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14.5.12

«os poetas inventaram sempre os mitos de que precisávamos»


Maria Manuel Baptista é Doutorada em Cultura, pela Universidade de Aveiro, com a dissertação «A Paixão de Compreender: A Filosofia da Cultura em Eduardo Lourenço» (2002). Publicou uma vasta bibliografia sobre Eduardo Lourenço. Este fragmento foi retirado da sua intervenção no Congresso Internacional Eduardo Lourenço (Outubro 2008).

"A reflexão de Eduardo Lourenço sobre a importância da arte, do artista, do imaginário e da criação na compreensão da realidade inicia-se já na década de 40 começando por lançar mão de Kant e Leibniz passando por Hegel e Croce. Note-se, porém que, aquilo que Lourenço partilha nesta fase da sua obra com a estética romântica (e também com a estética kantiana) não vai muito além de uma forma mitigada de conceber o ‘génio’, pois que toda a sua atenção está predominantemente voltada para a fenomenologia e a correlativa temática da existência nas suas relações com as essências. Não é surpreendente, pois, que nos seus escritos desta época (finais dos anos 40 einícios dos anos 50) as concepções lourenceanas relativas à fruição estética e à crítica literária se aproximem bem mais de Bachelard do que de Kant. Diríamos mesmo que Lourenço, sobretudo através de Antero de Quental (mas também de Oliveira Martins) participa nesta fase de uma estética romântica, a qual racional e teoricamente, procura de algum modo ultrapassar, recorrendo o quanto possível aos instrumentos teóricos e conceptuais fornecidos pela fenomenologia do acto poético. Nesta altura começa já Lourenço a relacionar a imaginação poética com a criação de mitos, considerando que «os poetas inventaram sempre os mitos de que precisávamos e aos quais recorremos se não temos génio para os ampliar ou inventar outros»."

Para ler o texto na íntegra, seguir este link.

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