Quando se fala em deliquência juvenil, negligencia-se normalmente o factor relacional/societal.
Primeira observação: a turma, ou um grupo de professores numa escola, o bando na rua, a equipa ministerial, cada família, todos projectam um sistema de valores e normas. Naturalmente, os sistemas de valores podem divergir. Mas entre a turma e os professores, (ou entre os professores e a equipa ministerial), por exemplo, essa divergência parece ter-se acentuado. Por outras palavras, pensamos como grupo (etário, profissional, ocupacional, partidário, formal ou informal, etc.), de maneiras diferentes e cada vez mais incompatíveis.
Segunda observação: todos tendemos a nos inscrever na norma dominante do grupo a que pertencemos ou a que queremos pertencer. Tendemos a. mas há outra opção. A verdade é que escolhemos sempre entre: seguir a norma, fundindo-nos na massa; e ousar ser singular, sabendo que nos arriscamos, por vezes, à exclusão pela "comunidade". Este princípio societal também não é novo, mas as formas e a intensidade que o fenómeno vem assumindo nas últimas décadas são-no.
Desafiar sistematicamente a autoridade dos professores, perturbar a ordem pública, dar pontapés a caixotes de lixo, etc., é afirmar uma diferença face à normalidade (dos outros) e aspirar à integração (ou mesmo liderança) num grupo em que a rebeldia é valorizada e dá estatuto. Os outros jovens são tentados a pactuar por temerem a exclusão (e as represálias que daí possam advir).
Educadores, e professores em particular, queixam-se da atitude cada vez mais toda poderosa dos jovens. Dito de outra maneira: a lei dos mais jovens impõe-se e já prevalece (em algumas escolas, famílias, bairros). Os conflitos multiplicam-se e intensificam-se. E é um facto que, em muitos casos, parece haver uma completa impunidade. Nas escolas, os processos disciplinares banalizam-se, as sanções à violação dos limites perdem eficácia. Como consequência temos a diminuição da qualidade do ensino (para todos) e a desmotivação dos professores (e restantes alunos).
Voltemos ao chavão do "pobres e excluidos que vivem numa sociedade violenta". A verdade é que, observando os jovens (em focus group para estudos de mercado) (e quem lida diariamente com estas faixas etárias, confirmará), percebemos que os seus desejos de roupas de marca e de telemóveis de última geração são satisfeitos, independentemente da sua perfomance escolar e social. Nas famílias mais desfavorecidas do ponto de vista económico, a boa intenção de dar aos filhos o mesmo que os outros têm, faz esquecer prioridades e ajuda a generalizar o fenómeno. A culpa é de quem? Da sociedade, dos ambientes escolares, da televisão, da publicidade?
Quando uma criança ou um jovem desrespeita ou assume um comportamento claramente destrutivo face a terceiros (ou face a si próprio), os pais não intervêm porquê? Porque não estão presentes, em alguns casos. Mas sobretudo, por cansaço, negligência, desinteresse, medo. E assim perdem a possibilidade de se posicionar como adultos estruturantes. "Fazer a sociedade" também é isso. Só depois podemos acrescentar o papel dos media, a pressão para o consumismo, a inadaptação das escolas,... e tantas outras coisas gerais ou particulares.
A verdade é que a responsabilidade é tão partilhada que acaba diluída.
Primeira observação: a turma, ou um grupo de professores numa escola, o bando na rua, a equipa ministerial, cada família, todos projectam um sistema de valores e normas. Naturalmente, os sistemas de valores podem divergir. Mas entre a turma e os professores, (ou entre os professores e a equipa ministerial), por exemplo, essa divergência parece ter-se acentuado. Por outras palavras, pensamos como grupo (etário, profissional, ocupacional, partidário, formal ou informal, etc.), de maneiras diferentes e cada vez mais incompatíveis.
Segunda observação: todos tendemos a nos inscrever na norma dominante do grupo a que pertencemos ou a que queremos pertencer. Tendemos a. mas há outra opção. A verdade é que escolhemos sempre entre: seguir a norma, fundindo-nos na massa; e ousar ser singular, sabendo que nos arriscamos, por vezes, à exclusão pela "comunidade". Este princípio societal também não é novo, mas as formas e a intensidade que o fenómeno vem assumindo nas últimas décadas são-no.
Desafiar sistematicamente a autoridade dos professores, perturbar a ordem pública, dar pontapés a caixotes de lixo, etc., é afirmar uma diferença face à normalidade (dos outros) e aspirar à integração (ou mesmo liderança) num grupo em que a rebeldia é valorizada e dá estatuto. Os outros jovens são tentados a pactuar por temerem a exclusão (e as represálias que daí possam advir).
Educadores, e professores em particular, queixam-se da atitude cada vez mais toda poderosa dos jovens. Dito de outra maneira: a lei dos mais jovens impõe-se e já prevalece (em algumas escolas, famílias, bairros). Os conflitos multiplicam-se e intensificam-se. E é um facto que, em muitos casos, parece haver uma completa impunidade. Nas escolas, os processos disciplinares banalizam-se, as sanções à violação dos limites perdem eficácia. Como consequência temos a diminuição da qualidade do ensino (para todos) e a desmotivação dos professores (e restantes alunos).
Voltemos ao chavão do "pobres e excluidos que vivem numa sociedade violenta". A verdade é que, observando os jovens (em focus group para estudos de mercado) (e quem lida diariamente com estas faixas etárias, confirmará), percebemos que os seus desejos de roupas de marca e de telemóveis de última geração são satisfeitos, independentemente da sua perfomance escolar e social. Nas famílias mais desfavorecidas do ponto de vista económico, a boa intenção de dar aos filhos o mesmo que os outros têm, faz esquecer prioridades e ajuda a generalizar o fenómeno. A culpa é de quem? Da sociedade, dos ambientes escolares, da televisão, da publicidade?
Quando uma criança ou um jovem desrespeita ou assume um comportamento claramente destrutivo face a terceiros (ou face a si próprio), os pais não intervêm porquê? Porque não estão presentes, em alguns casos. Mas sobretudo, por cansaço, negligência, desinteresse, medo. E assim perdem a possibilidade de se posicionar como adultos estruturantes. "Fazer a sociedade" também é isso. Só depois podemos acrescentar o papel dos media, a pressão para o consumismo, a inadaptação das escolas,... e tantas outras coisas gerais ou particulares.
A verdade é que a responsabilidade é tão partilhada que acaba diluída.
[Continua]
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