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30.4.09
O esterco do mundo
Tenho amigos que rezam a Simone Weil
Há muitos anos reparo em Flannery O'Connor
Rezar deve ser como essas coisas
que dizemos a alguém que dorme
temos e não temos esperança alguma
só a beleza pode descer para salvar-nos
quando as barreiras levantadas
permitirem
às imagens, aos ruídos, aos espúrios sedimentos
integrar o magnífico
cortejo sobre os escombros
Os orantes são mendigos da última hora
remexem profundamente através do vazio
até que neles
o vazio deflagre
São Paulo explica-o na Primeira Carta aos Coríntios,
«até agora somos o esterco do mundo»,
citação que Flannery O'Connor trazia à cabeceira
José Tolentino Mendonça
«O Esterco do Mundo», in A Estrada Branca
Assírio & Alvim, 2005
27.4.09
25 de Abril: quantos tijolos tem a Sé e qual foi a primeira colónia a declarar independência?
Ontem, em frente à Sé de Aveiro, uma rapariga aparentando 16/17 anos aproxima-se do grupo em que eu estava e pergunta se nos recordamos do 25 de Abril. Por causa de um inquérito. Que sim, dizemos nós, quarentões. Uáu, finalmente alguém! - exclama ela. E então, surge a primeira questão: em que ano foi concluída a construção da Sé? Como? Mas o que é que a Sé tem a ver com o 25 de Abril! Ela não sabe, mas também quer saber quantos tijolos tem a Sé... Não sabemos. Falamos-lhe da História da Sé, que era a Igreja do Convento de S. Domingos, mas sofreu tantas remodelações desde o século XV que... Ok, então qual foi a primeira colónia portuguesa a tornar-se independente? A Guiné. De certeza? De certeza, ainda antes do 25 de Abril, via unilateral. Mas só em 1974 é que Portugal reconheceu a sua independência. Porquê? Porquê o quê? Não importa, e qual foi a última colónia a tornar-se independente? Angola. Então e qual foi o primeiro presidente da República depois do 25 de Abril? António de Spínola. Mas, com ou sem eleições democráticas, perguntámos. Não sabe, vai ver... mas na questão isso não vem especificado. Mostra-nos umas fotos e diz que sabe que foi um destes (Ramalho Eanes, Mário Soares, Otelo Saraiva de Carvalho,...; não aparece Spínola). Ramalho Eanes. Uff, obrigada, já tenho resposta para tudo. Então não é um inquérito... É!
(Bem, nós ficámos a discutir a descolonização e em casa decidi verificar a data das independências; no Secundário já deviam saber fazer pesquisas na net ou na biblioteca da escola! terá havido um professor a listar aquelas perguntas e a mandá-los para a rua "inquirir"? dos "poucos" nascidos antes de 1974, haverá quem não saiba responder? quer dizer, agora sei que houve a construção de um novo corpo na Sé, em 1974 - 1976. coincidência, ou há um fundamento político? e quem me sabe dizer quantos tijolos tem a Sé? ;)
(Bem, nós ficámos a discutir a descolonização e em casa decidi verificar a data das independências; no Secundário já deviam saber fazer pesquisas na net ou na biblioteca da escola! terá havido um professor a listar aquelas perguntas e a mandá-los para a rua "inquirir"? dos "poucos" nascidos antes de 1974, haverá quem não saiba responder? quer dizer, agora sei que houve a construção de um novo corpo na Sé, em 1974 - 1976. coincidência, ou há um fundamento político? e quem me sabe dizer quantos tijolos tem a Sé? ;)
25.4.09
22.4.09
Un tour dans le monde de la nouvelle chanson française
Dolores, deixo-te uma amostra. Quase ninguém os conhece por cá. A chanson française perdeu todas as chances nesta era das indústrias culturais. Beh tampis...
ALAIN BASHUNG - Osez Joséphine
BÉNABAR - Psychopathe
FLORENT PAGNY - Ma liberté de penser
ISABELLE BOULAY - D'aventures en aventures
JACQUES HIGELIN - Tombé du Ciel
JULIEN CLERC - Ma préférence
LIANE FOLY - Doucement
MICHEL JONASZ - Super Nana
MIOSSEC - La Melancolie
WILLIAM SHELLER - Un Homme Heureux
ALAIN BASHUNG - Osez Joséphine
BÉNABAR - Psychopathe
FLORENT PAGNY - Ma liberté de penser
ISABELLE BOULAY - D'aventures en aventures
JACQUES HIGELIN - Tombé du Ciel
JULIEN CLERC - Ma préférence
LIANE FOLY - Doucement
MICHEL JONASZ - Super Nana
MIOSSEC - La Melancolie
WILLIAM SHELLER - Un Homme Heureux
21.4.09
19.4.09
Mankind Is No Island
Filme vencedor do Tropfest NY 2008
Tropfest é um dos festivais de referência de curtas metragens. Começou há 17 anos em Sidney e o ano passado foi criada uma extensão em Nova Iorque. Este filme foi inteiramente filmado com um telemóvel e o seu custo foi de US$ 40.00 (30 euros).
