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20.8.08

«um pequeno pagem de cerca de onze anos»

"(...) mas no que dizia respeito à sucessão do trono, era incontido o júbilo dos monarcas.
Um facto ensombrava contudo aquele momento, sobretudo no que tocava a D. João III: a ausência do infante D. Luís, condestável do reino, que à revelia do rei seu irmão e sem obter autorização prévia decidiu partir de Évora para se juntar, em Barcelona, às tropas de Carlos V, que naquela cidade da Catalunha preparavam a expedição de Tunes contra os Turcos. Apesar do seu grande descontentamento perante o facto consumado, bem patente na ríspida carta que em 13 de Maio de 1535 escreveu a António de Ataíde, conde de Castanheira, sobre o auxílio a enviar a D. Luís, D. João III teve de empenhar-se no auxílio a fornecer à expedição, em cujo numeroso séquito seguia um pagem de cerca de onze anos de idade, chamado Luís de Camões.
Não era, contudo, a primeira vez que se manifestava a «ansiedade guerreira» de D. Luís, bem conhecida na corte portuguesa. Anos antes, em 1530, o embaixador castelhano, Lope Hurtado, fazia menção ao projecto já então acalentado pelo segundo e dilecto filho de D. Manuel de combater o Turco junto do imperador. Fê-lo, então em 1535,na conquista de Tunes. As forças cristãs, sob o comamdo do imperador, obtiveram a 14 de Julho desse ano de 1535 retumbante vitória militar e a conquista daquela cidade do Norte de África, saldando-se também aquele sucesso para D. Luís, eterno segundo, vítima e um sistema em que era, afinal, tanto e tão pouco, por um prestígio amplamente celebrado no tempo, em particular em círculos literários próximos da corte - o poeta e humanista Francisco de Sá de Miranda dedicou-lhe a écloga Célia, em que se exaltava o feito cristão contra o infiel, e as virtudes reveladas pelo infante;..."


in Buescu, Ana Isabel, Catarina de Áustria Infanta de Tordesilhas - Rainha de Portugal, Edit. A Esfera dos Livros, Novembro de 2007. pp 201


Nota: 473 anos depois, no mesmo dia 14 de Julho, um bando de portugueses infiltrou-se na medina de Tunes para chegar à conclusão que os únicos invasores bem sucedidos... eram suecos.

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