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27.7.08

«o Oriente e o Ocidente»

"Sexta-feira, 15 de Janeiro de 1507. Em Valhadolide, no coração de Castela, frei Henrique de Coimbra, bispo de Ceuta e embaixador do rei D. Manuel de Portugal, preparava-se para seguir viagem em direcção a Torquemada, onde o monarca o enviava com uma missão específica.
Para além da visitação formal de pêsames, que o rei quis que apenas então tivesse lugar, pela morte inopinada e fulminante do jovem rei Filipe I de Castela, ocorrida em Burgos a 25 de Setembro de 1506, D. Manuel procurava inteirar-se do ambiente e movimentações políticas em torno de D. Joana, rainha e viúva de vinte e sete anos de idade, e dos meandros da «governança de Castela». Procurava, ainda, fazer avançar aquela que era a ambição maior da política imperial de um rei que juntara «o Oriente ao Ocidente»: persuadir os reis cristãos e a cúria pontifícia à cruzada contra os muçulmanos, através do confronto com o reino mameluco do Egipto e o Turco otomano, no palco europeu e no longíquo Oriente, conseguir a destruição de Meca e a libertação da cidade santa de Jerusalém, assim se alcançando - desejava D. Manuel que sob a égide do rei português - uma nova idade de um império cristão universal.
(...)
Outros episódios desta ofensiva político-dplomáica junto das cortes europeias haviam tido lugar nos anos de 1505 e 1506, e emissários de D. Manuel procuraram junto de Henrique VII de Inglaterra, do imperador Maximiliano, do rei de França, Luís XII, e de Fernando, o Católico, fazer valer os pontos de vista e a estratégia do monarca português."

in Buescu, Ana Isabel, Catarina de Áustria Infanta de Tordesilhas - Rainha de Portugal, Edit. A Esfera dos Livros, Novembro de 2007. pp 15-16

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