqui hoje! (eheheheh)

28.1.06

Julio Cortázar

Thomas Huber


Aplastamiento de las gotas





Yo no sé, mira, es terrible cómo llueve. Llueve todo el tiempo, afuera tupido y gris, aquí contra el balcón con goterones cuajados y duros, que hacen plaf y se aplastan como bofetadas uno detrás de otro, qué hastío. Ahora aparece una gotita en lo alto del marco de la ventana; se queda temblequeando contra el cielo que la triza en mil brillos apagados, va creciendo y se tambalea, ya va a caer y no se cae, todavía no se cae. Está prendida con todas las uñas, no quiere caerse y se la ve que se agarra con los dientes, mientras le crece la barriga; ya es una gotaza que cuelga majestuosa, y de pronto zup, ahí va, plaf, deshecha, nada, una viscosidad en el mármol.

Pero las hay que se suicidan y se entregan enseguida, brotan en el marco y ahí mismo se tiran; me parece ver la vibración del salto, sus piernitas desprendiéndose y el grito que las emborracha en esa nada del caer y aniquilarse. Tristes gotas, redondas inocentes gotas. Adiós gotas. Adiós.

27.1.06

Porque é que o Hamas ganhou as eleições

Agora que o Hamas ganhou as eleições, o mundo, ainda em estado de choque, começa a perceber que afinal era previsível, ou muito provável que o povo palestino fizesse essa escolha. E inventariam-se várias razões de natureza histórica, sociológica e politica. Eu sigo o mesmo caminho. Veja-se a caracterização demográfica da população palestina segundo dados do Centro de Estatística da Palestina (Março 2004):

Existem cerca de 10 milhões de palestinos no mundo.
  • 3,7 milhões vivem nos territórios ocupados em 1967: 2,3 milhões na Cisjordânia e 1.4 milhões em Gaza;
  • 1 milhão vive nos territórios ocupados em 1948;
  • cerca de 4,8 milhões estão radicados em países árabes (2,8 milhões na Jordânia, 436 mil na Síria, 415 mil no Líbano, 62 mil no Egipto, mais de 500 mil noutros países);
  • cerca de meio milhão de palestinos vive em países "estrangeiros" e nos EUA.
Dados estatísticos até 2003 revelam que cerca de 42.6% dos palestinos da Cisjordânia e Gaza são refugiados.

A população palestina é jovem. Nos territórios históricamente palestinos (e também no seio da população residente em países árabes) as taxas de natalidade são elevadas (assim como os índices de mortalidade infantil). Cerca de 40% da população tem idade inferior ou igual a 15 anos. Os indivíduos com mais de 65 anos não chegam aos 4% da população.

Segundo estimativas do mesmo Centro Estatístico para estes territórios, as populações árabe e judia atingiriam os 5,1 e 5,3 milhões, respectivamente, no ano de 2005, devendo igualar-se em número em 2006.

Alguns destes dados falam por si. Juntem-lhe outros:
- na Faixa de Gaza, em 2005, 63.7% da população é urbana, 5.1% é rural e 31.2% vive em acampamentos;
- na Faixa de Gaza, em 2005, o desemprego atinge os 34%;
- de acordo com estudos demográficos realizados em 2003, a percentagem de famílias necessitadas de habitação na próxima década será de 91,1 %, sendo a percentagem de famílias que não teria meios para construir habitação própria nesse mesmo período de 70,15%.
- existirão cerca de 9,200 prisioneiros nas prisões israelitas (fonte: OLP, Jan. 2006).



Quando era estudante descobri Max Weber e, tantos anos depois, ainda o releio muito. No seu A Política como Vocação, ele escrevia: Uma nação pode perdoar o dano feito aos seus interesses, mas nunca o que foi causado à sua honra e, menos que qualquer outro, o que lhe é infligido por esse vício clerical de querer ter sempre razão.

Que não se deduza destas palavras que subscrevo a lei de resistir ao mal pela força. Mas esta foi a ética legitimada nestas eleições na Palestina. Os milhares de jovens (e não só) aí residentes interiorizaram uma certa ideia de resistir ao mal pela força, convencidos de que, de contrário, seriam responsáveis pelo seu triunfo. Repito: e agora?

Leiam mais: aqui, aqui e aqui.

250 anos

Wolfgang Amadeus Mozart nasceu no dia 27 de janeiro de 1756. O Music Hall enche-se com a Sinfonia n° 40. Aqui, o primeiro movimento, Molto Allegro.

A História dos clãs Saud e Bush


Craig Unger é autor do livro House of Bush, House of Saud, foi sub-editor do New York Observer e editor-chefe da revista Boston Magazine, é consultor da CNN sobre a indústria do petróleo e as relações entre Arábia Saudita e Estados Unidos. Gustavo Barreto (Fazendo Media) baseou-se no livro de Craig Hunter para escrever este artigo.

(...) o clã Saud, que controla a Arábia Saudita há décadas e possui as maiores reservas de petróleo do mundo. Mantém o poder em aliança com o fundamentalismo wahabita, "seita muçulmana ruidosa e puritana que constituía campo fértil para a criação de uma rede global de terroristas ansiosos por uma jihad violenta contra os Estados Unidos", conforme descreve Craig Unger. As relações com a "terra da liberdade" continuavam, no entanto, conforme O Corão prega: "Não perguntes sobre aquilo que, se te for explicado, poderá trazer-te problemas".
A família bin Laden (ou "Binladin"), igualmente, possuía laços tão estreitos com o status quo norte-americano que até mesmo os mais fervorosos críticos da Casa Branca acabam por se impressionar. A robusta construtora Saudi Binladin Group (SBG) fazia operações bancárias com o Citigroup e investia em grandes corretoras como Goldman Sachs e Merril Lynch. A lista de parceiros inclui Disney, Hard Rock Café, Snapple e Porsche. Em meados da década de 90, continua Unger, uniram-se a vários membros do clã dos Saud e se associaram ao ex-secretário de Estado James Baker e ao ex-presidente George H. W. Bush, o Bush pai, para investir no Carlyle Group, enorme empresa privada de investimentos com sede em Washington. Com tanta intimidade, é de se estranhar que a operação não tenha sido mais rápida e eficiente.
Enquanto isso, jornais supostamente "críticos" dos Estados Unidos, como o New York Times, repercutem a ideia de que os serviços de inteligência "falharam" em prevenir os atentados do 11 de setembro.

26.1.06

E agora?

O movimento islâmico Hamas conquistou 76 dos 132 assentos do Parlamento palestiniano, contra os 43 garantidos pelo Fatah. O anúncio foi feito hoje pela Comissão Central de Eleições.

Confesso que estou paralisada de surpresa. Decididamente, conhecemos mal o mundo!
E agora?

Mistérios de Fátima

Como boa portuguesa, decidi visitar o Santuário. Descobri coisas fantásticas. Antes de mais, existe a Voz da Fátima (e não de Fátima)!? Para minha surpresa, fiquei também a saber que mais de cem mil pessoas já viram as jóias que ao longo dos anos têm sido oferecidas a Nossa Senhora de Fátima. A Exposição Luz e Paz deve ser de fazer inveja até a Elisabeth Taylor ! Que uso pode uma imagem numa nuvem dar a colares, brincos e anéis? Enfim, sabemos que isso não tem nenhuma importância. O que não percebo é como o Santuário ainda não lançou uma linha de perfumes, Allure de Fátima, Nuage d'Ourém, Trésor de Lucia !

Entretanto, as relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus visitaram Fátima. Eu pude vê-las em Aveiro e retive as palavras (inteligentes) do Bispo de Aveiro: deixem-se provocar!

Pequeno classificado: Jovem, se queres abraçar uma profissão de futuro, concorre ao Curso de acolhedores do Santuário!

Janelas famosas


RTP1, SIC e TVI fizeram a cobertura especial da noite eleitoral. Desta vez, a RTP1 foi o canal com maior audiência (nas Presidenciais de 2001, tinha sido a TVI). Rui Monteiro Romano, o realizador recentemente premiado pela Casa da Imprensa, parece estar agora em todas as grandes emissões desta estação.

A RTP1, que emitiu a transmissão mais longa (das 18:45:02 às 23:58:47), obteve 11.1% de audiência média (1.046.700 espectadores) e 28.8% de share.
A TVI iniciou a transmissão às 19:59:58 e terminou-a às 23:27:13. Teve uma audiência média de 11.8% (1.115.000 espectadores) e 28.7% de share.
Na SIC, o especial eleições começou às 18:57:59 e prolongou-se até às 23:50:29. A audiência média foi de 8.8% (829.000 espectadores) e 22.3% de share.

