Gerald Clarke escreveu o livro e o ângulo por que optou é tão genial que grande parte do sucesso do filme se deverá certamente a ele. Gerald Clarke é um escritor que se especializou em biografias - antes escreveu sobre os últimos dias de Judy Garland e depois sobre a filha desta, Liza Minnelli. Mas a forma como nos deu a conhecer Truman Capote e o processo de pesquisa para o primeiro romance documental, A Sangue Frio, é um outro romance documental.
Depois, Dan Futterman (argumentista), Benett Miller (realizador) e Philip Seymour Hoffman fizeram o resto. Hoffman ganhou o Oscar e todos os outros prémios que havia para ganhar e o filme, imensas nomeações.
Só agora fui ver Capote. Depois do visionamento repetido de excertos do filme, já não fiquei espantada com o desempenho de Philip Seymour Hoffman. Este Capote egocêntrico e lúcido, cru e terno, é delicioso, e aquela voz afectada e frágil soa como uma extensão natural da sua personalidade.
O facto de Gerald Clarke ter sido (biógrafo e) amigo de Truman Capote foi certamente importante para o traçado do perfil do escritor. Nada é linear, as contradições que servem tão bem todos os seres humanos estão lá, as relações são retratadas com realismo. Jack Dunphy (interpretado por Bruce Greenwood), com quem Capote viveu até ao fim da sua vida, aparece discretamente com o peso, influência e inseguranças de um amor que durará 35 anos. A relação com um dos assassinos do caso que investiga, Perry Smith (Clifton Collins Jr), central nesta história, é perturbadora, pela origem da atracção e pelo cálculo, pela empatia e por todos os egoísmos.
Dizem que Capote nunca mais foi o mesmo depois desta experiência intensa e deste livro (o último que concluiu). Nós saímos da sala de cinema ilesos, mas com vontade de viajar por mais mundos, como Capote, se calhar para nos destruirmos um pouco por dentro. Ou não fosse a vida isso mesmo, caos e ordem, caos e ordem.
Depois, Dan Futterman (argumentista), Benett Miller (realizador) e Philip Seymour Hoffman fizeram o resto. Hoffman ganhou o Oscar e todos os outros prémios que havia para ganhar e o filme, imensas nomeações.
Só agora fui ver Capote. Depois do visionamento repetido de excertos do filme, já não fiquei espantada com o desempenho de Philip Seymour Hoffman. Este Capote egocêntrico e lúcido, cru e terno, é delicioso, e aquela voz afectada e frágil soa como uma extensão natural da sua personalidade.
O facto de Gerald Clarke ter sido (biógrafo e) amigo de Truman Capote foi certamente importante para o traçado do perfil do escritor. Nada é linear, as contradições que servem tão bem todos os seres humanos estão lá, as relações são retratadas com realismo. Jack Dunphy (interpretado por Bruce Greenwood), com quem Capote viveu até ao fim da sua vida, aparece discretamente com o peso, influência e inseguranças de um amor que durará 35 anos. A relação com um dos assassinos do caso que investiga, Perry Smith (Clifton Collins Jr), central nesta história, é perturbadora, pela origem da atracção e pelo cálculo, pela empatia e por todos os egoísmos.
Dizem que Capote nunca mais foi o mesmo depois desta experiência intensa e deste livro (o último que concluiu). Nós saímos da sala de cinema ilesos, mas com vontade de viajar por mais mundos, como Capote, se calhar para nos destruirmos um pouco por dentro. Ou não fosse a vida isso mesmo, caos e ordem, caos e ordem.
Confesso que o filme em si não me disse grande coisa, o que, de resto, já vem acontecendo com demasiada frequência. E, no entanto, sai de lá a bater palmas pelo brilhante, extraordinariamente bem conseguido, papel do Philip Seymour Hoffman. Mas eu sou fã do homem há muito tempo :)
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