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19.11.04

O Navio de Espelhos

Quando entramos na livraria temos vontade de ficar por lá a namorar os livros. E gosto de saber que a Sónia e o Jorge gostam de assistir a esse jogo romântico.
Começamos pelas mesas da entrada, damos a volta, as voltas, passamos a outra mesa, repetimos a dança, olhamos as estantes..., até que devagarinho chegamos lá ao fundo. Piruetas, dégagés, ronds de jambe, pliés e demi-pliés, adage com arabesque e a cabeça um pouco à roda. Eu sugiro que nos deixem molhar a sola dos sapatos e as pontas dos dedos numa bacia de tinta para que fique em exposição a coreografia dos nossos apetites.
Na rede vão caindo peixes, pedras, conchas, algas, piratas... Alguns agarramos bem, são tesouros raros, golpes de paixão, cheiros familiares, algodão doce, medo das bruxas, já sabem a saciedade.
Outros deixamos que escorreguem, hei-de apanhar-te na próxima, ... e se me esqueço?
- Os Capitães sabem desses volteios, por isso guardam-nos os amores.

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