Pois a alma doce da América, Oothoon, vagueava cheia
de mágoa,
Ao longo dos vales de Leutha em busca de flores que
a consolassem;
E foi assim que ela falou ao luminoso Malmequer do vale
de Leutha:
"Serás uma flor? Serás uma ninfa? Vejo-te ora flor;
Ora ninga! Não me atrevo a arrancar-te do teu leito
orvalhado!"
A ninfa Dourada respondeu: " Colhe a minha flor,
meiga Oothoon,
Outra flor nascerá, pois a alma de doce deleite
Jamais morrerá." Calou-se & fechou o seu templo
dourado.
Oothoon colheu então a flor dizendo: " Arranco-te do teu leito,
Doce flor, e pouso-te aqui para cintilares entre os meus seios
E assim viro o rosto para onde toda a minha alma almeja."
Sobre as ondas, partiu ela em ágil exultante deleite alado;
E sobre o reino de Theotormon, tomou o seu curso impetuoso.
Bromion dilacerou-a com os seus trovões, no seu leito
tempestuoso
Deitou a pálida donzela, e logo as mágoas dela aterraram os
seus roucos trovões.
Bromion falou: "Contemplai esta prostituta aqui no leito de
Bromion,
E deixai os zelosos golfinhos folgar em redor da bela donzela;
(...)
Agora podes casar com a prostituta de Bromion, e proteger o
filho
da fúria de Bromion, que Oothoon dará à luz daqui a nove
luas."
William Blake
in "Quatro Visões Memoráveis", Visões das Filhas de Albion,
pp 53-55
Oothon é a figura central da obra Visões das Filhas de Albion, representando o amor frustrado. É violada por Bromion quando se dirigia ao encontro do amado Theotormon. Defende a pureza essencial do amor e do sexo, denunciando a repressão introduzida por Urizen.
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