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22.11.05

Encontros de bloggers


sabem, andei a pensar no que nos faz percorrer quilómetros para encontrar pessoas que mal conhecemos, pessoas cuja identidade nos é estranha, e com quem às vezes, às vezes, sentimos alguma afinidade, ou uma parcial afinidade. que nasce de uma nota num dia. uma nota mais ou menos confessional. ou nem por isso. ou que é apenas doce ou cáustica, mas que acerta com o que queremos ser nesse dia. e às vezes nem nos revemos de todo, estranhamos. e nem queremos que entranhe. mas percorremos os quilómetros.
a maria heli acha que procuramos o rosto das palavras. um rosto vivo que numas horas nos diz qual a distância entre o avatar e a pessoa. quase nenhuma ou imensa. como se existisse um jogo de adivinhação e apostássemos. não sendo importante acertar. porque se sai sempre a ganhar.
eu acho que hay vezes em que as pixeladas do écran nos sabem a pouco. e lembram-se daquela canção do Sérgio Godinho, sabem a pouco, portanto... sabem a tanto. e queremos ir mais longe. testar. descobrir se os sorrisos e emoções desenhados por smiles podem ser transformados em abraços que sintamos verdadeiros. se é possível transferir o efeito de companhias e rotinas quase diárias mas virtuais em gestos concretos. porque os amigos são como o saber, há sempre espaço para mais.
no sábado, quando vi o Manel, com quem troco apenas cumplicidades de blogger há algum tempo, aparecer aqui, apeteceu-me mesmo abraçá-lo. e o que dizer de quem veio de Sintra ou Lisboa ou da outra margem do Tejo, para regressar na mesma noite, com um tempo miserável! ó maria heli, olha que não é só a curiosidade. tem que ser mais. eu acho que é um acto de negação. as pessoas dizem sim às novas tecnologias de comunicação, dispendem um tempo dos diabos à volta delas, mas nasceram quase todas ainda sob o signo do largo da minha aldeia, do recreio da escola, da eira da avó, do café da terra. e quando percebem que podem regressar a esse tempo, mesmo que apenas por umas horas, fazem mesmo os quilómetros necessários.
no sábado, acho que fizemos uma desfolhada. até houve milho-rei. juntámos todos, casados e solteiros, jovens e menos jovens, e como o tempo passou depressa. nem me doem as mãos. é claro, soube-me a pouco, soube-me a pouco, portanto soube-me a tanto.
écrans e redes digitais ainda nos sabem a pouco. caixas de comentários e posts ainda nos sabem a pouco. a blogosfera ainda nos sabe a pouco. acho que ainda vão nascer aqueles a quem este pouco vai saber a basta-me.
os rostos das palavras são gregários.

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