Isto significa que cerca de 3 milhões de portugueses estiveram em frente do écran na noite de 22 de Janeiro. Como todos os canais tiveram uma equipa na Travessa do Possolo a filmar a janela da casa de Cavaco Silva, 3 milhões de portugueses poderam ver o novo PR espreitar para a rua e nunca mais se decidir se fechava ou não a janela!

Fonte: Marktest

25.1.06

"Não existe um único palestino que lamente o desaparecimento de Sharon"


Os militares já votaram no sábado mas hoje é que é o dia das Eleições na Palestina. Por isso deixo-vos este artigo de Nayef Hawatmeh, Secretário Geral da Frente Democrática de Libertação da Palestina. O artigo foi publicado no jornal "Al-Khaleej", dos Emiratos Árabes Unidos a 8/01/2006.

Devido ao historial sangrento de Ariel Sharon, não existe um único palestiniano a lamentar a morte deste criminoso de guerra que cometeu horrendos massacres. Sharon foi o carniceiro do massacre de Quibia (Palestina) em 1953, o assassino dos prisioneiros egípcios em 1967, o autor do massacre dos acampamentos palestinos de Sabra e Shatila (Líbano) em 1982, e aquele que deu a ordem para assassinar crianças em Gaza e na Cisjordania.

Sharon é o pai espiritual de movimentos colonialistas extremistas e foi quem criou e pôs em prática os planos para usurpar os territórios palestinos. Era um homem que recusava a paz e amava a guerra e os assassinatos.

Esperamos que o seu desaparecimento abra o caminho a mudanças verdadeiras no mapa político e partidário israelense e fortaleça o campo da paz dentro de Israel, que possa deter a violência, os mares de sangue e o conflito existente há mais de um século. Esperamos que conduza à reconstrução do processo político na base da legalidade internacional que implica a paz global e equilibrada e concede aos palestinos o seu direito a um estado independente nos territórios ocupados em 1967, e o retorno dos refugiados nos termos da Resolução 194.

A reorganização do processo político e a negociação exigem novas transformações na estrutura interna do estado hebreu conducentes ao reconhecimento israelense das resoluções das Nações Unidas e à criação de mecanismos para a sua execução. Sem isso, a violência, o sangue, as lágrimas e o conflito continuarão.

Os israelitas estarão diante de uma prova nas próximas eleições de 28 de Março: ou optam pelo caminho da paz e reconhecem os legítimos direitos nacionais do povo palestino ou pela continuação das políticas de ocupação e colonialismo, assumindo as consequências dessa violência e conflito pois o nosso povo continuará a resistência até conquistar totalmente os seus direitos.

Estamos a trabalhar para que as próximas eleições legislativas palestinas, que serão celebradas a 25 de Janeiro, sejam o começo da reconstrução do regime político palestiniano e da criação de uma estratégia unida a ser apresentada ao nosso povo, aos árabes, ao mundo e à sociedade israelita. Uma posição palestiniana unida frente aos projectos que atentam contra o nosso legítimo e inalienável direito à independência, ao retorno e à autodeterminação, tendo Jerusalém como capital.

Este artigo e outros relacionados com a questão palestiniana podem ser encontrados no Site Oficial da FDLP.

Provocação anti-comunista no Conselho da Europa

No projecto de Calendário da primeira parte da Sessão ordinária de 2006 (23-27 Janeiro) da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, consta o seguinte ponto:
Quarta-feira, 25 de Janeiro 2006: Necessidade de condenar os crimes do comunismo ao nível internacional (Doc.) Relatório da comissão das questões políticas: M. Göran Lindblad (Suécia, PPE/DC)

Eu gostava de deixar clara a ideia de que não sou comunista. Mas esta caça às bruxas incomoda-me. Leiam pois este artigo de
Mikis Theodorakis que reagiu à provocação, publicando o artigo seguinte.

O Conselho da Europa decidiu alterar a História. Para a distorcer, coloca em pé de igualdade as vítimas e os agressores, os heróis e os criminosos, os libertadores e os conquistadores, os comunistas e os nazis.

Considera que os maiores inimigos do nazismo, ou seja, os comunistas, são criminosos e, com efeito, iguais aos nazis! Inquieta-se mesmo e protesta, porque, ainda que os hitlerianos tenham sido condenados pela comunidade internacional, nada de parecido se passou com os comunistas.

Por esta razão, ele sugere que esta condenação tenha lugar agora em plena sessão plenária da Assembleia parlamentar do Conselho da Europa no próximo dia 24 a 27 Janeiro.

Na verdade, ele inquieta-se, porque a "consciência pública dos crimes cometidos pelos regimes comunistas totalitários é muito pobre", e igualmente porque os "partidos comunistas estão sempre legais e em actividade em qualquer país, mesmo se em certos casos, eles não estão dissociados dos crimes".

Em outras palavras, o Conselho da Europa anuncia doravante a perseguição futura dos comunistas europeus que não se tenham ainda retractado, como é exigido, no passado pelos esbirros da Gestapo e os torturadores do campo de Macronissos.

Talvez porque amanhã vão decidir proibir os partidos comunistas, abrindo dessa forma a porta aos fantasmas de Hitler e Himmler, que, como se sabe, começaram a sua carreira proibindo os partidos comunistas e colocando os comunistas nos campos da morte.

Entretanto, no fim de contas, eles estão manchados pelo mesmo sangue das suas vítimas, dos seus 20 milhões de mortos da União Soviética comunista e de tantas outras centenas de milhares de comunistas que deram a sua vida, colocando-se à cabeça dos movimentos de resistência nacionais por toda a Europa, como esta que nasceu na Grécia.

Portanto, estes senhores do Conselho da Europa, no seu desejo de fazer ressuscitar os métodos condenados pela consciência da história e dos povos, chegam em segundo lugar, porquanto foram já ultrapassados pelo grande irmão – pelos Estados Unidos –, que extermina povos inteiros, utilizando métodos à Hitler, como no caso do Iraque que está em ruínas: ruínas cheias de prisões americanas, onde milhares de vítimas inocentes são torturadas diariamente de uma maneira horrível e inegável.

Sobre este grande crime contra a Humanidade, como sobre o campo contemporâneo de tortura hitleriano de Guantánamo, o Conselho da Europa não disse absolutamente nada.

Assim, como qualquer que possa acreditar que estes senhores estejam honestamente preocupados com os direitos do homem, ainda que na sua própria casa, a Europa, autorizem os aviões da CIA cheios de pessoas espoliadas de todos os seus direitos a serem transportadas para prisões especiais a fim de serem aí torturadas?

Tais cidadãos não podem ser procuradores. Perante a Aula de História que, um dia se pronunciará sobre os inumeráveis crimes cometidos pelo grande irmão, do Vietname ao Chile e da América do Sul ao Iraque, o seu processo será tido igualmente em conta da tolerância, se não colaborar nestes crimes.

Infelizmente, hoje sou obrigado a falar antes em nome dos mortos do que em nome dos vivos. Por conseguinte, em nome dos meus camaradas comunistas mortos, aqueles que passaram pela Gestapo, os campos de concentração e os locais de execução, a fim de assegurar a derrotar do nazismo e celebrar a liberdade, não tenho senão uma palavra a dizer a estes gentlemen: TENHAM VERGONHA!

Atenas, 22/Dezembro/2005


24.1.06

Depois do discurso de Al Gore, sabe bem um momento relaxante. Como este, por exemplo! Afinal, a vida continua para além de todos os perigos deste mundo... Mas aviso já: quem não leu o discurso todo vai apanhar um susto no fim!

(Primeiro tentei com a Google, parecia-me o patrocinador mais adequado, mas eles têm as acções em baixo e responderam-me que não era o bom momento para investir no D & C. Como não existem posts de graça, aceitei a proposta da Arena. Eu sei que a assinatura inventa um conceito completamente vazio de conteúdo, alguém sabe o que é water instintic?, mas enfim, eles pagam bem!)

O discurso de Al Gore


Al Gore, antigo vice-presidente dos Estados Unidos, o candidato que aceitou a derrota milimétrica nas Presidenciais que disputou com G.W. Bush, pronunciou a 16 de Janeiro um importante discurso no Constitution Hall, em Washington. Trata-se de um discurso de ruptura com o sistema político e com a própria élite politica americana. Os media silenciaram, omitindo o discurso ou contornando as acusações contra a Administração Bush. Vejam os cuidados do New York Times que, de forma redutora, apenas salienta as críticas ao sistema de escutas secretas. Pelo que li em fóruns, foi/é apenas via internet que os americanos tiveram/têm acesso a esse discurso (as cadeias televisivas não o transmitiram). E fiquei com a impressão de que os media portugueses também se esqueceram de (mencionar e/ou) dar o devido realce a este "documento". Algumas das acusações não constituem novidade mas são graves e, porque se trata de um ex-vice Presidente a confirmá-las, deveriam ser consequentes. Parece-me, de facto, bastante pertinente, a citação de Luther King feita por Al Gore no final do seu discurso: "precisamos profundamente de um novo caminho para além da escuridão que parece fechar-se em torno de nós".


