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9.3.06

Por aqui comemora-se...

Harold t


Depois do dia internacional da mulher parece-me bem dedicar um dia pessoal aos homens! Já foi assim o ano passado... mas como ando preguiçosa, deixo-vos o mesmo texto.

No dia pessoal aos homens eu vou dizer que os admiro e amo mas que não gostava nada de ser homem.

Na verdade eu teria medo de ser homem. eu asfixiava, se fosse homem. é a barba, é o guarda-roupa limitado, as cores que não são de homem, a forma idêntica das camisas, os nós de gravata. até os perfumes, bálsamos e cosméticos têm as mesmas fragâncias a ambâr, sempre. mas isto é só o princípio.

O pior tem a ver com as decisões que um homem tem de tomar. Os papéis sociais evoluiram, mas a nossa maior liberdade gerou uma enorme desorientação nos homens. Há conquistas masculinas, é claro. por exemplo, agora um homem pode chorar. mas se eu fosse um homem, não choraria muitas vezes. porque as mulheres adoram embalar e confortar mas continuam a sonhar com protecção. Como elas estão mais informadas e já não são expulsas de casa se não forem virgens, agora tudo parece ser mais simples. mas se fosse homem, ainda me sentiria mal se uma miúda fosse mais experiente do que eu e no final me dissesse docemente "não te preocupes, a técnica é o menos importante".

É ao nível profissional que eu mais detestaria ser homem. Um homem não pode parar de trabalhar, nem quando os filhos nascem, mesmo que se interesse menos do que ela pelo seu trabalho. nem quando está cansado nem quando não há trabalho. e não é só pelo imperativo financeiro. é que fica mal tratar da casa e das crianças. e se os miúdos estão doentes, não dá para pedir ao chefe para sair, dizendo que a mulher tem uma reunião importante lá no trabalho dela. Eu acho que os homens têm poucos direitos no mundo laboral. e que o patronato tem de começar a encará-los como seres que têm as suas fragilidades. Além de que, é sabido, os homens têm que ser o maior contribuinte para o lar. se fosse homem, eu não me importaria que ela ganhasse mais do que eu, mas não ia confessar isso a muita gente.

Tudo isto deixa os nossos homens perdidos. Às vezes até são inteligentes, mas começam a não distinguir o chão do cesto da roupa suja, a não perceber que o papel higiénico não nasce no porta-rolos, que não foi por milagre que a loiça apareceu lavada, que não perdem a identidade se não ficarem com o comando da televisão na mão, etc., já todos ouvimos falar destas situações. Nos casos extremos começam a sofrer de atrofia cerebral, e esquecem dias de aniversário e outras datas importantes. Às vezes tornam-se impacientes e deixam de nos acompanhar aos shoppings.

Também acontece distraírem-se com muitas mulheres ao mesmo tempo. Eu compreendo, porque nenhuma de nós sozinha os consegue entender por completo. Mas inquieto-me quando os vejo acreditarem na ternura e compaixão, no fogo e atrevimento de uma fotografia de out-door.

Não, eu juro que sofreria imenso se fosse homem. Por exemplo, como me sentiria só e estranho se não gostasse de futebol. era capaz de ser pior do que ser gay mas, se fosse homem, era gay de certeza.

É por tudo isto que dedico este dia aos homens. Porque os homens são diferentes mas têm direito a tudo, como nós.

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