14.4.09
Leituras para mais gostos
A Livraria Buchholz Aveiro foi inaugurada a 28 de Março. Fica na Praça Marquês de Pombal (nº 3). «Com um espólio inicial de cerca de 20 mil livros, espalhados por uma área de 120 metros quadrados, os livros estrangeiros importados são um dos pontos fortes deste novo espaço, que “não quer fazer concorrência directa às outras livrarias da cidade, mas sim destacar-se pela diferença”, destacou José Ribeiro na inauguração do espaço. Disponível ainda uma secção alfarrabista de livros antigos, uma área de literatura portuguesa, outra infanto-juvenil, além do espaço dedicado às edições e autores do grupo editorial e livreiro Fundação Agostinho Fernandes (cerca de 100), constituído, além da Buchholz Livreiros e da livraria Sá da Costa, pelas editoras Portugália, Sá da Costa e, mais recentemente, Cavalo de Ferro.» (link DA).
Passei por lá. Comprei: A Odisseia - Adaptação em Prosa do Poema de Homero por João de Barros (Livraria Sá da Costa Editora, 2007); Democracia, de António Sérgio (Sá da Costa, 1974); O Naturalismo - A Linguagem Crítica, de Lilian R. Furst e Peter N. Skrine (Lysia, 1971); Éclogas, de Bernardim Ribeiro (Seara Nova, 1967); Poesias, de Sá de Miranda (Textos Literários, 1960). Gastei 14 euros. Querem melhor convite?
Ah, depois do naufrágio d'O Navio de Espelhos (e eu acho que a cidade nunca mais voltou a ser a mesma), já era altura de sermos brindados com um presente destes..., mesmo se a Langue D'Oc (R. Capitão Sousa Pizarro, nº 14) seja há muito tempo «falada» pela única autêntica livreira da cidade. Salut Odete!
13.4.09
12.4.09
Sobre todas as coisas
Composição: Chico Burque
Interpretação: Zizi Possi e Maria Rita
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus
Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado pra adorar o Criador
E se o Criador
Inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor
Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador
Ou será que o Deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus
Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus
10.4.09
9.4.09
I Don't Know How to Love Him
I don't know how to love him.
What to do, how to move him.
I've been changed, yes really changed.
In these past few days, when I've seen myself,
I seem like someone else.
I don't know how to take this.
I don't see why he moves me.
He's a man. He's just a man.
And I've had so many men before,
In very many ways,
He's just one more.
Should I bring him down?
Should I scream and shout?
Should I speak of love,
Let my feelings out?
I never thought I'd come to this.
What's it all about?
Don't you think it's rather funny,
I should be in this position.
I'm the one who's always been
So calm, so cool, no lover's fool,
Running every show.
He scares me so.
I never thought I'd come to this.
What's it all about?
Yet, if he said he loved me,
I'd be lost. I'd be frightened.
I couldn't cope, just couldn't cope.
I'd turn my head. I'd back away.
I wouldn't want to know.
He scares me so.
I want him so.
I love him so.
Texto de Tim Rice para a ópera rock de Andrew Lloyd Webber, Jesus Christ Superstar. Aqui, interpretação de Sinead O'Connor.
What to do, how to move him.
I've been changed, yes really changed.
In these past few days, when I've seen myself,
I seem like someone else.
I don't know how to take this.
I don't see why he moves me.
He's a man. He's just a man.
And I've had so many men before,
In very many ways,
He's just one more.
Should I bring him down?
Should I scream and shout?
Should I speak of love,
Let my feelings out?
I never thought I'd come to this.
What's it all about?
Don't you think it's rather funny,
I should be in this position.
I'm the one who's always been
So calm, so cool, no lover's fool,
Running every show.
He scares me so.
I never thought I'd come to this.
What's it all about?
Yet, if he said he loved me,
I'd be lost. I'd be frightened.
I couldn't cope, just couldn't cope.
I'd turn my head. I'd back away.
I wouldn't want to know.
He scares me so.
I want him so.
I love him so.
Texto de Tim Rice para a ópera rock de Andrew Lloyd Webber, Jesus Christ Superstar. Aqui, interpretação de Sinead O'Connor.
5.4.09
Trash Yéyé
Este Biolay que não se ouve por cá... e é tão bom... Dele dizem que é o novo Gainsbourg. Je ne cherche pas de vous convencre. Écoutez...jusqu'au bout.
Benjamin Biolay - Dans la Merco Benz
Benjamin Biolay - Dans la Merco Benz