(...) No princípio deste novo ano, o Ramo Executivo do nosso governo foi apanhado a escutar às escondidas um enorme número de cidadãos americanos e declarou arrogantemente que tem o direito unilateral de continuar a fazê-lo sem consideração para com a lei estabelecida promulgada pelo Congresso a fim de impedir tais abusos.

É apropriado que façamos este apelo no dia que o nosso país reservou para honrar a vida e o legado do Dr. Martin Luther King, Jr., que desafiou a América a respirar o ar puro dos nossos antigos valores com a extensão da sua esperança a todo o nosso povo.

Neste preciso Dia de Martin Luther King, é especialmente importante recordar que durante os últimos anos da sua vida, o Dr. King teve as suas ligações telefónicas ilegalmente escutadas — foi um das centenas de milhares de americanos cujas comunicações privadas foram interceptadas pelo governo dos EUA neste período.

O FBI, internamente, classificou King como o líder negro mais perigoso e efectivo do país e jurou fazê-lo cair do seu pedestal. O governo tentou mesmo destruir o seu casamento e pressionou-o para cometer suicídio. Esta campanha continuou até o assassínio do Dr. King.

A descoberta de que o FBI conduziu uma campanha duradoura e extensa de vigilância electrónica secreta destinada a infiltrar os trabalhos internos da Southern Christian Leadership Conference, e a saber os mais íntimos pormenores da vida do Dr. King, ajudaram a convencer o Congresso a promulgar restrições às escutas electrónicas.


(...) Neste momento, ainda temos muito a aprender acerca da vigilância interna da National Security Agency (NSA). O que sabemos acerca destas escutas secretas generalizadas leva-nos a concluir que o presidente dos Estados Unidos tem estado a infringir a lei repetidamente e persistentemente.

(...) Um presidente que infringe a lei é uma ameaça à própria estrutura do nosso governo. Nossos Pais Fundadores estavam certos de que haviam estabelecido um governo da lei e não dos homens.

(...) Um compromisso de abertura, honestidade e responsabilização também ajuda o nosso país e evita erros muito sérios. Recentemente, por exemplo, soubemos, através de documentos classificados que foram recentemente desclassificados, que a Resolução do Golfo de Tonquim, que autorizou a trágica Guerra do Vietnam, foi realmente baseada em informação falsa. Agora soubemos que a decisão do Congresso de autorizar o Guerra do Iraque, 38 anos depois, foi também baseada em informação falsa. A América teria estado numa situação melhor sabendo a verdade e evitando ambos destes erros colossais na nossa história. Seguir a regra da lei torna-nos mais seguros, não mais vulneráveis.

O presidente e eu concordamos numa coisa. A ameaça do terrorismo é inteiramente real. Simplesmente não há dúvida de que continuamos a enfrentar novos desafios na sequência do ataque do 11 de Setembro e que devemos estar sempre vigilantes a proteger nossos cidadãos de danos.

Onde discordamos é que tenhamos de quebrar a lei ou sacrificar nosso sistema de governo para proteger americanos de terrorismo. De facto, fazê-lo dessa maneira torna-nos mais fracos e mais vulneráveis.

Uma vez violada, a regra da lei está em perigo. Se não for travada, a ilegalidade cresce. Quanto maior se tornar o poder do executivo, mais difícil ficará para os outros ramos desempenhar os seus papeis constitucionais.

(...) É este mesmo desprezo pela Constituição da América que trouxe agora a nossa República à beira de uma ruptura perigosa no tecido da Constituição. E o desprezo corporificado nestas aparentes violações em massa da lei faz parte de um padrão mais vasto de aparente indiferença para com a Constituição que está a perturbar profundamente milhões de americanos em ambos os partidos políticos.

Por exemplo: o Presidente também declarou que tem um poder inerente, até aqui não reconhecido, para capturar e aprisionar qualquer cidadão americano que ele sozinho considera ser uma ameaça ao nosso país, e que, não obstante sua cidadania americana, a pessoa aprisionada não tem direito a conversar com um advogado — nem mesmo a argumentar que o Presidente ou os seus nomeados cometeram um erro e aprisionaram a pessoa errada.

O presidente afirma que pode aprisionar cidadãos americanos pelo resto das suas vidas sem um mandado de prisão, sem notificá-los acerca das acusações que impendem contra eles, e sem informar as suas famílias de que foram aprisionados.

Ao mesmo tempo, o Ramo Executivo tem reivindicado uma autoridade anteriormente não reconhecida para maltratar prisioneiros sob a sua custódia de formas que claramente constituem tortura, num padrão que agora foi documentado em instalações dos EUA localizadas em vários países por todo o mundo.

Mais de 100 destes cativos foram confirmadamente mortos enquanto estavam a ser torturados pelos interrogadores do Ramo Executivo e muitos mais foram mutilados e humilhados. Na notória prisão de Abu Ghraib, investigadores que documentaram o padrão de tortura estimam que mais de 90 por cento das vítimas estavam inocentes de quaisquer acusações.

(...) O Presidente também afirmou que tem autoridade para sequestrar indivíduos em países estrangeiros e entregá-los para aprisionamento e interrogatório em nosso nome a regimes autocráticos em países que são infames pela crueldade das suas técnicas de tortura.

Alguns dos nossos aliados tradicionais ficaram chocados por estas novas práticas da parte do nosso país. O Embaixador Britânico no Uzbequistão — um dos países com pior reputação por tortura nas suas prisões — registou uma queixa junto ao seu Ministério acerca da insensatez e crueldade da nova prática americana.(...)

Poderá ser verdadeiro que algum Presidente tenha realmente tais poderes sob a nossa Constituição? Se a resposta for sim, então, sob a teoria pela qual estes actos são cometidos, haverá quaisquer actos que possam ser proibidos? Se o Presidente tem a autoridade inerente para efectuar escutas secretas, aprisionar cidadãos à sua própria vontade, sequestrar e torturas, então o que é que ele não pode fazer?

(...) O mesmo padrão tem caracterizado o esforço para silenciar visões divergentes dentro do Ramo Executivo, para censurar informação que possa ser inconsistente com os seus declarados objectivos ideológicos, e para exigir conformidade a todos os empregados do Ramo Executivo.

Exemplo: Analistas da CIA que discordem fortemente da afirmação da Casa Branca de que Osama bin Laden estava ligado a Saddam Hussein descobriram-se sob pressão no trabalho e tornaram-se temerosos de perder promoções e aumentos de salários.

Ironicamente, foi exactamente o que acontecer a responsáveis do FBI na década de 1960 que discordaram da visão de J. Edgar Hoover de que o Dr. King estava estreitamente ligado aos comunistas.

(...) Na semana passada, por exemplo, o Vice-Presidente Cheney tentou defender as escutas clandestinas da administração aos cidadãos da América dizendo que se tivessem conduzido este programa antes do 11 de Setembro eles teriam descoberto os nomes de alguns dos sequestradores.

Tragicamente, ele aparentemente ainda não sabia que a Administração tinha de facto os nomes de pelo menos dois dos sequestradores bem antes do 11 de Setembro e tinha disponível informação que podia facilmente levar à identificação da maior parte dos outros sequestradores. E com isso, devido à incompetência no tratamento desta informação, ela nunca foi utilizada para proteger o povo americano.

(...) Mas o dano mais sério foi feito ao ramo legislativo. O declínio agudo do poder e autonomia do Congresso nos últimos anos foi quase tão chocante quanto os esforços do Ramo Executivo para alcançar uma expansão maciça do seu poder. (...) O Congresso que hoje temos é irreconhecível quando comparado àquele no qual serviu meu pai. Há muitos distintos senadores e congressistas a servi-lo. Estou honrado por alguns deles estarem aqui neste salão. Mas o ramo legislativo do governo sob a sua actual liderança opera agora como se estivesse inteiramente subserviente ao Ramo Executivo.

Além disso, demasiados membros da Casa e do Senado sentem-se agora obrigados a gastar a maior parte do seu tempo não no debate reflectido das questões, mas sim no levantamento de dinheiro para comprar 30 segundos nas TVs comerciais.

Há duas ou três gerações de congressistas que realmente não sabem o que é uma audiência de supervisão (oversight hearing). Nas décadas de 70 e 80, as audiências de supervisão em que meus colegas e eu participávamos levavam os pés do Ramo Executivo ao fogo — não importava qual partido estava no poder. Mas a supervisão é quase desconhecida no Congresso de hoje.

