1. da Fausta Paixão, Verdes Anos
2. do Ivar Corceiro, Palestina
O dia ainda não vestiu a noite,
Mas os automóveis acendem as luzes vermelhas dos travões.
Alguns condutores chupam pastilha elástica,
Acordam o silêncio que os acompanha no lugar do morto.
Se o lugar é do morto
E tu estás morta
O lugar é teu
Às vezes por isso ainda te amo
Às vezes por isso ainda te quero
Às vezes por isso ainda me venho
Às vezes por isso ainda te digo
Talvez que sempre que me vim foi na tua boca,
Talvez que sempre que me vim embora
As pernas desobedeceram a uma cabeça oca
Na Palestina construíram um muro que te matou
Aqui construíram um muro que diz que ainda vives
3. da Claúdia de Sousa Dias, Meus olhos de chuva
Meus olhos de chuva
espreitam pela janela
a voragem do Inverno;
vagueiam ausentes, pelo horizonte,
em busca das memórias do passado.
Caem gotas de chuva ácidas, cáusticas
com gosto de sal e de saudade
misturam-se com a água doce da chuva
confundem-se com a paisagem desolada de Inverno...
E meus olhos de chuva
perscrutam o horizonte
pelo vidro da janela
na busca ansiosa
dos primeiros alvores da Primavera...
Busco a embriaguês
do vinho tinto da tua boca
do feitiço da tua voz de pássaro canoro
na estação dos amores.
Espero, assim, que o Inverno
da minha Alma expulses,
e a chuva dos meus olhos seques
com teus beijos de água doce
na minha pele salgada.
4. da Claúdia de Sousa Dias, Homenagem a Baudelaire
Mon coeur
est vetu
de noir
La nuit
s'est levée
dan mon âme
Le serpent
a glissé
son venin
dans mon
esprit
dejá fragile
furieuse et impuissante
je descends
aux Enfers
Et partout
cette odeur
sulfureurse et amére
de ce bouquet maléfique.
5. da Claúdia de Sousa Dias, Paixão
ah!... pressinto a chegada do anjo:
emerge das trevas
para atear a fogueira da minha luxúria
nela quero arder
por toda a eternidade
6. da J.P., (sem título)
Tu quem és, que te espraias
em gestos vagos de mão, ode seca ao luar
em breve contracção?
Relatas-me de verde a vida
cicatriz de terras vindas de longe
a esquecer o barco que te traz
fantasma daquilo que já não há
em permissões de que ida?
Hoje tenho o cérebro azul
como aquele mirtilo
que te neguei, já oferecida.
E dos afectos
resta a
figueira estranguladora
neste corpo que já nem meu é.
Apenas terra.
Terra, pó.
Pó, que transformei em azul.
em breve contracção?
Relatas-me de verde a vida
cicatriz de terras vindas de longe
a esquecer o barco que te traz
fantasma daquilo que já não há
em permissões de que ida?
Hoje tenho o cérebro azul
como aquele mirtilo
que te neguei, já oferecida.
E dos afectos
resta a
figueira estranguladora
neste corpo que já nem meu é.
Apenas terra.
Terra, pó.
Pó, que transformei em azul.
Há mais lotes?
ResponderEliminarCheguei tarde.
As fotografias de que gostei já estão reservadas...
Delírio, este blog é um delírio - de tanta energia!
Parabéns, Maria do Rosário! :)