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13.6.10
LIBERDADE
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isso
É Jesus Cristo
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
(n.13 de Junho de 1888)
Imagem: Capote (2006). Vale a pena. Acrílico sobre tela. 100x100 cm
Há quanto tempo não lia este poema de Pessoa!
ResponderEliminarÉ sempre um prazer reler Fernando Pessoa...
ResponderEliminarAdoro quando um poema de Pessoa que não conhecia chega em minha alma.
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