(...) Além disso, no Congresso como um todo — tanto a Casa como o Senado — o avançado papel do dinheiro no processo de reeleição, a par de um papel agudamente diminuído para a deliberação fundamentada e o debate, produziu uma atmosfera conducente à corrupção institucionalizada difusa (pervasive institutionalized corruption).(...)

23.1.06

E passemos à frente...

Discute-se imenso a forma como Sócrates "cortou" a palavra a Manuel Alegre na noite de ontem. Intencional ou não, caiu mal, e é outra péssima nódoa que cai no tecido socialista. Revelou também o mau-critério ou sem-critério editorial das televisões. Mas isso fez-me ter a certeza de uma coisa. A Direcção do PS deve ter pedido a todos os santinhos para que Cavaco Silva ganhasse à primeira volta. Imaginem o PS a ter que vergar a coluna e a ser obrigado a apoiar Manuel Alegre numa segunda volta!

Acho que ando a ler mal...

Paulo de Sousa

É demasiado absurdo para ser verdade:

O regulamento da nova prestação para idosos ontem aprovado não só quantifica os valores que os filhos devem dar aos pais que vivem na pobreza, como estabelece os limites para os rendimentos destes, a partir dos quais o Estado se desresponsabiliza do apoio aos idosos carenciados.

Por outras palavras, os filhos em situação confortável devem entregar aos pais pobres uma quantia mensal que vai de 17,5 a 35 euros. Este governo:
1. obriga, através de regulamento, a que os filhos ajudem os pais pobres;
2. desresponsabiliza-se das suas obrigações quanto à assistência aos idosos;
3. considera que um auxílio extra de até 35 euros/mês resolve algum problema.

Mais que raio de política social é esta!? Caríssimo Sócrates, o senhor desculpe, mas era suposto que fosse socialista...

22.1.06

É a vida!

As minhas filhas têm cinco anos. Quando elas tiverem quinze, o único Presidente da República portuguesa que terão conhecido será Aníbal Cavaco Silva. É o mais provável. E essa ideia entristece-me imenso. O PR de um país faz também a marca desse país. Não gosto dessa marca Portugal que tanto se discute e ela vai continuar a ser o que é, um marasmo. Queria bastante mais para as minhas filhas, e para todos nós. Só isso.

Não me apetece felicitar o vencedor nem os seus apoiantes. Detestei a campanha vazia e eficaz de Cavaco Silva. Prefiro deixar uma sugestão ao novo Presidente da República do meu país: Professor, surpreenda-nos!

21.1.06

A vida secreta das palavras


Espremam este site. não esqueçam o "trailer". o do filme que ela viu no outro país da Península. um filme de Isabel Coixet (espremam este site) de quem pressinto que se vai ouvir falar muito nos próximos tempos. um filme com ele, o único americano que filmaria com uma realizadora da Catalunha, Tim Robbins. quando estreia, alguém sabe?


e depois fui à origem do site a espremer e encontrei o Julio______Cortázar a dizer que se sente muito mais cómodo num terreno que toque o irracional. é a vida secreta das palavras! e ela a dizer que depois do filme lhe leram o Bestiario, porque o filme lembrava esse conto, e que depois visitou o Divas & Contrabaixos, ainda lá, e que foi engraçado reencontrar o Cortázar e a sua voz e o Bestiario. a vida secreta das palavras é assim. dá voltas aos mundos todos, geográficos, temporais, cerebrais. e eu perdi-me...

um pequeno directo

nada como ver a Sky News! existe uma baleia no Thames! e John Major está indignado porque o governo de Blair anda a gastar de forma fraudulenta o dinheiro da lotaria... em saúde, educação e ambiente, prejudicando assim desporto, arte e cultura que eram, originalmente, as áreas a que se destinavam estes fundos. nunca pensei dizer isto, mas Portugal precisa é de um Sir John Major para o Tribunal de Contas!
e existe uma baleia no Thames! (notícia que é front page de todos os jornais ingleses)
e existe uma baleia...

20.1.06



Eu conhecia a capa do álbum, ela encontrou uma foto da série original e assim fiquei a saber que as duas fotos são do Melvin Sokolsky. A música é de Chet Baker que ora se irrita com o nosso voyerismo ora adormece indiferente a tudo o que o rodeia, de coração afinado. Conheci-o quando veio a Portugal fazer o que seria o seu último concerto. Não me lembro se ele tocou Almost Blue, mas acho que não, não ia esquecer se o ouvisse cantar. Ela deixa-nos ouvir a voz de Chet Baker. E fala de solidão, daquela solidão que dura demasiado tempo e enlouquece. Vão lá, antes que ela se deite.

Perigo de guerra nuclear

O título deste post é sensacionalista, mas o que dizer depois de ler que mais de 470 físicos, incluindo sete laureados com o Prémio Nobel, assinaram uma petição opondo-se a uma nova proposta do Departamento da Defesa dos EUA que permite aos Estados Unidos utilizarem armas nucleares contra estados não nucleares?

A petição foi iniciada por dois professores de física da Universidade da Califórnia, San Diego, Kiem Griest e Jorge Hirsh, na sequência de notícias publicadas no The New York Times e no Washington Post, segundo as quais o governo federal estava no processo final de adopção de uma nova política americana que permitiria a utilização de armas nucleares contra um adversário pelas seguintes razões:

- Para o término rápido e favorável de uma guerra nos termos americanos.
- Para assegurar o êxito de operações dos EUA e multinacionais.
- Para demonstrar a intenção e capacidade dos EUA em utilizarem armas nucleares a fim de dissuadir o adversário de utilizar armas de destruição em massa.
- Contra um adversário que pretenda utilizar armas de destruição em massa contra os EUA e forças multinacionais ou aliadas.

A Petição (link)

O artigo completo (Global Research)
Noir Désir aqui ao lado, e no Music Hall. A banda de Bertrand Cantat, mítica em França e no mundo. Uma banda suspensa desde 2003, quando Bertrand Cantat foi acusado de assassinar a companheira, a actriz Marie Trintignant.

19.1.06

Socio-pedagogia divina I


1. Mesmo que às vezes não pareça, existem certas coisas que o dinheiro não pode comprar. Quem o diz é um gigante do liberalismo económico. Não pode haver maior ironia. Talvez (re) conheçam a actual campanha mas este foi o primeiro filme a aparecer.

2. Há muitos anos atrás este anúncio foi lançado na puritana América. Hoje, ainda não seria aceite em Portugal. Existem muitas coisas, de facto, que, nem o dinheiro nem o crescimento económico podem comprar.

3. Um pai bem humorado, uma grande lata, um/a namorado/a bonito/a, ... que outras coisas valiosas vos pertencem sem que tenham gasto um single silver dollar?

18.1.06

Os donos do nosso mundo


... somos nós. Um mimo este filme de Andrés Lieban e André Breltman. Música de Toquinho. Somos uma aguarela__________________que descolorirá.

E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está. E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar. Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar. (vale a pena esperar os minutos do download)

Os donos do planeta


A BP é a segunda maior empresa do mundo, seguida pela Exxon Mobil, Shell, General Motors, Daimler Chrysler, Toyota Motor, Ford Motor, General Electric, Total, Chevron, segundo o volume de facturação até 2005. Cada uma delas constituem economias maiores que Portugal, Israel, Irlanda ou Nova Zelândia.
A maior empresa do mundo continua a ser a Wal-Mart, cujo volume de vendas é maior do que o produto interno bruto da Arábia Saudita e Austria. A Wal-Mart é a vigésima economia do planeta.
Entre as 100 maiores economias do globo há outros supermercados, como Carrefour, Home Depot, Metro e Royal Ahold; indústrias alimentares, como a Nestlé e o Grupo Altria (propietário da Kraft Foods e da Phillip Morris); grupos financeiros como o Citigroup, ING e HSBC; e empresas de informática e telecomunicações como IBM, Siemens, Hitachi, Hewlet Packard, Samsung e Sony.
Em 2004, as 200 maiores multinacionais do planeta concentravam 29 por cento da actividade económica mundial.


Ler o artigo na íntegra, aqui.

17.1.06

bestiario*

Em 2001, num banquete de honra oferecido ao Presidente da República da Argentina, Fernando Rua, Jorge Sampaio afirmava que o relacionamento entre portugueses e argentinos ia além dos meros aspectos políticos e da frieza dos números. A cultura desse país sempre teria sido muito apreciada em Portugal. Nomes como os de Carlos Gardel, Astor Piazolla, Julio Cortázar e, naturalmente, Jorge Luis Borges, fariam parte do nosso universo. Mas sinceramente, quem já comprou um cd ou conhece razoavelmente Gardel ou Piazolla? Ou leu Borges e sobretudo Cortázar? De resto, no caso de Julio Cortázar, quantas obras suas foram traduzidas para português? Eu tenho a impressão de que os portugueses até podem ter ouvido falar mas que são muito poucos aqueles que conhecem esses nomes maiores da "alta cultura" argentina. E ainda a propósito de Cortázar, acreditem que é um "crime" não termos acesso à sua obra. Ele é, pura e simplesmente, um dos grandes escritores do século XX.

