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4.8.12

Atlas, o gigante e a vértebra de Elena Córdoba__na sala b

Espectáculo na Sala b, diz o programa do Citemor. Damos voltas à vila, um sobe desce pequenas ruas, vielas, na direção do castelo e na direção oposta, ali para os lados da biblioteca, ali para os lados da praça das artes, ali ao pé da praça do município. Comes qualquer coisa no único café que está aberto, D. Dinis de seu nome, mas não, ninguém sabe onde fica a Sala b. Surreal. Finalmente, à segunda tentativa, a recepcionista do Hotel Abade João dá a pista certa. Encontrámos a Sala b, uma casa em ruínas, que ardeu há anos, sem tecto, portas, janelas, cheia de lua cheia e de gente.

Começa o universo Elena Córdoba. Um outro espectáculo que não este aqui. Há imagens muito poéticas, a postura da bailarina-performer é singular, bizarra, mas também decadente, acabei por não gostar. Mas talvez vocês apreciem e ela vai lá estar hoje novamente. na Sala b.

E depois, conversa. O público, a equipa da organização, o Citemor, o estado da cultura, a morte anunciada de mais um festival. O Citemor já vai na 34ª edição, têm 25% do orçamento de há 2 anos. O dinheiro não chega para o aluguer de equipamentos, bancadas, geradores, tudo, até porque a vila só tem o pequeno (e belíssimo) Teatro Esther de Carvalho. Utilizar espaços não convencionais é uma opção estética e... bem, não é opção, é o que tem que ser.

Nenhum artista ou membro da organização teve cachet este ano.
No Citemor, artistas e membros da organização pagam para trabalhar.
Há qualquer coisa de muito singular a acontecer por todo o lado, neste país.

Atravessar as várias praças de Montemor, algumas com instalações de arte contemporânea. Há uma, do Teatro O Bando (João Brites e Rui Francisco), na praça do município: um muro de tijolos e filas com cadeiras de cinema (de veludo bordeaux) de ambos os lados. O que está do outro lado do muro? E do outro lado de nós mesmos? Virados para o muro, de costas para o mundo, frente a quê e a quem? "Tire uma fotografia de costas e envie para geral@obando.pt"

Uma vila deserta ocupada por "alternativos". Em poucas horas, conhecer os donos do café, a Eva, filha da namorada do dono de..., e a prima da Eva, o cão rafeiro Romeu, o mendigo da terra, o Sr. Ferreira, o pessoal do bar que abriu esta semana e que vai ficar aberto até o sol aparecer lentamente no céu___ que continua estrelado.

Comer bôla de chouriço e sandes de carne assada ao relento. Embrulhados em xailes, ou não. Regressar cheia de sono e de rostos.

Foi bom.

Estreia de "LA MUJER DE LA LAGRIMA" de Elena Cordoba, com Elena Cordoba y Maria José Pire , no Teatro Esther de Carvalho. Estreia no 32º CITEMOR, Festival de Montemor-o-Velho, 5 de agosto 2010. Video de Hugo Barbosa e Pamela Gallo para o blogue do festival do Citemor.

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