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30.11.04

Hannah Arendt

o primeiro post. as promessas são para cumprir. porque precisamos de certezas. (ilusões!). deixo alguns apontamentos sobre esta grande senhora

Nome: Hannah Arendt
Vita: 1906-1975
Origem: Alemanha
Religião: Judaísmo
Domínio: Filosofia, Teoria Política
Enfoque: Totalitarismo, Revoluções, Natureza da Liberdade, Pluralidade

A sua obra A Condição Humana* foi escrita em 1958. Arendt analisa o processo através do qual emergiu a moderna alienação. Apesar de reconhecer o pensamento como a actividade mais humana, esta obra centra-se no que ela designa por vita activa. Ela considera três actividades humanas: labor, trabalho (work) e acção (action). "Trata-se de actividades fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condições básicas mediante as quais a vida foi dada ao homem" (p. 19)
" O labor assegura não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a vida da espécie. O trabalho e o seu produto, o artefacto humano, emprestam certa permanência e durabilidade à futilidade da vida mortal e ao carácter efêmero do tempo humano. A acção, na medida em que se empenha em fundar e preservar corpos políticos, cria a condição para a lembrança, ou seja, para a história." (pp 20-21)
" A acção, a única actividade que se exerce directamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, corresponde à condição humana da pluralidade..." (p. 20)

" A tarefa e a grandeza potencial dos mortais têm a ver com a sua capacidade de produzir coisas - obras e feitos e palavras - que mereceriam pertencer, e pelo menos até certo ponto, pertencem à eternidade, de modo que, através delas, os mortais possam encontrar o seu lugar num cosmos onde tudo é imortal, excepto eles próprios." (p. 31)

* publicada pela Relógio d'Agua, 2001

A Condição Humana III

Sobre a Ciência

"Nem as especulações dos filósofos, nem a imaginação dos astrónomos chegaram alguma vez a constituir verdadeiros acontecimentos. (...) as ideias vêm e vão, duram algum tempo, podem até alcançar uma certa imortalidade própria, dependendo do seu poder de iluminar e esclarecer (...) O que Galileu fez e que ninguém tinha feito antes foi usar o telescópio..." p. 323

"Se hoje os cientistas nos dizem que podemos presumir com igual validade que a Terra gira à volta do Sol ou que o Sol gira em torno da Terra, que ambos os pressupostos se aplicam a fenómenos observados, e que a diferença está apenas na escolha do ponto de referência (...) Significa, antes, que transferimos o ponto de vista arquimediano um pouco mais além da Terra, para um ponto do universo onde nem a Terra nem o Sol são o centro de um sistema universal. (...) No que diz respeito às realizações práticas da ciência moderna, esta mudança do antigo sistema heliocêntrico para um sistema sem centro fixo é, sem dúvida, tão importante como a mudança original do conceito de um mundo geocêntrico para o de um mundo heliocêntrico. Só agora nos afirmamos como seres universais..." p. 327

" o tremendo aumento do poder humano de destruição (...) não menos terrível e não menos difícil de compreender é o novo poder de criar (...) povoar o espaço à volta da Terra com estrelas feitas pelo homem (...) Emprego deliberadamente a palavra criar para indicar que estamos, na verdade, a fazer aquilo que todas as eras antes de nós julgavam ser a prerrogativa exclusiva da acção divina." pp 333-334

"A história mostra claramente que a moderna tecnologia resultou não da evolução daquelas ferramentas que o homem sempre havia inventado para o duplo fim de atenuar o labor e de erigir o artifício humano, mas exclusivamente da busca de conhecimento inútil, inteiramente desprovido de senso prático. Assim, o relógio (...) inventado exclusivamente para a finalidade teórica de realizar certas experiências com a natureza. É certo que esta invenção, logo que a sua utilidade prática foi percebida, mudou o ritmo e a própria fisionomia da vida humana; mas isso, do ponto de vista dos seus inventores, foi um mero acidente. (...) é pouco provável que o nosso mundo condicionado à técnica pudesse sobreviver, e muito menos continuar a desenvolver-se, se conseguíssemos convencer-nos de que o homem é, antes de tudo, uma criatura prática." p. 355

" A mudança do por que e do o que para o como implica que os verdadeiros objectos do conhecimento já não são coisas ou movimentos eternos, mas processos, e portanto o objecto da ciência já não é a natureza ou o universo mas a história - a história de como vieram a existir a natureza, a vida ou o universo. (...) o processo de evolução, conceito-chave das ciências históricas, tornou-se o conceito central também das ciências físicas." p. 363

"Retemos ainda a capacidade de agir, pelo menos no sentido de desencadear processos, muito embora esta capacidade se tenha tornado prerrogativa dos cientistas, que ampliaram a esfera dos negócios humanos ao ponto de extinguir a consagrada linha divisória e protectora entre a natureza e o mundo humano. (...) parece bem mais justo que os feitos desses cientistas tenham assumido maior valor como notícia e maior importância política que os feitos administrativos e diplomáticos da maioria dos chamados estadistas." p. 394

