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11.3.08

Cine Eco em português

Comecemos com uma lista de prémios: Prémio Lusofonia e Menção Honrosa do Júri da Juventude no Cine Eco 2006; Prémio Atlântico, Play-Doc 2007, Tui, Espanha; Prémio Imprensa Caminhos do Cinema Português 2007, Coimbra; Prémio Cora Coralina (Melhor filme), FICA-Festival Internacional de Cinema Ambiental 2007, Brasil; Prémio Zumballe Melhor Documentário – MIVICO 07, Ponteares, Galiza; Menção Especial no 2º Festival Internacional de Cine Documental de la Ciudad de México; Prémio Green Award, EFFN – Environmental Film Festival Network 07, Turim, Itália; Prémio da Secção Transfronteiriça, da 3ª edição do Extrema’D0C, em Cárceres, Espanha; Primeiro Prémio no VII Kathmandu International Montain Film Festival, 2007, Nepal.

Talvez não saibam, mas este documentário é o mais premiado de sempre do cinema português. Já agora, o Green Award é o equivalente ao Oscar para o cinema ambiental. Na atribuição do último prémio em Kathmandu, um festival que visa distinguir trabalhos ligados às montanhas, apreciei particularmente as palavras do júri relativamente a este documentário português: “A mistura perfeita de bom cinema e qualidade de pesquisa numa temática que geralmente só encontra lugar nos estudos académicos ou workshops internacionais. As espantosas imagens, escolha do protagonista, música, canções com poemas profundamente líricos, uma edição soberbamente imaginativa complementa a história-narração ardilosa da película. Percebemos profundamente a vida desses homens na solidão das montanhas. O realizador combinou o assunto com ferramentas cinematográficas com mestria, tocou o romântico e ainda fornece uma excelente mensagem proverbial aos outros”. (Mais informações: http://www.himalassociation.org/index.php).

Talvez já tenham percebido que me estou a referir ao filme AINDA HÁ PASTORES?, de Jorge Pelicano, filmado em Casais de Folgosinho.

Casais de Folgosinho: nem sequer é um lugar, é uma extensão de terra, um vale entre as montanhas da Serra da Estrela. Casais de Folgosinho: era todo o mundo de Grazina, o pastor mais velho do vale, que guardava e ordenhava 80 ovelhas duas vezes por dia, é todo o mundo de Maria do Espírito Santo que vive só há mais de vinte anos, nos mais de 80 anos de vida que já conta, mas que não a impedem de continuar a correr atrás das três cabras que possui. Casais de Folgosinho é onde fica a casa sem luz eléctrica ou água canalizada de Hermínio, o pastor mais jovem, que ainda não tem 30 anos, e que guarda mais de 100 animais, enquanto ouve as cantigas de Quim Barreiros e sonha com companhia. Rosa e Zé são as únicas crianças do vale, filhos do pastor Manuel Pita, e já só o Zé vai à escola que a Rosa já tem a lida da casa, a apanha da batata ou a ordenha, apesar de conservar o sorriso gaiato. Um documento magnífico sobre os sobreviventes de um lugar que vai deixar de existir. Um filme para reflectirmos: como repovoar estes lugares perdidos da Terra, mantendo-os virgens de tecnologias e poluições? Como preservar actividades "arcaicas", como o pastoreio, sem escravizar os homens a jornadas e condições de trabalho demasiado árduas? Ainda há pastores ou uma utopia?

A não perder dia 11, terça-feira, às 21:30, no Teatro Aveirense.

Na sessão anterior, às 18:30, serão apresentados outros dois excelentes documentários portugueses: A PONTE DE TODOS, de Anabela de Saint-Maurice e VILARINHO DAS FURNAS, de Sofia Leite. Filmes que nos dão a oportunidade de “viajar cá dentro”, percorrendo lugares e décadas da nossa história, com a nossa gente.

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