Lembro-me de ter lido que não devemos confundir memória, inteligência e vontade com cenestesia, imaginacão e sentimento. Mas como descrever esta noite de veludo, de sons coloridos, de sensações agridoces, sem misturar todas as dimensões? O homem é um animal racional mas todas as formas de consciência se desnorteiam e baralham face ao mais sedutor dos apelos: aquele que se dirige à nossa animalidade. Nos seus Exercícios Espirituais, Santo Inácio aconselhava a não investir na mudança em tempos de desolação, pelo perigo de confundir vontade e sentimento, e porque mais facilmente nos deixamos levar pelo primeiro. Ah sábias palavras que esqueci! Mas não me digam que o que vivi foi imaginação! E se esta imagem que guardo fizer nascer uma ideia errada..., que se lixe!
Não sei qual é o equivalente da memória na nossa vida sensitiva mas quero acreditar que seja a cenestesia, que é uma espécie de lado de dentro do sentido do tacto. Aos poucos, por volta das 3:00 AM comecei a perceber a minha posição e a dela, os nossos movimentos, do lado de dentro. Imagino que seja difícil compreenderem, mas nunca vi a Fausta Paixão como se ela estivesse fora de mim. E o bem e o mal misturaram-se nas nossas vísceras... para o bem e para o mal.
Tudo começou um pouco antes. Deitei-me depois de ter tomado um banho de ervas, concentrei-me na minha respiração, e durante vários minutos relembrei as estórias românticas mas sempre mal terminadas da minha parceira dessa noite. E adormeci assim. Confesso que não foi fácil encontrá-la. O meu espírito teve que afastar várias marés revoltosas de Valentins, Vascos, Natalinos, Ezequieis, Danis, Angelos, Norbertos, Tomaz, Fábios, Linos e tantos mais que lhes perdi a conta e a temperatura! Quando finalmente ela começou a penetrar no meu corpo e estávamos quase a ocupar exactamente o mesmo espaço... apareceu o marialva do Pirata Vermelho. Por momentos vi a Fausta com a cabeça no meu peito e as pernocas fundidas nas pernas dele. Até que as duas, em perfeita harmonia, pensamos numa forma de o afastar, e violentamente cantámos:
Vamos cantar as Janeiras
Vamos cantar as Janeiras
Por esses moços adentro vamos espetar nossas Bandeiras
Ta tara tati tata
Ta tara tati tata
E os espíritos do Finúrias, do Manel, e todos os Macacos do Adriano, apareceram para o abraçar.
Ficamos sós, unidas, num renovado avatar. Oh céus! Oh infernos! Abstenho-me de vos relatar os pormenores indecorosos. Mas ela eu temos uma pele tão sedosa, e como eu ela nos divertimos a encontrar os nossos pequeninos sinais debaixo do mamilo esquerdo de ela eu e na pontinha do tornozelo de eu ela!
Por volta das 4:00 AM o meu Jules começou a ressonar tão forte que acordei. Ainda me lembro do meu dela olhar desesperado no momento da desintegração. Mas enfim, fazer amor sem courgettes tem as suas limitações e ambas sabemos disso. Não foram necessárias palavras para percebermos que a melhor opção é a das refeições variadas.
Demanhãzinha fui ao Dicionário Médico Familiar editado pelas Selecções Reader's Digest e li: cenestesia é "o conhecimento de que se existe, produzido por um conjunto de sensações vagas internas procedentes de..." . Percebi que devo repetir a experiência para me conhecer melhor. Faustinha, topas?
excelente! imaculada conceição!
ResponderEliminarrásparta o pirata, sempre a meter o vermelho entre as mulheres, que fruto que não dá mel!
:-)))
... mas desta vez foi "apanhado"! :))
ResponderEliminarDear Maria do Rosário Fardilha,
ResponderEliminarI cannot understand Spanish or Portuguese. By coincidence I googled the name Carstanova and found three photo examples on your site: The woman on the beach with the white costume, the mummy and the girl with the light in her hands. May I ask where you got these pictures from? Because these are photos that I took by myself. Would you be so kind to answer me on carstanova@hotmail.com and place my website www.carstanova.flashpage.nl if you want to publish any of my photos?
With kind regards,
Carsten "Lumière" Sasse