*bestiario é também o nome de um conto de JC

Julio Cortázar



Façamos uma pausa na mesa da política. E dêmos a palavra a Julio Cortázar.



Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca, voy dibujándola como si saliera de mi mano, como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar, hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí para dibujarla con mi mano por tu cara, y que por un azar que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo de la que mi mano te dibuja.

Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez más de cerca y nuestros ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio. Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella. Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mí como una luna en el agua.


Rayuela, publicada em 1963, confirmou Cortázar como um dos escritores latino-americanos mais originais, ao lado de Carlos Fuentes, Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez.

Link para outros poemas, poemas, poemas de Julio Cortázar e para todos os capítulos de Rayuela.

    16.1.06

    E porque atrás de um ditador, vem sempre outro...


    Discurso do Presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez Frias, na 60ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, a 15 de Setembro de 2005.

    (...) Isto, amigas e amigos do mundo, leva-nos de modo irreversível para uma amarga conclusão: as Nações Unidas esgotaram o seu modelo, e não se trata simplesmente de proceder a uma reforma, o século XXI reclama mudanças profundas que só são possíveis com uma refundação desta organização. Esta não serve, há que dizê-lo, é a pura verdade.

    (...) A primeira, é o alargamento do Conselho de Segurança, tanto dos seus membros permanentes como dos não permanentes, permitindo a entrada de novos países desenvolvidos e de países em desenvolvimento como novos membros permanentes.

    A segunda, é a necessária melhoria dos métodos de trabalho, para aumentar a transparência e não para a diminuir, para aumentar o respeito e não para o diminuir, para aumentar a inclusão.

    A terceira, a supressão imediata, vimos a dizê-lo há seis anos, do direito de veto nas decisões do Conselho de Segurança, pois esse vestígio elitista é incompatível com a democracia, incompatível com uma só ideia de igualdade e democracia.

    Em quarto lugar, o fortalecimento do papel do Secretário Geral, as suas funções políticas no marco da diplomacia preventiva, deve ser consolidado. A gravidade dos problemas obriga-nos a transformações profundas, não bastam meras reformas para recuperar o que de nós esperam os povos do mundo. Mas para além das reformas a Venezuela reclama a refundação das Nações Unidas, pois como bem sabemos na Venezuela, como disse Simón Rodriguez, o Robinson de Caracas: “ou inventamos ou erramos”.

    (...) Na reunião de Janeiro passado deste ano de 2005 estivemos no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, onde diferentes personalidades pediram que a sede das Nações Unidas saísse dos Estados Unidos, se continuassem as violações da legalidade internacional por parte desse país.
    (...) Por isso, propomos que as Nações Unidas saiam de um país que não respeita as decisões desta Assembleia. Algumas propostas assinalaram Jerusalém, convertida em cidade internacional, como uma alternativa. A proposta tem a generosidade de propor uma resposta ao conflito que vive a Palestina, mas talvez tenha arestas que tornam difícil levá-la a cabo. Por isso trazemos aqui outra proposta, ancorada na Carta de Jamaica que Simón Bolívar, o grande Libertador do Sul, escreveu em 1815 na Jamaica, vão lá 190 anos. Aí, Bolívar propôs a criação de uma cidade internacional que servisse de sede à ideia de unidade que defendia. Bolívar era um sonhador, e sonhou o que são hoje as nossas realidades.

    (...) Senhoras e senhores, enfrentamos hoje uma crise energética sem precedentes no mundo, em que se combinam perigosamente um imparável incremento do consumo energético, a incapacidade de aumentar a oferta de hidrocarbonetos e a perspectiva de um declínio das reservas provadas de combustíveis fósseis. Começa a esgotar-se o petróleo.

    Para 2020 a procura diária de petróleo será de 120 milhões de barris, com o que, sem ter em conta futuros crescimentos, se consumiria em 20 anos um volume idêntico a todo o petróleo consumido pela humanidade até ao momento, o que significará, inevitavelmente, um aumento das emissões de dióxido de carbono que, como se sabe incrementa diariamente a temperatura do nosso planeta.

    O Katrina foi um doloroso exemplo das consequências que pode trazer ao homem ignorar estas realidades. O aquecimento dos oceanos é, por sua vez, o factor fundamental por detrás do demolidor incremento da força dos furacões que temos visto nos últimos anos.

    (...) Queria retomar coisas que ficaram pelo caminho, como a proposta aprovada em 1974 nesta Assembleia de uma Nova Ordem Económica Internacional, para recordar o seguinte: o Artigo 2º do texto daquela carta confirma o direito dos estados a nacionalizar as propriedades e os recursos naturais que se encontravam nas mãos de investidores estrangeiros, propondo também a criação de cartéis de produtores de matérias-primas. Na sua Resolução 3.201 de Maio de 1974, expressou-se a determinação de trabalhar com urgência para estabelecer (ouçam-me bem, rogo-lhes) “ a equidade, a igualdade soberana, interdependência, o interesse comum e a cooperação entre todos os estados, quaisquer que sejam os seus sistemas económicos e sociais, por forma a corrigir as desigualdades e reparar as injustiças entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, e assegurar às gerações presentes e futuras a paz, a justiça e um desenvolvimento económico e social”.

    (...) Eu creio que um dos povos que requer protecção é o povo dos Estados Unidos, como foi agora dolorosamente demonstrado com a tragédia do Katrina: não tem um governo que o proteja dos desastres naturais anunciados, se é que querem falar de nos protegermos uns aos outros. São conceitos muito perigosos, os que o imperialismo vai delineando; vão delineando o intervencionismo e tratam de regulamentar o desrespeito pela soberania dos povos. O pleno respeito pelos princípios do Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas devem constituir, senhor Presidente, a pedra angular das relações internacionais no mundo de hoje e ser a base da nova ordem que propugnamos.

    Permita-me uma vez mais, para ir concluindo, citar Simón Bolívar, o nosso Libertador, quando fala da integração do mundo, do Parlamento Mundial, de um Congresso de parlamentares; é necessário retomar muitas propostas como a bolivariana. Dizia Simón Bolívar na Jamaica em 1815, na sua Carta da Jamaica que já citei: “Que belo seria que o istmo do Panamá fosse para nós o que o de Corinto é para os gregos, oxalá algum dia tenhamos a fortuna de instalar ali um augusto congresso dos representantes das repúblicas e dos reinos, a tratar dos altos interesses da paz e da guerra, com as nações das outras três partes do mundo. Esta espécie de corporação poderá ter lugar nalguma época ditosa da nossa regeneração”.

    (...) Em apenas sete anos de Revolução Bolivariana, o povo venezuelano pode exibir importantes conquistas sociais e económicas.

    Um milhão e 406 mil venezuelanos aprenderam a ler e a escrever em ano e meio, nós somos aproximadamente 25 milhões e, em escassas semanas, dentro de poucos dias, o país pode declarar-se livre do analfabetismo, enquanto três milhões de venezuelanos, antes excluídos por causa da pobreza, foram incluídos na educação primária, secundária e universitária.
    Dezassete milhões de venezuelanos e venezuelanas (quase 70% da população) recebem, pela primeira vez na história, assistência médica gratuita, incluindo medicamentos e, dentro de poucos anos, todos os venezuelanos terão acesso gratuito a uma atenção médica de excelência.
    Fornecem-se hoje mais de 1,7 milhão de toneladas de alimentos a preços módicos a 12 milhões de pessoas, quase metade dos venezuelanos, um milhão deles recebem-nos gratuitamente, por um período transitório. Estas medidas geraram um alto nível de segurança alimentar aos mais necessitados.

    (...) Senhor Presidente, criaram-se mais de 700 mil postos de trabalho, reduzindo-se o desemprego em 9 pontos percentuais, tudo isto no meio de agressões internas e externas, que incluíram um golpe militar concebido em Washington, um golpe petrolífero também concebido em Washington. Apesar das conspirações, das calúnias do poder mediático e da permanente ameaça do império (e dos seus aliados), que até estimula o magnicídio. O único país onde uma pessoa se pode dar ao luxo de pedir o magnicídio de um Chefe de Estado é os Estados Unidos, como ocorreu com o reverendo chamado Patt Robertson, muito amigo da Casa Branca: ele pediu publicamente perante o mundo o meu assassinato e continua em liberdade. Esse é um delito internacional! É terrorismo internacional!

