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7.5.08

Je vous salue, Sarajevo

Uma viagem, na expectativa de apreciar a arte de viver em Sarajevo. Dizem-me que voltou a florescer, que a excepção vingou. Mas é difícil partir sem a memória do que foi a regra há pouco mais de uma década.



«De certa forma, o medo é a filha de Deus. Redimida na noite de Sexta-feira Santa. Ela não é bela... e é enganada, maldita e desapropriada de todo. Mas não nos enganemos. O medo vela pela agonia de toda a humanidade, o medo intercede pelo Homem.
Para isso há uma regra e uma excepção.
A cultura é a regra e a arte é a excepção. Todos falam da regra: os cigarros, o computador, as camisas, a TV, Turismo, guerra. Ninguém fala da excepção. Não é falado. Está escrito: Flaubert, Dostoyevski. Está composto: Gershwin, Mozart. Está pintado: Cézanne, Vermeer. Está filmado: Antonioni, Vigo. Ou é vivido, e ali está a arte de viver: Srebenica, Mostar, Sarajevo.
A regra deseja a morte da excepção. Assim é a regra da cultura europeia..., está a organizar a morte da arte de viver que se mantém florescente.
Quando chegar a hora de fechar o livro, não sentirei nenhum pesar. Vi tanta gente morrer tão mal e tantos viver tão bem.»


[Este é um vídeo de 2 minutos, realizado por Jean-Luc Godard em 1993, um olhar sobre uma única fotografia de guerra, é uma versão reduzida do seu filme Letter to Jane, sobre o qual Sontag escreveu (um comentário válido para ambos os filmes): "o cinema é também uma lição-modelo sobre como ler qualquer fotografia, como decifrar a natureza não-inocente do enquadramento, ângulo e centro da fotografia." Para compreender esta anotação ler:
(Post) Modern Godard: VIVRE SA VIE by Shun-liang Chao; Jean-Pierre Gorin, por Erik Ulman; Susan Sontag, On Photography]

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