Não, eu ainda não fui ver The Da Vinci Code. Hei-de ir, brevemente. Este post aparece a título de introdução. É que nas minhas mãos tenho um pequeno livro de Lauro António, sobre Visões de Cristo no Cinema (Edição Biblioteca Museu República e Resistência). Leio que "a hagiografia de Jesus multiplica-se até à exaustão. Em cada período da história da Arte Ocidental, existem múltiplas tentativas de representar Cristo, e muitas vezes a polémica que hoje assola o cinema esteve presente nesses séculos recuados, quando à imagem convencional de Cristo se contrapunha uma nova visão." (p. 4).
O Código Da Vinci (livro) não é uma recriação da vida de Cristo, mas as teorias que defende, ou as questões que coloca a partir desta imagem da Ultima Ceia de Leonardo Da Vinci, já geraram muita polémica. Agora que o filme foi lançado, o cardeal nigeriano Francis Arinze declarou num documentário anti- O Código Da Vinci, produzido em Itália por uma entidade cinematográfica católica, que os cristãos deveriam "tomar medidas legais" contra o filme de Ron Howard (BBC News). No mês passado, o cardeal italiano Angelo Amato apelou a um boicote ao filme.
Neste livro de LA, que "termina" com A Paixão de Cristo de Mel Gibson ("o filme mais polémico do início do século XXI", antes da mega produção dirigida por Ron Howard), conto quase uma centena de obras sobre a vida de Cristo (entre elas, o Acto de Primavera de Manoel de Oliveira - 1963, A Maior História de Todos os Tempos de George Stevens - 1965, O Evangelho Segundo S. Mateus de Pasolini - 1964, A Via Láctea de Luis Buñuel, 1969, Jesus Cristo Superstar de Norman Jewison - 1973, O Messias de Rosselini - 1976, etc.) ou em que a personagem de Cristo se cruza com outras histórias (Quo Vadis, sete versões, desde 1902; Ben Hur, quatro versões, desde 1907, sendo a mais célebre a de 1959 de Willian Wyler; Salomé, cerca de vinte adaptações ao cinema da peça de Oscar Wilde).
Podemos sempre relativizar o impacto de todos estes filmes na época em que foram lançados. É verdade que, desta vez, o livro que inspirou o filme já vendeu mais de 45 milhões de exemplares em todo o mundo!
Mas em 1916, David W. Griffith, já "(se) tentava desculpabilizar do elogio do racismo e das actividades do Ku Klux Klan" (p. 6) com Intolerância. Nicolas Ray, em 1961, com O Rei dos Reis realiza um filme cuja imagem de marca é "um filme sobre o conflito de gerações, de luta pela liberdade" (p. 10). Em 1988, com A Ultima Tentação de Cristo, Martin Scorsese acaba "repescando a tese de que a ortodoxia católica tem escondido do mundo segredos que os testamentos e outros textos gnósticos parecem comprovar" (p. 12).
Conclusão: (1) depois do sucesso do livro de Dan Brown, não resisto a assistir ao resultado gerado pela ambição e risco assumidos por Ron Howard; (2) aposto que me vou divertir___ e vou adorar as cenas filmadas no interior do Louvre! (gostei logo desse ambiente no livro); (3) as minhas expectativas obedecem à apreciação do Tom Hanks___ "uma boa história, não devendo ser levada muito a sério".
Fica a dúvida se, livro e filme, serão capazes de ultrapassar a espuma dos dias (enfim, no caso do primeiro, já são uns anos, mas quand même!) e se o Lauro António se vai sentir na obrigação de acrescentar mais um capítulo ou título à sua colecção de livros sobre o Cinema.
caraca! fiquei impressionado com sua ida ao fundo desse "tema". você acha que vale mesmo a pena? é mesmo preciso esperar com esperança que este rapaz "cortou nosso barato" só pra prantear o que ele achava que vinha pela frente? me desculpe se eu interfiro na sua achança, mas passados 2006 anos (o cômputo parte dele), numa europa ainda cruzada, com uma opus dei bem viva e morando em Roma, particularmente eu prefiro a miséria latina, bem macumbeira e também repleta de vaticínios. os deles, pelo menos, chegam com poemas e não invadem os países vizinhos. por uma simples razão: eles chegaram primeiro. 0
ResponderEliminarabçs
Ilidio