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7.1.13

Migração

Daqui a algumas horas vou mudar de Estado. Vou juntar-me a todos os que migram para deixar de ser o que eram. Não sei se falo a língua do meu destino.


MRF,
Ágora(fobia)

2 comentários:

  1. Não sei bem se vai partir. No entanto, deixo aqui palavras minhas tão solidárias como no momento em que as escrevi. É também para isso que a poesia serve.

    CANÇÃO DOS QUE PARTEM

    Vamos embora, o mar já se não sente
    com o seu hálito
    e as videiras parece que secaram
    por falta de alegria.

    Está aí o outono, encharca-nos as veias,
    e todos recolhemos
    mudos a nossas casas. Nem um copo
    de vinho nos cai bem.

    Hoje qualquer sítio é melhor do que este
    e tanto quanto mais longe estiver.
    Pesa-nos o destino de nós todos
    sermos pequenos

    como as velhas cidades quando
    a guerra as assolava,
    ruas que eram vielas,
    a gente que depois enchia

    as estradas de fuga, como agora
    sucede sem se ver.
    Aqui não somos livres e não tarda
    os meirinhos virão por nós,

    levando-nos as coisas penhoradas
    quando nada devemos,
    e assim actuam desde o início,
    às vezes a ira, o sangue, a história.

    In Elegias de Cronos (2012)

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