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8.4.08

Travar o périplo da chama olímpica?

"Paris éteint la flamme" (L'Equipe), "Le fiasco" (Le Parisien), "Paris sans flamme" (L'Humanité), "Pagaille olympique" (La Croix), "Le fiasco de la flamme à Paris" (Le Figaro), "La claque" (Libération), "Up in flames: humiliation for China as torch relay descends into chaos" (The Independent), "Olympic Torch Goes Out, Briefly, in Paris" (The New York Times)

Na
capa dos principais jornais do mundo, a possibilidade de travar a viagem de 137 000 quilómetros da chama olímpica. Depois dos distúrbios em Londres e Paris, talvez o Comité Olímpico decida não prosseguir o périplo que deveria incluir 19 países. O que deveria ser uma majestática procissão tem terminado em caos. Na Califórnia, próximo local de passagem, a "insurreição" começou antes mesmo da chegada da chama olímpica!

A "apropriação" política da chama prejudica o movimento olímpico, defendem alguns. A violação dos direitos humanos, a tentativa (frustada) de manipulação dos media por parte da China (relativamente à situação em Lhasa, muito recentemente), a escolha da China como país anfitrião!, os ditames da economia global,___ parecem questões de menor importância.


No final de Março, quando estive em Paris, os manifestantes pró-Tibete já eram bem visíveis. Em frente ao Ministère des Affaires Étrangères, debaixo de uma intensa chuva, havia um grupo que não desmobilizava. Na Île Saint-Louis, uma pequena loja tibetana, Trésors du Tibet, chamou-me a atenção___ a mim e a várias outras pessoas. A gerente disse-me que sentia um forte movimento de solidariedade: todos entravam para fazer perguntas e conversar, às vezes compravam qualquer coisa, mesmo que simbólica. O "chiffre d'affaires" aumentara consideravelmente nos últimos meses. A verdade é que esta é uma ocasião única para a defesa da causa tibetana.

Em França, Bernard Kouchner pedia aos franceses para não serem mais tibetanos que o
Dalai Lama. Em Portugal andamos muito silenciosos, demasiado silenciosos. Urge manifestarmo-nos contra a brutalidade desta nova era, regida por uma ética mais pragmática que humanista, centrada no sistema monetário e financeiro. Dizer Não é o poder que nos resta, que é tão pouco e tanto.

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