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4.8.06

Vou andar entretida a ler


O meu amigo R.R. dá-me sempre boas dicas para leitura e assim, este Verão, vou atirar-me ao Arno Gruen. A Loucura da Normalidade e A Traição do Eu (Assírio & Alvim) já esperam por mim no saco de viagem. Falsos Deuses é a outra obra do psicanalista que também já foi traduzida para português (Ed. Paz).

Quando uma criança começa a perder a consciência do seu Eu próprio, dá-se um acto de autotraição. (...) obediência e adaptação substituem-se à responsabilidade pelos próprios actos. (...) Quando uma pessoa perde o contacto com o seu interior, só pode recorrer a um Eu falsificado: a imagem que se pauta por determinado comportamento e por atitudes que agradam aos outros. A necessidade - e talvez mesmo obsessão - de preservar tal imagem, sobrepõe-se a tudo o que poderiam ter sido percepções, sentimentos e vivências empáticas genuínas. A incapacidade de estar enraizado em si próprio provoca um sentimento destrutivo e maldoso.(...)
Não sou o primeiro a debruçar-me sobre a destrutividade humana. Entre todos os seres vivos, o homem parece ser o único que destrói por destruir - como fim em si, pelas palavras do psicanalista finlandês Martti Siirala. Enquanto que Sigmund Freud ou Erich Fromm, por exemplo, atribuem a destrutividade humana ou a uma pulsão de morte inata ou a tendências necrófilas (...), penso ter encontrado muitos indícios de que os actos destrutivos e mortais do Homem têm origem na traição que cometeu contra si próprio, a fim de conseguir uma quota-parte de um poder que não passa de uma alucinação.

in A Loucura da Normalidade, pp 11-12

1 comentário:

  1. Òptimas leituras e aprendizagens sem dúvida! Também recomendo vivamente a obra do autor Arno Gruen!

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