Em 2004 utilizei uma foto de Marcia Lorenzato para ilustrar um texto. Foi então que a fotógrafa me escreveu a agradecer a divulgação do seu trabalho, declarando que gostara, que gostava, de ver as suas fotos associadas a interpretações particulares. Marcia Lorenzato, criadora, tornava-se espectadora das reacções à sua obra. É verdade que a emoção que a sua fotografia me suscitou, convergiu com a intenção das palavras que queria expressar.
Fui seguindo o trabalho de Marcia Lorenzato, artista de origem brasileira, nascida em São Paulo, que viveu na Europa e no Canadá. De resto, ela ainda trabalha no Quebec, onde está a terminar um doutoramento em Teoria e Práctica das Artes. Este mês, em Montréal, a Galeria Art Mûr apresentou uma exposição sua intitulada Inquiétante Intimité. Sobre essas criações, diz Danielle Leenaerts, crítica de arte, professora na Université Libre de Bruxelles: Que ce soit par l’installation ou par le collage d’images photographiques retravaillées ensuite électroniquement, Marcia Lorenzato produit des représentations complexes. À partir de préoccupations récurrentes, qui sont celles du passage du temps, de la transmission intergénérationnelle, des relations de l’individu à son environnement, elle crée des variations chaque fois renouvelées, qui cherchent à stimuler l’imaginaire du spectateur.
A mim agrada-me muito a sua fixação em objectos, fragmentos, pedaços de um ambiente que parece, é, familiar, e que ela transforma, envolve, em cor e movimento, até nos aproximar da sensação de mundo onírico, flutuante. Mas o que mais me aproxima da sua obra, e quanta subjectividade contém esta afirmação, é a ideia de fragilidade que sempre me ocorre. Como se tudo se pudesse desfazer, desvanecer, desaparecer de um momento para o outro.
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