You are the flower.
(Repiscado ao um bigo meu depois de passar por aqui.)
"Le Petit Prince lui même ressemble souvent à Consuelo. Elle est la rose du Petit Prince, elle a des pétales soyeux mais aussi des épines."
Como todos os anos, passei uma parte do Verão a deambular por aquela casa. Vocês conheceram-na porque o Escritor Famoso enviou algumas fotografias. Nessa casa descubro sempre um livro - perdido por alguém - que me faz abandonar a leitura que tenho em mãos. Este ano encontrei uma obra de cariz biográfico assente na correspondência trocada entre Antoine de Saint Exupéry e Consuelo Suncin Sandoval. Consuelo foi a única esposa de Antoine (não a única mulher). "Consuelo, merci d'être ma femme. Si je suis blessé j'aurai qui me soignera, si je suis tué j'aurai qui attendre dans l'éternité, si je reviens j'aurais vers qui revenir". Andei essas semanas embalada com as cartas dos dois amantes. E fiquei a saber que a primeira edição do Petit Prince aconteceu em Nova Iorque (Março de 1943). Eugene Curtice Hitchcock, que já tinha editado o Pilote de Guerre, pediu a Exupéry que escrevesse um conto infantil. O escritor comprou então um bloco de desenho e lápis de cores. E foi em North House, Long Island, ao lado de Consuelo, que passou horas a desenhar um conto que - na verdade - já tinha escrito. "J'ai eu tort de vieillir. Voilá. J'étais heureux dans l'enfance (...) C'est maintenant qu'elle se fait douce, l'enfance."
A edição francesa saiu um mês depois, publicada pela Maison Française de New York. "Un homme qui nous enseigne à quel point nous sommes de notre enfance comme d'un pays. C'est la leçon du Petit Prince". Serão poucos os que desconhecem esta obra. Mas não serão muitos os que sabem que o personagem, a flôr, o amor, eram inspirados e dedicados a uma mulher, Consuelo. "Un jardinier de l'âme qui a su immortaliser la silhouette de l'enfance universelle et nous faire aimer la silhouette d'une femme fleur, dont la présence envahit chaque page de ce livre."
Vou confessar-vos que não foi este livro o primeiro que li de Antoine de Saint Exupéry. O primeiro foi o Vol de Nuit, quando tinha 15 ou 16 anos. Saber que o autor também tinha sido piloto de combate e que morrera como o personagem bastou para que eu criasse um herói. Foi esse herói que quis conhecer, quando peguei no livro. Descobri um homem com un grand corps lourd que tinha sempre dificuldade em se meter na carlinga dos aviões, um poeta que tinha sempre um ar infeliz quando não podia voar, que precisava de fugir à rotina desta dure vie basse, um romancista constantemente decepcionado consigo próprio, um marido imaturo emocionalmente, possessivo mas infiel, um eterno filho, um inconformado, um idealista, um patriota, um homem cheio de contradições mas corajoso. Observador e sensível, sempre. Sofredor, parce qu' il n'y a pas de verité claire à donner aux hommes. Em suma, 20 anos depois, e por isso mesmo, ele continua a ser um "meu herói".
- Merci d'avoir tenu à moi comme un petit crabe têtu. (A. S. E.)
- Ne me perds pas! Ne te perds pas. À bientôt! (Consuelo)
DE Alain Vircondelet (texte) ET José Martinez Fructuoso (archives), Antoine et Consuelo de Saint Exupéry, Un amour de légende, Ed. Les Arènes
Como todos os anos, passei uma parte do Verão a deambular por aquela casa. Vocês conheceram-na porque o Escritor Famoso enviou algumas fotografias. Nessa casa descubro sempre um livro - perdido por alguém - que me faz abandonar a leitura que tenho em mãos. Este ano encontrei uma obra de cariz biográfico assente na correspondência trocada entre Antoine de Saint Exupéry e Consuelo Suncin Sandoval. Consuelo foi a única esposa de Antoine (não a única mulher). "Consuelo, merci d'être ma femme. Si je suis blessé j'aurai qui me soignera, si je suis tué j'aurai qui attendre dans l'éternité, si je reviens j'aurais vers qui revenir". Andei essas semanas embalada com as cartas dos dois amantes. E fiquei a saber que a primeira edição do Petit Prince aconteceu em Nova Iorque (Março de 1943). Eugene Curtice Hitchcock, que já tinha editado o Pilote de Guerre, pediu a Exupéry que escrevesse um conto infantil. O escritor comprou então um bloco de desenho e lápis de cores. E foi em North House, Long Island, ao lado de Consuelo, que passou horas a desenhar um conto que - na verdade - já tinha escrito. "J'ai eu tort de vieillir. Voilá. J'étais heureux dans l'enfance (...) C'est maintenant qu'elle se fait douce, l'enfance."
A edição francesa saiu um mês depois, publicada pela Maison Française de New York. "Un homme qui nous enseigne à quel point nous sommes de notre enfance comme d'un pays. C'est la leçon du Petit Prince". Serão poucos os que desconhecem esta obra. Mas não serão muitos os que sabem que o personagem, a flôr, o amor, eram inspirados e dedicados a uma mulher, Consuelo. "Un jardinier de l'âme qui a su immortaliser la silhouette de l'enfance universelle et nous faire aimer la silhouette d'une femme fleur, dont la présence envahit chaque page de ce livre."
Vou confessar-vos que não foi este livro o primeiro que li de Antoine de Saint Exupéry. O primeiro foi o Vol de Nuit, quando tinha 15 ou 16 anos. Saber que o autor também tinha sido piloto de combate e que morrera como o personagem bastou para que eu criasse um herói. Foi esse herói que quis conhecer, quando peguei no livro. Descobri um homem com un grand corps lourd que tinha sempre dificuldade em se meter na carlinga dos aviões, um poeta que tinha sempre um ar infeliz quando não podia voar, que precisava de fugir à rotina desta dure vie basse, um romancista constantemente decepcionado consigo próprio, um marido imaturo emocionalmente, possessivo mas infiel, um eterno filho, um inconformado, um idealista, um patriota, um homem cheio de contradições mas corajoso. Observador e sensível, sempre. Sofredor, parce qu' il n'y a pas de verité claire à donner aux hommes. Em suma, 20 anos depois, e por isso mesmo, ele continua a ser um "meu herói".
- Merci d'avoir tenu à moi comme un petit crabe têtu. (A. S. E.)
- Ne me perds pas! Ne te perds pas. À bientôt! (Consuelo)
DE Alain Vircondelet (texte) ET José Martinez Fructuoso (archives), Antoine et Consuelo de Saint Exupéry, Un amour de légende, Ed. Les Arènes
e
ResponderEliminar'un amour de swan'
leste?
sim, li o que Swann foi escrevendo sobre mim
ResponderEliminarass: Odette
sim, li o que Swann foi escrevendo sobre mim
ResponderEliminarass: Odette
Obrigada pela referência. O Petit Prince, é para mim um livro de cabeceira. De todas as vezes que releio partes dele descubro novas mensagens, ou entendo outros sons.
ResponderEliminarOlá mgbon! acho que somos muitos a partilhar esse encanto :)
ResponderEliminarbj
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