"Mas a acção dos cientistas, que intervém (...) não com a textura das relações humanas, não tem o carácter revelador da acção nem a capacidade de produzir histórias e tornar-se histórica - carácter e capacidade que, juntos, constituem a própria fonte do sentido que ilumina a existência humana." p. 394


in Arendt, Hannah, A Condição Humana, Relógio d' Agua, 2001

Aos 35 investigadores da Unidade de Desenvolvimento de Produto da Vulcano

29.11.04

A Condição Humana II

Sobre a Bondade

"A bondade num estilo absoluto, em contraposição à utilidade ou à excelência na antiguidade greco-romana, apenas se tornou conhecida na nossa civilização com o advento do cristianismo." p. 87

"A única actividade que Jesus ensinou, por palavras e actos, foi a bondade; e a bondade contém, obviamente, uma certa tendência para evitar ser vista e ouvida. (...) Quando a bondade se mostra abertamente já não é bondade, embora possa ser útil como caridade organizada ou como acto de solidariedade. Daí: Não dês as esmolas diante dos homens, para seres visto por eles." p. 88

"Talvez seja esta curiosa qualidade negativa da bondade, a ausência do fenómeno visível da aparência, o que torna o surgimento de Jesus de Nazaré na história um acontecimento tão profundamente paradoxal" p. 88

"Por que me chamais bom? (...) toda a vida de Jesus parece atestar que o amor à bondade resulta da compreensão de que nenhum homem pode ser bom." p. 88

"E, no entanto, o amor à bondade, ao contrário do amor à sabedoria, não se limita à experiência de poucos, da mesma forma que o isolamento, ao contrário da solidão, está ao alcance da experiência de todos os homens. Em certo sentido, portanto, a bondade e o isolamento têm muito mais relevância para a política que a sabedoria e a solidão." p. 90

"Talvez ninguém tenha percebido tão claramente essa qualidade destrutiva da bondade como Maquiavel que, numa passagem famosa, tem a ousadia de ensinar os homens a não serem bons. (...) A bondade que sai do seu esconderijo e assume papel público deixa de ser boa: torna-se corrupta nos seus próprios termos..." p. 91


in Arendt, Hannah, A Condição Humana, Relógio d' Agua, 2001

A Condição Humana I

Privacidade

" O amor é, pela sua própria natureza, não verbal, e é por essa razão que ele é não só apolítico como também anti-político. O amor é talvez a mais poderosa de todas as forças humanas anti-políticas"

"O amor, por exemplo, em contraposição à amizade, morre ou, antes, extingue-se assim que é trazido a público." p. 66

"Sempre que falamos de coisas que só podem ser experimentadas na privacidade ou na intimidade, trazemo-las para uma esfera na qual assumirão uma espécie de realidade que, apesar da sua intensidade, jamais poderiam ter tido antes." pp 64-65

"O sentimento mais intenso que conhecemos - intenso ao ponto de eclipsar todas as outras experiências, ou seja, a experiência de grande dor física - é, ao mesmo tempo, o mais privado e menos comunicável de todos." p. 65

" O primeiro eloquente explorador da intimidade - e até certo ponto, o seu teorizador - foi Jean-Jacques Rousseau; e é significativo que ele seja o único grande autor ao qual ainda hoje nos referimos frequentemente pelo primeiro nome. (...) A intimidade do coração, ao contrário da intimidade da moradia privada, não tem lugar objectivo e tangível no mundo..." p. 53

"[Ascenção do Social] O surpreendente florescimento da poesia e da música, a partir de meados do século XVIII até quase ao último terço do século XIX, acompanhado do surgimento do romance, a única forma de arte inteiramente social, coincidindo com um não menos surpreendente declínio de todas as artes mais públicas, especialmente a arquitectura, constitui testemunho suficiente de uma estreita relação entre o social e o íntimo." p. 53

" Finalmente, a actividade de pensar (...) ainda é possível, e sem dúvida ocorre, onde quer que os homens vivam em condições de liberdade política. Infelizmente, e ao contrário do que geralmente se supõe quanto à proverbial torre de marfim dos pensadores, nenhuma outra capacidade humana é tão vulnerável; de facto, numa tirania, é muito mais fácil agir que pensar." p. 395


in Arendt, Hannah, A Condição Humana, Relógio d' Agua, 2001


Ao Gonçalo Tavares, defensor da intimidade do coração, da moradia privada, e da linguagem privada (Wittgenstein).

