«Apesar das aparências, a melancolia não é essencialmente a expressão da nossa derrota, como seres simbolicamente imortais, às mãos do tempo, mas a última encenação de todo o nosso ser para aliviar o luto das nossas esperanças desfeitas, dos nossos anseios perdidos, dos nossos amores defuntos. Há entre a melancolia e a nostalgia uma profunda afinidade. Confundimos talvez amiúde uma com outra, ou há entre elas tal entrelaçamento que não é fácil distingui-las. Uma poema de Álvaro de Campos pode ler-se em qualquer dos dois registos:
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
[...]
Hoje faço anos.
Duro.
Somam-se-me os dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
[...]
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!»
in Eduardo Lourenço, Mitologia da Saudade
Gradiva, 2001, pp. 98-99
«O tempo em que festejavam o dia dos meus anos» está de volta. Parabéns Eduardo Lourenço! Gosto da sua data de nascimento: 23 de Maio de 1923. Somaram-se apenas alguns dias. e sabemos, mais do que a quantidade, o importante é a tradição da qualidade dos dias.
Gradiva, 2001, pp. 98-99
«O tempo em que festejavam o dia dos meus anos» está de volta. Parabéns Eduardo Lourenço! Gosto da sua data de nascimento: 23 de Maio de 1923. Somaram-se apenas alguns dias. e sabemos, mais do que a quantidade, o importante é a tradição da qualidade dos dias.
subscrevo e envio o meu voto sicero e saudoso de parabéns.
ResponderEliminarum abraço
cláudia
Se calhar, já no próximo!
ResponderEliminarque dizes?
csd