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2.6.07

BS #1 Alfonsina y el mar


Sábado, 22 de Outubro de 1938. Uma mulher de 46 anos deambula por Buenos Aires. Ao passar pela estação de combóios, pára. Compra um bilhete para Mar del Plata. Solo ida. Instala-se numa residencial modesta. Ninguém sabe como terá passado o tempo, se as horas se agitaram, invadidas por memórias longínquas, cansaços idosos, entrecortadas por imagens de ontem, raivas frescas, ou se passaram lentamente, sem descrença do belo na vida, revelando apenas, de forma fatal, a fragilidade do repouso, a certeza da cura que não vem para forças que se esgotam em movimentos mínimos. Uma parte do tempo passou-o a escrever o poema "Voy a dormir":Voy a dormir, nodriza mía, acuéstame.
Ponme una lámpara a la cabecera;
una constelación; la que te guste;
todas son buenas; bájala un poquito.


E depois, o gesto. Vai ao correio e envia o poema para o jornal La Nación. Na segunda-feira as horas continuaram a passar. Redige uma carta ao filho Alejandro, então com 26 anos. De madrugada dirige-se ao mar. Atira-se de uma falésia ou, como diz o mito, mais poético, entra lentamente no mar até ficar completamente submersa.

Algumas horas mais tarde, dois jovens operários que passeavam pela praia La Perla, encontraram o seu corpo. Era
ALFONSINA STORNI, imigrante da Suiça italiana que se tornaria uma das mais importantes poetisas da Argentina e del mundo.

Em 1969,
Ariel Ramirez e Félix Luna, a dupla que criou uma das obras litúrgicas mais importantes do folclore argentino, Misa Criolla (1964), lança o álbum Mujeres Argentinas, em que se inclui o tema Alfonsina y el mar, uma homenagem a Alfonsina Storni. O sucesso foi imediato.Mercedes Sosa foi a voz de Mujeres Argentinas!


Depois de Mercedes, dezenas de intérpretes, de diferentes países, de vários géneros musicais, integraram Alfonsina y el mar no seu repertório. Foi o caso de Violeta Parra, Alfredo Kraus (belíssimo!), Gianni Lamagna, Simone, Maria Rita (aqui com Mercedes Sosa), Nana Mouskouri, Maurane, Paloma San Basilio, José Carreras e Pásion Vega (a solo e em duo), Avril Lavigne, Shakira, Andres Calamaro, ... e tantos outros (ouçam!), incluindo a portuguesa Cristina Branco.

No alinhamento que fiz para o programa
Banda Sonora, a versão de Cristina Branco, editada no álbum Ulisses, foi a minha escolha. Percebam porquê...

CRISTINA BRANCO



Por la blanda arena que lame el mar
Su pequeña huella no vuelve mas,
Un sendero solo de pena y silencio llego
Hasta el agua profunda,
Un sendero solo de penas mudas llego
Hasta la espuma.

Sabe dios que angustia te acompaño
Que dolores viejos callo tu voz
Para recostarte arrullada en el canto
De las caracolas marinas
La cancion que canta en el fondo oscuro del mar
La caracola.

Te vas alfonsina con tu soledad
Que poemas nuevos fuiste a buscar ...?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la esta llevando
Y te vas hacia alla como en sueños,
Dormida, alfonsina, vestida de mar ...

Cinco sirenitas te llevaran
Por caminos de algas y de coral
Y fosforecentes caballos marinos haran
Una ronda a tu lado
Y los habitantes del agua van a jugar
Pronto a tu lado.

Bajame la lampara un poco mas
Dejame que duerma nodriza en paz
Y si llama el no le digas que estoy
Dile que alfonsina no vuelve ...
Y si llama el no le digas nunca que estoy,
Di que me he ido ...

Te vas alfonsina con tu soledad
Que poemas nuevos fuiste a buscar ...?
Una voz antigua de viento y de sal
Te requiebra el alma y la esta llevando
Y te vas hacia alla como en sueños,
Dormida, alfonsina, vestida de mar ...

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