Idade do Meio

Os meus próximos entrevistados: João Paulo Oliveira, administrador industrial da Vulcano e Gonçalo Tavares, escritor. Têm 38 e 34 anos.
Estamos todos na idade do meio. Será que com os homens também é assim?

estou na idade do meio. é urgente o registo porque daqui a pouco já não estou lá

talvez existam várias idades do meio. então, cheguei apenas à minha primeira idade do meio
é assim, já não temos vinte e muitos, passamos os 35, estamos quase nos 40, mas estamos próximos de todos
ainda há pouco não tínhamos filhos, partíamos de viagem, marcávamos reuniões, saíamos à noite sem programar babysitting,


não falávamos de filhos, das suas gracinhas, conquistas e febres,

consumíamos cinema, teatro e concertos com inconsciência e curiosidade, dávamos beijos, alguém dizia sempre bonita ou vamos? e nós às vezes íamos, outras não, não faz mal
agora estamos lá e em dias bons pensamos estou bonita e depois vamos... beijar os filhos, às vezes fazemos amor e é bom, outras não, não faz mal
mas somos como ainda há pouco, ou queremos ser, não estranhamos os da idade anterior
às vezes vivem como nós, têm filhos com a idade dos nossos, e são colegas no trabalho, parceiros na classe de dança, vizinhos do T2 de férias mas têm menos 10 anos
às vezes vamos um pouco mais à frente, outras vezes atrasamo-nos
quando eles têm apenas mais alguns anos mas os putos já têm namoradas, estão a acabar o liceu, têm os seus programas
e eles são ainda bonitos e apetece às vezes dizer vamos? e é tão complicado ir, não faz mal
somos todos, os de antes e os que se seguem
mas eles nem sempre se dão conta disso, não faz mal
o meu colega vladimir que estuda design e faz maquetes com um cuidado de artesão insiste em me tratar por você, a alice olha para as minhas filhas pequeninas e diz que saudades
mas eu ainda estou a aprender, como ele, e já sei como são essas saudades, alice
antes da idade do meio, há um periodo de transição, somos menina no cabeleireiro, senhora no táxi, miúda para piropo, sôtora no emprego
na idade do meio a menina e a miúda desaparecem, parece que só somos uma coisa
não faz mal
na idade do meio protegemos o núcleo duro mas somos extensas e elásticas
amamos mais


20.11.04

Vlasta já dorme


O set das gravações

E pronto, chegou ao fim a entrevista, e a tarde. "Vlasta já dorme. Pobre pequena. De vez em quando, ligeiramente, ressona. Tudo dorme em nossa casa. E eu estou estendido, largo, comprido, grande, e penso como estou sem força"*. Não, não foi assim.
* Kundera, Milan, A Brincadeira, Don Quixote, 1987

Making Of

Entrevista a Sónia Sequeira e Jorge Ferreira, gerentes de O Navio de Espelhos

Momento 1:
- Jorge, estou a pensar fazer uma série de entrevistas que serão publicadas no Noticias de Aveiro. O Júlio Almeida, editor do jornal, mostrou-se interessado quando lhe apresentei a ideia.
Estarias disponível?
- Claro que sim!
(correcção: como ainda não nos conhecíamos, não tutuava, pelo que devo ter dito "Estaria disponível?")

Momento Duas ou Três Conversas Mais à Frente, Dia da Entrevista:
- Era mais fácil se nos tratássemos por tu, não era?
- Ah, claro!

Cenário:
A livraria. Estamos numa segunda-feira que é o dia de descanso semanal. A única pessoa que não descansa hoje é a senhora da limpeza. Desorganizamos a desordem: as cadeiras que estavam em cima da mesa, voltam para o chão e sentamo-nos, como num café. O Jorge parece a escultura do Fernando Pessoa na Brasileira em Lisboa. Tem óculos e cruza a perna. Eu tiro o material: guião, folhas, gravador, máquina fotográfica.

Warming-up:
Diz-me que a Sónia deve chegar mais tarde. Andam cansados. Está a decorrer o SET e têm uma banca com livros no Salão Nobre do Teatro Aveirense. O fim de semana teve muitas horas.
Digo-lhe que fiz muitas dezenas de entrevistas mas que esta é a minha primeira entrevista jornalística. Todas as outras foram realizadas no âmbito de investigações sociológicas ou para estudos de mercado. Sendo diferente o objectivo, decidi não alterar muito a abordagem: o pressuposto é o de que não há respostas certas ou erradas. Deixo-o expressar-se livremente para compreender como ele pensa e o que o move. Raramente vou assumir o princípio do contraditório. E o meu guião é apenas uma orientação, não é um questionário. Vou seguir o fluir do seu discurso.