    (...) Simón Bolívar, pai da nossa Pátria, jurou não dar descanso ao seu braço, nem repouso à sua alma até ver a América livre. Não demos nós descanso aos nossos braços, nem repouso às nossas almas até salvar a humanidade.


    Ver discurso integral na Agência Bolivariana de Notícias.

    Divoquiz

    O que é que Chile, Libéria e Finlândia têm em comum desde o passado fim de semana?



    Solução: uma mulher na Presidência da República. Vivem-se momentos históricos no Chile, com a eleição de Michelle Bachelet, e na Libéria, com a eleição de Ellen Johnson-Sirleaf, a primeira mulher Chefe de Estado em África. Tarja Halonen, eleita no ano 2000, não garantiu a reeleição à primeira volta nas eleições de ontem na Finlândia, mas continua a ser a candidata que lidera as sondagens eleitorais.

    Vencedor: o jakim, que foi aquele que primeiramente deu a resposta çerta! mas este presonagém num é deste mundo!

    15.1.06

    Fragmentos de um discurso


    Não se queixem, por favor. Vocês estão confortavelmente sentados e podem passar para outro blog num segundo. Era mais cansativo se estivessem de pé, ao sol e à chuva, na Praça da Revolução, ou na Universidade de Havana. (mas o que eu daria para assistir a um destes discursos históricos ao vivo!)
    Este discurso de Fidel é muito interessante, ele reune teoria e prática, filosofia e (na minha opinião) poesia, história e marxismo-leninismo, propaganda política e persuasão (dada e extensão "cortei" as conversas directas com estudantes, nomeadamente na parte final da sua intervenção, em que ele decide contabilizar a quantidade de watts gastos por cada um dando uma lição sobre poupança de energia). É também um exercício de justificação de medidas de Estado. Mas sobretudo, é um tratado de nostalgia e de esperança no futuro, que não pode deixar de impressionar. Habla el comandante en chefe, o governante, o ditador, mais antigo do mundo.

    (...) Vocês foram muito amáveis ao lembrar hoje um dia muito especial: o 60º aniversário de meu tímido ingresso nesta universidade.

    Por aí há uma fotografia, andei a observá-la: um casaquinho; o rosto assim, não sei se zangado, de mau, ou de bom, ou indignado, porque essa fotografia não foi feita no primeiro dia, acho que já tinham transcorrido uns quantos meses, e eu começava a reagir contra tantas coisas como as que víamos. Não era um pensamento formado nem nada disso; era um pensamento ávido de idéias, mas também por conhecer; um espírito talvez rebelde, cheio de ilusões, de ilusões não posso dizer revolucionárias, teríamos que dizer cheio de ilusões e de energia, possivelmente também de ânsias de luta.

    (...) Por aí falam dos rebeldes sem causa; porém quando lembro aquela etapa, acho que era rebelde por muitas causas, e agradeço à vida ter continuado, o tempo todo, sendo rebelde, ainda hoje, talvez com mais razão, porque tenho mais idéias, porque tenho mais experiência, porque aprendi muito de minha própria luta, porque compreendo ainda melhor esta terra na qual nascemos e neste mundo em que vivemos, hoje globalizado, e em minutos decisivos de seu destino. Não me atrevo a dizer em minutos decisivos de sua história, porque sua história é ainda mais breve, é realmente ínfima comparada com a vida de uma espécie que em anos muito recentes, talvez há 3 000, 4 000 ou 5 000 anos, deu seus primeiros passos, após sua longa e breve evolução; digo longa e breve, porque evolucionou até se tornar ser pensante talvez nalgumas centenas de milhar de anos, e no final da existência da vida neste planeta, que afirmam os conhecedores, se não me engano, surgiu, acho que, há 1 000 ou 1 500 milhões de anos, primeiro surgiu a vida e depois surgiram milhões de espécies, e nós apenas somos isso, uma das muitas espécies que surgiram neste planeta, e por isso digo que, depois de uma breve e ao mesmo tempo longa vida, chegamos a este minuto, neste milênio que, segundo dizem, é o terceiro milênio desde o início da era cristã.

    (...) Bom, que a espécie não sobreviveria é algo do que se falava há dois mil anos, porque lembro que quando era estudante ouvi falar do Apocalipse, profetizado na Bíblia, é como se há dois mil anos alguns perceberam de que esta débil espécie poderia desaparecer nalgum dia.

    Lógico, também os marxistas. Lembro-me muito bem de um livro de Engels, a Dialéctica, que dizia que nalgum dia o Sol se extinguiria, que o combustível que alimenta o fogo dessa estrela que nos ilumina se esgotaria e deixaria de existir a luz do Sol. E então me faço uma pergunta que, quem sabe, vocês, seus professores, ou milhares e centenas de milhar de vocês alguma vez se fizeram, e é a pergunta sobre se é possível que esta espécie possa emigrar a outro sistema solar.

    (...) Pelo pouco que sabemos de física, matemática, da luz, da velocidade da luz, e dos que viajam aos planetas mais próximos, onde não encontram nada, e dos que viajaram a Vênus — acho que Vênus foi na etapa dos gregos a deusa do amor —, os que ali tenham o privilégio de chegar, vão encontrar uns furacões que são não sei quantas centenas de vezes piores que o Katrina, o Rita, o Michelle, ou o Mitch, e todos os outros similares que cada vez, com mais força nos açoitam, porque se afirma que a temperatura em Vênus é de 400 graus, e são massas de ar ou de atmosfera pesada em constante sopro.

    Os que foram a Marte, que diziam que era um lugar onde poderia existir a vida — Chávez fala de que possivelmente existiu, ele brinca com isso —, e foi embora, desapareceu tudo, procuram alguma partícula de oxigênio ou algum vestígio de vida. Bem, tudo pôde acontecer, porém o mais provável é que não tivesse existido vida desenvolvida nalgum desses planetas.

    (...) Falamos da vida, porque quando falamos de universidades falamos de vida.
    Vocês, que são? Se me perguntassem agora mesmo, eu diria que vocês são a vida, vocês são símbolos da vida.

    (...) Todos os dias descobrimos coisas novas. Há pouco recebemos notícias de que o governo dos Estados Unidos tinha cárceres secretas nos países satélites do leste da Europa, esses que em Genebra votam contra Cuba e acusam-na de violar os direitos humanos; o país onde jamais ninguém conheceu um centro de tortura durante os 46 anos de Revolução, porque em nosso país jamais foi violada aquela tradição, sem precedentes na história, de que um só homem tenha sido torturado, ou se conheça — pelo menos nós — a tortura de um só homem; e não seriamos nós os únicos em impedi-la, seria nosso povo que já tem um conceito altíssimo da dignidade humana.

    Quem de nós, quem de vocês, qual de nossos compatriotas admitiria tranqüilamente a história de um só cidadão torturado, apesar dos milhares de atos de barbárie e de terrorismo cometidos contra nosso povo, apesar dos milhares de vítimas da agressão desse império que há mais de 45 anos nos bloqueia e tenta nos asfixiar por todo lado? E agora os desavergonhados dizem — como dizia recentemente um deles, perante a votação esmagadora de 182 membros das Nações Unidas, com uma abstenção — que as dificuldades são resultado do nosso fracasso, e um grande cúmplice desse bandido, que é o estado pró-nazista do Israel apóia o bloqueio? Há que dizê-lo assim, porque aqueles que cometeram esses crimes fizeram-no em nome de um povo que durante mais de 1 500 anos sofreu a perseguição no mundo, e foi vítima dos crimes mais atrozes na Segunda Guerra Mundial, o povo do Israel, que não tem nenhuma culpa dessas selvajaria genocidas ao serviço do império, que levam ao holocausto de outro povo, o povo palestino, e proclamam também o direito repugnante de atacar por surpresa e de maneira preventiva outros países .

    Atualmente o império ameaça com atacar o Irã se produz combustível nuclear. Combustível nuclear não são armas nucleares, não são bombas nucleares; proibir um país que produça o combustível do futuro, é como se proibissem alguém que explore na procura de petróleo, o combustível do presente, e que está em perigo de acabar em pouco tempo. A que país do mundo se proíbe explorar combustível, carvão, gás, petróleo?

    Nós conhecemos muito bem esse país. É um país de 70 milhões de habitantes, que se propõe o desenvolvimento industrial e pensa com toda razão que é um grande crime comprometer suas reservas de gás e de petróleo para alimentar o potencial de bilhões de quilowatts/hora que precisa com a urgência como país do Terceiro Mundo seu desenvolvimento industrial. E aí está o império fazendo todo o possível por impedi-lo e ameaçando com bombardear. Atualmente se debate a nível internacional quais o dia e a hora, ou se será o império, ou utilizará — como fez no Iraque — o satélite israelense para o bombardeio preventivo e surpresivo de centros de pesquisa cujo objetivo é obter a tecnologia de produção do combustível nuclear.

