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14.7.08

Ser português é também uma arte #6

«...A aventura não tem continuidade na acção. Opera por impulsos que nem sempre se coordenam para um determinado fim. E por isso, a obra empreendida, muitas vezes, morre no seu início.
Quando uma virtude ou qualidade enfraquece, logo o seu defeito originário ganha nítido relevo. E assim o génio de aventura, decaindo, transformou-se na mais completa falta de persistência. Ela aparece em todas as manifestações da nossa actividade, a cada passo interrompida ou abortada, o que a torna tristemente caricatural.
Ei-la passeando o seu desânimo, pelas estradas que pararam, mortas de cansaço, a dois quilómetros do ponto de partida. E vive num belo edifício público sem telhado... Sozinha? Não: com a sua bem-amada companheira, a vil tristeza, apesar de ser tão velha que já Luís de Camões a conheceu...»

Teixeira de Pascoaes, in Arte de Ser Português
Assírio & Alvim, BI - Biblioteca editores Independentes, 2007, pp 115

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