Durante:
O meu entrevistado é óptimo. porque tem muitas coisas para dizer. e essas coisas são interessantes.
O que ele disse, podem lêr no www.NoticiasdeAveiro.pt .
A Sónia chegou entretanto. Ouve a entrevista do Jorge, enquanto arruma livros. Não consegue estar parada. As botas que martelam o soalho podem causar ruído na gravação? Tira as botas. Botas caladas. A senhora da limpeza saíra. Para datas e outros pormenores, o Jorge consulta a Sónia. E depois é a vez da Sónia.
- Aviso já que hoje não sei bem quem sou! Não é um bom dia para entrevistas...
Eu disse-lhe que entendia. Era o que devia dizer mas Sónia, eu entendo mesmo.
E depois, afinal, era um bom dia. Já sabem onde devem clicar para lêr o que ela disse.
No final, a conversa foi a três.
Como o Jorge já tinha sido bastante claro quanto ao conceito e à história da criação da livraria, a Sónia aprofundou a questão dos programas de incentivo à leitura ou a preocupação com a secção de literatura infantil.
Uma nota: os dois estão em completa sintonia.
Outra nota: o poema que o Jorge declama tão bem é do Mário Césariny (A Cidade Queimada, O Navio de Espelhos XIII); o Jorge não precisou de o lêr - o poema estava dentro da sua caixa de memória viva.

O Tratamento da Entrevista:
Foi transcrito todo o material gravado, e este é reproduzido quase integralmente. Por razões de economia de espaço e para maior facilidade de leitura, agreguei as respostas dos dois entrevistados por assuntos (apresentação, percurso escolar, leituras feitas) como se a entrevista tivesse sido sempre simultânea. Perdoem-me este artifício na forma.

A Análise:
Pela primeira vez não tenho que mergulhar numa análise de conteúdo post-entrevista. Ou, se o fizer, posso guardá-la só para mim. Como vocês.

19.11.04

O Navio de Espelhos

Quando entramos na livraria temos vontade de ficar por lá a namorar os livros. E gosto de saber que a Sónia e o Jorge gostam de assistir a esse jogo romântico.
Começamos pelas mesas da entrada, damos a volta, as voltas, passamos a outra mesa, repetimos a dança, olhamos as estantes..., até que devagarinho chegamos lá ao fundo. Piruetas, dégagés, ronds de jambe, pliés e demi-pliés, adage com arabesque e a cabeça um pouco à roda. Eu sugiro que nos deixem molhar a sola dos sapatos e as pontas dos dedos numa bacia de tinta para que fique em exposição a coreografia dos nossos apetites.
Na rede vão caindo peixes, pedras, conchas, algas, piratas... Alguns agarramos bem, são tesouros raros, golpes de paixão, cheiros familiares, algodão doce, medo das bruxas, já sabem a saciedade.
Outros deixamos que escorreguem, hei-de apanhar-te na próxima, ... e se me esqueço?
- Os Capitães sabem desses volteios, por isso guardam-nos os amores.

A Livraria


Viajar, dançar, descobrir, namorar com os livros.


Como gostava de lêr e ia para uma viagem longa o senhor Juarroz decidiu pôr na mala seis exemplares do mesmo livro.

Viagem Longa, in Tavares, Gonçalo M., O Senhor Juarroz, Ed. Caminho, 2004

O Conceito

Se Hannah Arendt tiver razão e a liberdade depender da acção (action), os nossos entrevistados são homens livres.

Através da sua obra e do seu pensamento, eles empenham-se em transformar o nosso mundo. Enveredaram por caminhos arriscados ou pouco explorados, seguindo o princípio da fidelidade ao sonho. Ou a um sonho. Porque é possível.

Alguns são Divas e todos os reconhecemos. Outros são fantásticos Contrabaixos, instrumentos que as boas orquestras não dispensam mas em que nem sempre reparamos.

E, entre actos, fazem uma pausa. Para pensar, partilhar, conversar connosco.

Ou talvez estas entrevistas sejam outro acto. Porque este é um espaço público.


Completando esta introdução ao novo suplemento de entrevistas do Notícias de Aveiro, acrescento o pressuposto, implícito nas reflexões de Hannah Arendt e no meu propósito, de que este será um espaço público e PLURAL.

E então quem é esta Hannah Arendt? Nos próximos posts vou deixar alguns apontamentos mas não se esqueçam de lêr A Condição Humana, escrito por ela em 1958 (Ed. Relógio D' Agua).

Mas se preferirem livros menos densos (sendo que densidade não é igual a intensidade), leiam O Contrabaixo (1984) de Patrick Süskind (Ed. Difel). Deixo-vos um fragmento:

"Comer marisco ou sopa rica de peixe! Enquanto o homem que a adora fica numa sala à prova de som e não faz outra coisa senão pensar nela, com um instrumento disforme entre as mãos, do qual nem um, nem um único som é capaz de tirar, dos que ela canta! ...Sabem do que é que eu preciso? Preciso sempre de uma mulher que nunca hei-de ter. Enquanto eu não a tiver, não preciso de nenhuma outra." (pp 53-54)