    Nos próximos 30 anos, o petróleo, 80% dele atualmente nas mãos dos países do Terceiro Mundo, já que os outros esgotaram o seu, entre eles os Estados Unidos, que teve uma reserva imensa de petróleo e gás e apenas lhe dá para alguns anos, e por isso se quer apoderar, de qualquer jeito, do petróleo do planeta, essa fonte energética, contudo, esgota-se e daqui a 25 ou 30 anos apenas ficará uma fonte fundamental, para além da solar, a eólica, etc, para a produção em massa de eletricidade, de energia nuclear.

    É longínquo o dia em que o hidrogênio, através de processos tecnológicos muito incipientes, seja a fonte mais idônea de combustível, sem o qual não poderia viver a humanidade, uma humanidade que adquiriu determinado nível de desenvolvimento técnico. Este é um problema atual.

    Nosso ministro das Relações Exteriores respondeu recentemente ao convite de visitar o Irã, visto que Cuba será sede da próxima reunião de Países Não-Alinhados, dentro de um ano, e aquela nação exige seu direito a produzir combustível nuclear como qualquer outra nação entre as industrializadas e não ser obrigada a destruir a reserva de uma matéria prima, que serve não só como fonte energética, mas também como fonte de numerosos produtos, fonte de fertilizantes, fonte de têxteis, fonte de inúmeros materiais que hoje têm um uso universal.

    Assim está o mundo. E veremos que aconteceria se bombardeassem o Irã com o objetivo de destruir qualquer instalação que se dedique à produção de combustível nuclear.

    O Irã assinou o Tratado de não Proliferação, como também o fez Cuba. Nós jamais pensamos na fabricação de armas nucleares, porque não precisamos delas, e se tivéssemos a possibilidade, quanto custaria produzi-las, e que ganharíamos com produzir um arma nuclear perante um inimigo que tem milhares de armas nucleares. Seria participar do jogo dos confrontos nucleares.

    Nós temos outro tipo de armas nucleares, são nossas idéias; nós temos armas nucleares: a magnitude da justiça pela qual lutamos; nós temos armas nucleares em virtude do poder invencível das armas morais, Por isso jamais pensamos em fabricá-las, e também não procurar armas biológicas, para que? Armas para combater a morte, para combater a Aids, para combater as doenças, para combater o câncer, a isso dedicamos nossos recursos, apesar do bandido aquele— já nem me lembro do nome desse cara, não sei se Bolton, Bordon, sei lá, que designaram representante dos Estados Unidos nas Nações Unidas, mentiroso demais, desavergonhado. Ele inventou que Cuba estava fazendo pesquisas para produzir armas biológicas no Centro de Engenharia Genética.
    Também nos acusaram de colaborar com o Irã, transferindo tecnologia com aquele objetivo, e o que fazemos realmente é construir, entre o Irã e Cuba, uma fábrica de produtos anticâncer, isso é o que fazemos. Também querem proibir isso, vão para o demônio ou para onde vocês quiserem, idiotas, que aqui não vão assustar ninguém!Aplausos).

    Mentirosos, desavergonhados!, todo mundo sabe que até a própria CIA descobriu que era mentira o que dizia o atual representante do governo dos Estados Unidos na ONU, e obrigaram um homem a que renunciasse por dizer que isso era mentira, e outros no Departamento de Estado também perceberam que era mentira e o sujeito estava furioso, convertido num basilisco contra todos aqueles que diziam a verdade. Esse é o representante do "Bushecinho" perante a comunidade das Nações Unidas, onde recentemente tiraram 182 votos contra seu infame bloqueio. Esse é o mundo onde pretendem impor-se pela força, na base das mentiras e do monopólio quase total dos meios de comunicação social.

    (...) Todos os dias o cavalheiro que governa os Estados Unidos é descoberto com um novo truque, um novo delito, uma nova canalhice de seus membros, e vão caindo, gotejando um após um como esgalho de coco, como diria um camponês da zona leste; sim, assim vão caindo, com um pouco de barulho. Já não resta nada a inventar, porém continuam fazendo barbaridades.

    Falava-lhes dos cárceres que existem em vários países, cárceres secretos onde têm seqüestrados sob o pretexto da luta contra o terrorismo, e já não só Abu Ghraib, não só Guantánamo, em qualquer parte do mundo encontra-se um cárcere secreto onde torturam os defensores dos direitos humanos; são os mesmos que em Genebra, como cordeirinhos, votam, um a um, contra Cuba, o país que não conhece a tortura, para honra e glória desta geração, para honra e glória desta Revolução, para honra e glória de uma luta pela justiça, pela independência, pelo decoro humano que deve manter incólume sua pureza e sua dignidade! (Aplausos).

    (...) Procuram latinos, imigrantes que, tentando escapar da fome, atravessaram a fronteira, essa fronteira onde todos os anos morrem mais de 500 imigrantes, muitos mais em 12 meses que os que morreram durante os 28 anos que durou o muro de Berlim.

    O império falava todos os dias do muro de Berlim; daquele que se construía entre o México e os Estados Unidos, onde morrem 500 pessoas cada ano, pensando escapar da pobreza e do subdesenvolvimento, tentado emigrar, não dizem uma palavra. Esse é o mundo em que vivemos.

    Fósforo vivo em Al-Fallüjah! Isso significa o império, e secretamente. Quando foi denunciado, o governo dos Estados Unidos disse que o fósforo vivo era uma arma normal. Se é uma arma normal, por que não o publicaram? Por que ninguém sabia que estavam usando essa arma proibida pelas convenções internacionais? Se o napalm é proibido, o fósforo vivo é ainda mais proibido.

    Todos os dias chegam notícias desse tipo, e todas essas coisas estão relacionadas com a vida, todas essas coisas têm relação com este mundo. Veja que enorme diferença daqueles tempos em que nós chegávamos à universidade, todos cheios de ideais, cheios de sonhos, cheios de boa vontade apesar de não estarmos nutridos da experiência da ideologia profunda e das idéias que se adquiriam na passagem do tempo. Assim entravam os jovens nesta universidade, que não era, certamente, a universidade dos humildes; era a universidade da classe média, a universidade dos ricos do país, mas os jovens não se importavam com as idéias de sua classe e muitos deles eram capazes de lutar, e assim o fizeram ao longo da história de Cuba.

    (...) Eu pude vir à Havana porque meu pai era tinha dinheiro, e assim foi que pude formar-me como bacharel e assim por acaso consegui ingressar na universidade. Será que sou melhor que qualquer daqueles rapazes, quase nenhum deles chegou à sexta série e nenhum deles foi bacharel, nenhum deles ingressou na universidade?

    Meu próprio caso, como o de mais outros, mencionei Mella, poderia mencionar Guiteras, poderia mencionar Trejo, que morreu numa dessas manifestações um 30 de setembro, na luta contra Machado; poderia mencionar nomes como os que vocês aqui destacaram no início deste ato.

    Antes da Revolução, sempre houve estudantes nobres que estavam contra a tirania batistiana, dispostos ao sacrifício, dispostos a dar a vida. E assim, quando a tirania batistiana voltou com todo seu rigor, muitos estudantes lutaram e muitos estudantes morreram, e aquele jovem de Cárdenas, Manzanita, como lhe chamavam, sempre rindo, sempre amável, sempre carinhoso com os demais, se destacava pela sua valentia, sua integridade, quando descia pelas escadarias, quando enfrentava os carros de bombeiros, quando enfrentava a polícia. Assim surgiram todos eles.

    Se você visita a casa onde viveu Echeverría — José Antonio, vamos chamá-lo assim —, percebe que é uma casa boa, uma excelente casa. Vejam só como os estudantes não se importavam com sua origem social, nessa idade de tanta esperança, de tantos sonhos.

    (...) Quando triunfou a Revolução neste hemisfério, ao lado do império e rodeado de satélites do império, com alguma exceção, iniciávamos um caminho muito difícil. Era outra época, foram uns quantos anos após nosso ingresso na universidade.
    Nós ingressamos na universidade finalizando o ano 1945, e iniciamos nossa luta armada no quartel Moncada em 26 de julho de 1953, realmente, quase oito anos depois, e a Revolução triunfa cinco anos, cinco dias e cinco meses após o Moncada, e depois de um longo percurso pelos cárceres, pelo exílio, e pela luta nas montanhas. Foi um tempo, se o vemos historicamente, se o comparamos com as lutas anteriores, tão duras e tão difíceis de nosso povo, um tempo relativamente breve, e foram duas etapas: a entrada na Universidade, a saída e o golpe de Estado de 10 de março de 1952.

