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7.4.06

O Escritor Famoso V Edição - dia 11

Hoje chegaram três novos textos, o que perfaz 13 argumentos passíveis de adaptação a uma curta metragem. Mas, até às 24h00 do dia 9 de Abril, podem continuar a concorrer à V Edição do Escritor Famoso!


11. Didas, O homem que via muitos filmes

Abril, dia 9, ano: 3056.
Em frente ao complexo painel de comandos da nave, o Capitão Ant, finalmente a sós consigo mesmo, reflectia sobre tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. A certeza de que dele dependiam algumas centenas de vidas atormentava-o. Atormentava-o ainda mais saber que cada uma dessas vidas era um ser inocente, no desconhecimento total da realidade que era a incerteza do futuro. Apesar de ter assegurado a todos, como era seu dever, que tudo agora estava bem e prosseguiam a bom ritmo na direcção de um novo planeta, a consciência de que ainda havia inúmeros perigos a ultrapassar, provocava-lhe um nó na garganta. E se não conseguisse? E se, por incompetência sua, aquelas vidas se perdessem?
Aquelas vidas era tudo o que restava do que fora, ainda há uns dias, a gloriosa raça humana. (contin.)


12. Elipse, O Cheiro da Igreja

Quando as alpercatas iam chinelando sobre a areia, abrandava o passo, mas se as carrasqueiras rareavam o sol castigava e andava mais depressa. Debaixo do chapéu de palha ainda tinha a protecção do lenço, atado em duas pontas debaixo do queixo, misturando-se o cheiro fresco das estevas com o da transpiração e colando-se as meias à magreza das pernas. Seguia apressada, as mãos a darem o impulso da marcha, de trás para a frente, da frente para trás. Sentia a pieira no peito e o respirar era ofegante mas já avistava as primeiras casas da vila. Começavam a ver-se os chiqueiros dos porcos, à espera da faca que separasse o toucinho para a salgadeira, que o mais dos tempos a fome roía as entranhas. (contin.)


13. Artur Torrado, Roleta Russa

A cena passa-se num dado perfeito. Há um cubículo cúbico em reconstrução. Paredes sem estuque nem escuta, caídas e recuperadas de um ataque.
Uma mesa verde num chão plano. Além do dado, um baralho de cartas escritas a toda a volta com versos e infiéis. Far-se-á uma contabilidade dogmática.
Duas câmaras e várias freguesias, ou uma apenas se for bem gerida, focam alternadamente os rostos sombrios de duas personagens que podem ser dois homens, duas mulheres ou, preferencialmente, por uma questão de cotas, um homem e uma mulher ou uma mulher e um homem, para ser tão correcto quanto possível.
Admitindo que as personagens sejam capazes de dizer alguma coisa, escondem-se microfones e a câmara aproxima-se lenta mas continuamente de um rosto de cada vez. (contin.)

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