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3.3.05

... gosto que há no mundo


Theo Jennissen

Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:

Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.



Manuel Maria Barbosa du Bocage
Sonetos, XII
Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas

2 comentários:

  1. Ah, Barbosa, voltaste a fazê-lo.


    Ó tranças de que Amor prisões me tece,
    Ó mãos de neve, que regeis meu fado!
    Ó tesouro! Ó mistério! Ó par sagrado,
    Onde o menino alígero adormece!

    Ó ledos olhos, cuja luz parece
    Tênue raio de sol! Ó gesto amado,
    De rosas e açucenas semeado,
    Por quem morrera esta alma, se pudesse!

    Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
    E por cujos dulcíssimos favores
    Talvez o próprio Júpiter suspira!

    Ó perfeições! Ó dons encantadores!
    De quem sois? Sois de Vênus? — É mentira;
    Sois de Dundo, sois dos meus amores.

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  2. Adoro esses poemas do Bocage. Tenho até uma pequena colecção de poemas desse Senhor! Era mesmo maluquinho o Bocage. Bjs

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