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21.2.07


"Mas não havia maneira de conseguir amá-la. Entre nós não existia aquela intimidade espontânea, quase incondicional, que partilhava amiúde com Sumire. Entre nós interpunha-se um véu fino, transparente. Visível ou não, erguia-se entre nós uma barreira. Por causa disso, não sabia o que lhe havia de dizer quando estávamos juntos - sobretudo quando chegava a hora da despedida, coisa que nunca me acontecera com Sumire. Cada vez que estava com a minha amante, limitava-me a confirmar uma realidade incontornável: precisava, mais do que nunca, de Sumire.

Depois de ela se ter ido embora, fui dar um passeio sozinho. Vagueei sem destino durante algum tempo, entrei num bar (...).
Dei por mim a recordar tempos passados. Quando é que a minha juventude me escapara das mãos? E será que já tinha chegado ao fim? Parecia que ainda ontem era adolescente a caminho da idade madura."


in SPUTNIK Meu Amor, de Haruki Murakami
Ed. Notícias, pp 91-92

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