Faz hoje um ano. Aconteceram muitas coisas. Mas este sentimento de incredulidade permanece. Daqui a uns dias vou estar com a família dele, mulher e três filhos. e vai custar-me muito.
Quando aconteceu o atentado às torres gémeas em Nova Iorque conhecia uma miúda que trabalhava lá. Felizmente não lhe aconteceu nada, ainda não tinha chegado ao escritório. Passei apenas pela ansiedade de (nomeadamente a família) não conseguir contactá-la durante todo o dia. Nessa altura vivia em Paris, entre a Torre Eiffel e a Torre de Montparnasse, e de um momento para o outro vi o meu quotidiano alterar-se. Ir ao cinema significava passar por controlo policial. Deixar o carro no parque subterrâneo de Montparnasse implicava ser rodeado de polícias com cães, que obrigavam as pessoas a sair dos veículos, e tudo era passado a pente fino. Imaginem o mesmo procedimento nas Amoreiras ou no Colombo! A impressão é de viver num país em estado de sítio. Madrid e Londres ficam tão próximos que facilmente conhecíamos ou até poderíamos estar lá no momento dos atentados. Tenho amigos a viverem nas duas cidades e, mesmo irritada com essa espécie de histeria, fiz o telefonema da praxe para saber se estavam bem. O ano passado, no dia 26, quando ouvi as notícias fiz o mesmo mas sem sucesso. No dia seguinte soube que a "histeria", afinal, era justificada.
As grandes catástrofes naturais, por agora, têm ocorrido noutros continentes, e em países onde não vivem ou circulam poucos portugueses. E temos escapado a atentados terroristas. Mas esta ideia do mundo ser uma aldeia global começa a fazer mais sentido quando qualquer acontecimento distante nos afecta pessoalmente. Eu tornei-me mais compreensiva face àquele prisma recorrente nos telejornais, que é o de investigarem logo se existem vítimas de origem portuguesa. O que me parecia apenas um exercício de sensacionalismo (e às vezes é), tornou-se numa utilidade. Até porque, muitas vezes, as televisões são de facto as primeiras a ter acesso a determinadas informações úteis. O ano passado a diplomacia portuguesa portou-se mal. Os portugueses não tiveram apoio nenhum da embaixada, pelo menos na Tailândia. Quem o diz não sou eu, mas a mulher desse meu amigo que, estando à procura do marido, acabou por integrar uma comissão que deu apoio aos portugueses que lá se encontravam. A Pascale chegou a ser entrevistada pelo Expresso. Tinha uma enorme vantagem: falava thai e português. E qualidades raras: generosidade e uma grande coragem.
Já perceberam que eu ando por aqui a divagar e não vou chegar a nenhuma conclusão. O Philippe morreu. e é difícil acreditar.
Quando aconteceu o atentado às torres gémeas em Nova Iorque conhecia uma miúda que trabalhava lá. Felizmente não lhe aconteceu nada, ainda não tinha chegado ao escritório. Passei apenas pela ansiedade de (nomeadamente a família) não conseguir contactá-la durante todo o dia. Nessa altura vivia em Paris, entre a Torre Eiffel e a Torre de Montparnasse, e de um momento para o outro vi o meu quotidiano alterar-se. Ir ao cinema significava passar por controlo policial. Deixar o carro no parque subterrâneo de Montparnasse implicava ser rodeado de polícias com cães, que obrigavam as pessoas a sair dos veículos, e tudo era passado a pente fino. Imaginem o mesmo procedimento nas Amoreiras ou no Colombo! A impressão é de viver num país em estado de sítio. Madrid e Londres ficam tão próximos que facilmente conhecíamos ou até poderíamos estar lá no momento dos atentados. Tenho amigos a viverem nas duas cidades e, mesmo irritada com essa espécie de histeria, fiz o telefonema da praxe para saber se estavam bem. O ano passado, no dia 26, quando ouvi as notícias fiz o mesmo mas sem sucesso. No dia seguinte soube que a "histeria", afinal, era justificada.
As grandes catástrofes naturais, por agora, têm ocorrido noutros continentes, e em países onde não vivem ou circulam poucos portugueses. E temos escapado a atentados terroristas. Mas esta ideia do mundo ser uma aldeia global começa a fazer mais sentido quando qualquer acontecimento distante nos afecta pessoalmente. Eu tornei-me mais compreensiva face àquele prisma recorrente nos telejornais, que é o de investigarem logo se existem vítimas de origem portuguesa. O que me parecia apenas um exercício de sensacionalismo (e às vezes é), tornou-se numa utilidade. Até porque, muitas vezes, as televisões são de facto as primeiras a ter acesso a determinadas informações úteis. O ano passado a diplomacia portuguesa portou-se mal. Os portugueses não tiveram apoio nenhum da embaixada, pelo menos na Tailândia. Quem o diz não sou eu, mas a mulher desse meu amigo que, estando à procura do marido, acabou por integrar uma comissão que deu apoio aos portugueses que lá se encontravam. A Pascale chegou a ser entrevistada pelo Expresso. Tinha uma enorme vantagem: falava thai e português. E qualidades raras: generosidade e uma grande coragem.
Já perceberam que eu ando por aqui a divagar e não vou chegar a nenhuma conclusão. O Philippe morreu. e é difícil acreditar.
E com ele morreram, infelizmente, centenas de milhares de pessoas. Claro que cada um sente mais os "seus" e ainda bem que assim é senão não aguentávamos esta vida. Mas hoje impressionou-me muito a reportagem da RTP. Havia lá um rapaz que perdeu a família toda (pai, mãe e sete irmãos...)
ResponderEliminarMas custa mais quando nos toca. A minha solidariedade.
Também vi essa reportagem, Saltapocinhas. As reacções dos sobreviventes foram tão variadas, resignação e desespero, racionalidade e ilusões. Fixei a importância da(s) religião(ões) como recurso para uma explicação.O pensamento mágico retornou em força. Infelizmente ouvi muitas vezes a palavras "castigo"!
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