Vindos do Leste, das suas raízes industânicas, os ciganos, sempre em fuga, chegaram á Europa Ocidental sob a capa de peregrinos. Ao longo da sua passagem em direcção ao Ocidente há registos de várias medidas repressivas aplicadas aos ciganos, com base em "pecados sociais" diversos, como mendicidade não autorizada, pequeno furto, logro (negócios de compra e venda feitos sob falsa representação da mercadoria transaccionada), etc. Estas medidas repressivas acabaram por produzir enormes mudanças na vida dos ciganos da Europa. Para sobreviverem tiveram de se adaptar, instalando-se quase sempre em zonas de fronteira (para uma mobilidade rápida relativamente a autoridades nacionais), dividindo-se em grupos que não chamassem demasiadamente as atenções (famílias), ou agrupando-se em clãs ou tribos capazes de assegurar uma medida de auto-protecção.
Quando chegaram á Peninsula Ibérica e depois a Portugal diziam-se em geral vindos do Egipto, donde "gipsy", "gitanos", "tziganos", "ciganos", que colheram em vários países europeus ocidentais.
(...)
Na história de Espanha e de Portugal não há registos oficiais de ciganos até ao princípio do século XV, altura em que surgem as primeiras referências em textos literários, sendo o mais antigo uma breve alusão a uma Grega no Cancioneiro Geral (1516). Mais significativa é a Farsa das Ciganas de Gil Vicente representada na presença de D. João III, em Évora em 1521 na qual o texto procura captar o som ciciado e "cantado", característico do falar cigano - ainda nos nossos dias - do espanhol e do português.
Na península não conseguiram dos Reis Católicos a tolerância e benesses que muitas vezes tinham noutros países por onde terão passado; foram-lhes retirados os privilégios relativos à manutenção da sua condição nómada e de trabalhadores ocasionais e mais ainda, os reis católicos ao consolidarem o poder central, etabeleceram Lei e Ordem unificada, decretando medidas repressivas para forasteiros e vagabundos, que inevitavelmente incluiam os ciganos. Após a expulsão dos judeus e a conversão forçada dos muçulmanos, as suas duras opções incidiram sobre os ciganos: ou se sedentarizavam e procuravam um "dono" - empregador, protector, garante - ou seriam banidos ao cabo de 60 dias de identificação das suas famílias ou bandos.
Quando chegaram á Peninsula Ibérica e depois a Portugal diziam-se em geral vindos do Egipto, donde "gipsy", "gitanos", "tziganos", "ciganos", que colheram em vários países europeus ocidentais.
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Na história de Espanha e de Portugal não há registos oficiais de ciganos até ao princípio do século XV, altura em que surgem as primeiras referências em textos literários, sendo o mais antigo uma breve alusão a uma Grega no Cancioneiro Geral (1516). Mais significativa é a Farsa das Ciganas de Gil Vicente representada na presença de D. João III, em Évora em 1521 na qual o texto procura captar o som ciciado e "cantado", característico do falar cigano - ainda nos nossos dias - do espanhol e do português.
Na península não conseguiram dos Reis Católicos a tolerância e benesses que muitas vezes tinham noutros países por onde terão passado; foram-lhes retirados os privilégios relativos à manutenção da sua condição nómada e de trabalhadores ocasionais e mais ainda, os reis católicos ao consolidarem o poder central, etabeleceram Lei e Ordem unificada, decretando medidas repressivas para forasteiros e vagabundos, que inevitavelmente incluiam os ciganos. Após a expulsão dos judeus e a conversão forçada dos muçulmanos, as suas duras opções incidiram sobre os ciganos: ou se sedentarizavam e procuravam um "dono" - empregador, protector, garante - ou seriam banidos ao cabo de 60 dias de identificação das suas famílias ou bandos.
Continue a ler este excelente texto de Fátima Mourão, aqui.
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