Ana de Peñalosa dialoga com a sua imagem em criança
1. "Eu estou à porta azul celeste, e bato" - ouviu.
2. Estou velha, pensa Ana de Peñalosa, e é agora que alguém diz "abandona tudo, mesmo a tua decrepitude, e vem".
... Onde está é um sítio ávido, como são todos as paragens. No seu quarto só avança quando dorme, iluminada pela lamparina sobre
3. a cómoda, diante do ícone que veio da serra da Arrábida.
"Vamos ver a nostalgia do mar" - diz-lhe a criança de cinco anos que encontra quando repousa o seu próprio retrato. A força do seu rosto,
oculto
pelo chapéu de abas,
impele-a, para um litoral de maresia
através de passos desconhecidos que farão soar
pelo mundo.
(...)
A criança acordou-a no sonho e não podia
retardar__________
Tiveram de sulcar juntas muitos dias que faziam
parte do passado com uma imagem do futuro na
fímbria ou ponta. Tiveram de abrir a porta
passada do presente e
quem
o fez, foi a criança
que lhe tirou definitivamente a bengala.
(...)
in MARIA GABRIELA LLANSOL (1931-2008),
"Da sebe ao ser",
Edições Rolim, 1988
Imagem: Alessandra Sanguinetti (1968), ARGENTINA. Buenos Aires. 2001. Ophelias.
1. "Eu estou à porta azul celeste, e bato" - ouviu.
2. Estou velha, pensa Ana de Peñalosa, e é agora que alguém diz "abandona tudo, mesmo a tua decrepitude, e vem".
... Onde está é um sítio ávido, como são todos as paragens. No seu quarto só avança quando dorme, iluminada pela lamparina sobre
3. a cómoda, diante do ícone que veio da serra da Arrábida.
"Vamos ver a nostalgia do mar" - diz-lhe a criança de cinco anos que encontra quando repousa o seu próprio retrato. A força do seu rosto,
oculto
pelo chapéu de abas,
impele-a, para um litoral de maresia
através de passos desconhecidos que farão soar
pelo mundo.
(...)
A criança acordou-a no sonho e não podia
retardar__________
Tiveram de sulcar juntas muitos dias que faziam
parte do passado com uma imagem do futuro na
fímbria ou ponta. Tiveram de abrir a porta
passada do presente e
quem
o fez, foi a criança
que lhe tirou definitivamente a bengala.
(...)
in MARIA GABRIELA LLANSOL (1931-2008),
"Da sebe ao ser",
Edições Rolim, 1988
Imagem: Alessandra Sanguinetti (1968), ARGENTINA. Buenos Aires. 2001. Ophelias.
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