    (...) Lembro, que estávamos construindo na vila de Bejucal um centro de biotecnologia importantíssimo. Perto havia um pequeno cemitério. Eu visitava o lugar de vez em quando, um dia passei pelo cemitério, e lá existia um mercado colossal onde aquela força de construtores, seus chefes e a participação de um alto número de pedreiros, tinham lá um mercado de venda de produtos: cimento, vigas, madeira, pintura, tudo quanto é usado para construir.

    (...) Nesta batalha contra os vícios não haverá trégua com ninguém e cada coisa será chamada por seu nome, e nós apelaremos à honra de cada setor. Estamos certos de uma coisa: de que em cada pessoa há uma alta dose de vergonha. Quando ela fica pensando não é um juiz severo, apesar de que, segundo minha opinião, o primeiro dever de um revolucionário é ser sumamente severo consigo próprio.

    Fala-se em crítica e autocrítica, sim, mas nossas críticas costumam vir só de um grupinho, nunca utilizamos a crítica mais ampla, nunca utilizamos a crítica num teatro.

    Se um funcionário da Saúde Pública, por exemplo, falsificou um dado, acerca da existência do mosquito Aedes Aegypti, é chamado, criticado. Eu conheço alguns que dizem: "Sim, me autocritico", e ficam tão tranqüilos, rindo! São felizes! Ah!, você se autocritica? E todo o dano que fez e todos os milhões que se perderam em conseqüência deste desleixo ou desta forma de agir?

    Crítica e autocrítica, é muito correto, isso não existia; mas não, se vamos travar a batalha devemos usar projéteis de maior calibre, é preciso utilizar a crítica e a autocrítica na sala da aula, na organização de base do Partido, e depois fora dela, depois no município e depois no país.

    Utilizemos essa vergonha que, sem dúvida, têm os homens, porque conheço muitos homens aos que chamamos de sem-vergonhas, e são justamente qualificados de sem-vergonhas, que quando em um jornal local aparece a notícia do que fez, então fica envergonhado. O ladrão engana, ou o que merece uma crítica por sua falta, engana, é também mentiroso.

    A Revolução tem que usar essas armas, e vai usá-las se for necessário! Não deveria ser necessário. A Revolução vai estabelecer os controles que forem necessários.

    (...) Temos dito que é preciso mudar o mundo, que é preciso salvá-lo, que estamos em um mundo em sua hora crítica e quase perto de um trágico final, não estou exagerando aqui para impressionar vocês todos. Pode ser que vocês tenham menos anos que eu e esse fenômeno acontecer.

    (...) Nunca gostei dos touros, embora tenha lido a Hemingway, mas de quando em vez freqüentava uma corrida de touros no México, não sei como se chama. E depois, o premio: bom toureiro, cauda, orelha. Quem o fazia perfeito lhe entregavam as duas orelhas, a cauda, um nome glorioso e a festa romana do toureio. Não tenho nada a ver com isso.

    Lembro que no começo da Revolução não sei a quem de nós, ou a qualquer de nós, se nos ocorreu falar em toureio. Éramos tão ignorantes que falávamos do toureio, porque já o tínhamos visto lá em México e porque podia atrair ao turismo. Vejam quanto nós sabíamos, e já éramos, ou acreditávamos que éramos, muito revolucionários.

    Vocês estão rindo, fico contente, porque fico animado para contar-lhes mais outras coisas.

    Uma conclusão que tirei após muitos anos: entre muitos erros que todos temos cometido, o erro mais importante foi acreditar que alguém sabia de socialismo, ou que alguém sabia como se constrói o socialismo.

    (...) Tive o privilégio de conhecer aos da Teologia da Libertação uma vez no Chile, quando visitei a Allende no ano 1971, e lá encontrei muitos padres ou representantes de diversas denominações religiosas, e colocavam a idéia de juntar forças e lutar, sem levar em conta suas crenças religiosas.

    O mundo está precisando desesperadamente de uma unidade, Sé não conseguirmos conciliar o mínimo dessa unidade, não chegaremos a lugar nenhum.

    Dizia ontem numa reunião com o representante da Santa Sé em nosso país, ao comemorar-se o 70 Aniversário das relações ininterrompidas entre Cuba e o Vaticano, que uma das coisas que apreciei muito em João Paulo II foi o espírito ecumênico. Porque estudei em escolas de mestres e professores religiosos desde a primeira classe até a sexta classe, nas escolas dos Irmãos da Salle e de jesuítas, eram religiosas, e tinha que ir a missa todos os dias. Não critico a quem desejar ir a missa, mas não concordo com que obriguem a ir todos os dias, que era o que acontecia comigo.

    (...) Quando estudamos os casos dos jovens que estão em prisão entre 20 e 30 anos de idade, vemos a procedência, níveis culturais dos pais, e tem influencia decisiva, de tal maneira que durante a batalha de idéias, nós, fazendo todo tipo de pesquisas sociais dessa índole, chegamos à conclusão de que o delito em Cuba estava estreitamente ligado ao nível cultural e ao status social dos pais; era incrível a baixíssima porcentagem de filhos de profissionais universitários e intelectuais que cometiam delitos. Como também era incrível o número de aqueles que procediam de famílias humildes onde não existia essa base cultural. Outro problema que influía muito: era a desintegração do núcleo numa família humilde de baixo nível cultural. Alguns filhos não ficavam nem com o pai nem com a mãe, mas sim com uma tia, uma avô com dificuldades de saúde ou outros problemas, isto exercia uma notável influencia no destino da criança.

    Foi então quando usamos aquelas brigadas universitárias que visitavam os bairros mais pobres, ou um dia quando decidimos mobilizar 7 000 estudantes aos que depois entreguei a cada um, um diploma, os assinei no avião quando voltava de África, pelo caminho, ninguém sabe as horas intermináveis que fiquei assinando milhares de diplomas, pelo valor que lhe concedia a aquele trabalho.

    (...) Será que as Revoluções estão chamadas a se derrubarem, ou será que os homem podem fazer com que as revoluções se derrubem?. Os homens podem ou não impedir, a sociedade pode ou não pode impedir que as revoluções se derrubem?. Até poderia acrescentar-lhes uma pergunta imediatamente. Acham que este processo revolucionário, socialista, pode ou não derrubar-se? (Exclamações de: "Não!") Pensaram nisso alguma vez? Pensaram-no com profundeza?

    (...) Mas a CIA tinha descoberto que eu tinha Parkinson. Bom, não tem importância se sofresse de Parkinson. O Papa tinha Parkinson e ficou muitos anos percorrendo o mundo, tinha uma grande vontade, lhe fizeram atentados, e eu fiz assim: "Deixa ver como é que está meu Parkinson, deixa apontar (aponta fixamente com o dedo indicador) (aplausos e exclamações), e então eu digo: Essa é a direita".

    (...) Uma vez disse que no dia em que morrer de verdade ninguém ia acreditar nisso, podia andar como o Mio Cid, que após a morte foi levado a cavalo ganhando batalhas.

    (...) Transcorreram 46 anos e a história deste país é conhecida, os habitantes deste país a conhecem; a daquele império vizinho também, o seu tamanho, seu poder, sua força, sua riqueza, sua tecnologia, seu domínio sobre o Banco Mundial, seu domínio sobre o Fundo Monetário, seu domínio sobre as finanças mundiais, esse país que tem-nos imposto o mais brutal e incrível bloqueio, sobre o qual se falou lá nas Nações Unidas e Cuba recebeu o apóio de 182 países que passaram e votaram livremente ultrapassando os riscos de votar abertamente contra esse império. E isso foi conseguido pela ilha, e não precisamente contando com o apóio do campo socialista da Europa, quando esse campo socialista desapareceu e quando a URSS também se derrubou. Não apenas fizemos esta Revolução com o nosso próprio risco durante muitos anos, em determinado momento, tínhamos a certeza de que jamais se fossemos atacados direitamente pelos Estados Unidos lutariam por nós, nem podíamos pedi-lo.

    (...) Agora, neste país pode-se poupar mais energia, inclusive, que em outros, porque este país tem 2 400 000 geladeiras antiquadas na área dos núcleos familiares, que consumem quatro ou cinco vezes mais eletricidade por hora, e esse consumo fazem-no durante 24 horas.

    (...) Vale a pena ter nascido! Vale a pena ter vivido! (Ovação.)

    Discurso de Fidel Castro, proferido na Aula Magna da Universidade de Havana, em 17 de novembro de 2005, por ocasião do 60º aniversário da sua entrada na universidade. Tradução para brasileiro dos serviços oficiais cubanos.