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24.7.06

A vida secreta das palavras II

Este filme evoca a vida secreta___ das palavras que são ditas e das que ficam por dizer. pela incapacidade que a dor provoca. uma dor maior. maior que nós. maior do que a nossa compreensão. uma dor, não obstante, infligida por homens a outros homens. como viver___não face a, mas sendo a marca dessa dor, um signo dor.

Para entender a dificuldade de traduzir a experiência privada em palavras, Wittgenstein evocava uma das experiências mais subjetivas: a percepção da dor. Não existem dois seres humanos que compartilhem um contexto associativo idêntico.
Então, como argumenta o filósofo alemão, quando descrevemos uma dor a alguém, a descrição é fruto de "educação", e por isso seria tão importante concentrar-se na subjectividade da comunicação privada.

É isso que observamos neste filme, personagens que são ilhas de significação, diálogos rudimentares (e belos)__ a forma possível de aproximação à realidade das emoções dos outros.

A encenação é extraordinária. A câmara regista coreografias___ em que as personagens se tocam para logo se afastarem. O cenário é uma metáfora. As palavras que se soltam em compassos lentos são absolutamente poéticas.

Este é o primeiro filme. O segundo filme acontece já próximo do fim. Deixamos Hanna (Sara Polley), Josef (Tim Robbins), Simon (Javier Camara), todas as vivências singulares e secretas, e passamos à História, à "educação" para a uma mesma linguagem sobre a dor.

Não sei se é possível não perdoar a traição. Não sei se podemos atirar pedras à incoerência quando o que está em causa é a memória. A Memória___ que devemos integrar na nossa existência. quando diz respeito ao acto de inflingir dor__ ao homem, pelo homem.

Site Oficial do Filme

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