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Chegou o momento das votações. As urnas estão abertas a partir deste momento e até às 24 horas do dia 13 de Outubro. Já conhecem as regras: todos podem votar, incluindo os autores dos textos (num outro texto que não o seu). Só deve ser indicado UM texto (eu sei que é difícil...) como o PREFERIDO. A nomeação desse texto deve ser feita nos comentários deste blog. Na vossa avaliação tenham em consideração se existe ligação entre o texto e o mote apresentado (mesmo que essa ligação não tenha que ser óbvia!). Se quiserem, apresentem as razões por que fizeram a vossa escolha.
Aos autores agradeço a generosidade implícita na resposta a este desafio e, como poderão comprovar, a qualidade elevada dos textos.
Eis os autores e textos a concurso!
1. de George Cassiel, Agulhas ferventes:Chegou o momento das votações. As urnas estão abertas a partir deste momento e até às 24 horas do dia 13 de Outubro. Já conhecem as regras: todos podem votar, incluindo os autores dos textos (num outro texto que não o seu). Só deve ser indicado UM texto (eu sei que é difícil...) como o PREFERIDO. A nomeação desse texto deve ser feita nos comentários deste blog. Na vossa avaliação tenham em consideração se existe ligação entre o texto e o mote apresentado (mesmo que essa ligação não tenha que ser óbvia!). Se quiserem, apresentem as razões por que fizeram a vossa escolha.
Aos autores agradeço a generosidade implícita na resposta a este desafio e, como poderão comprovar, a qualidade elevada dos textos.
Eis os autores e textos a concurso!
"Entrei como um actor entra em cena, sem nada que me despertasse a atenção, porque tudo sempre estivera lá, nos mesmos sítios desde o início, como os adereços sobre o palco deverão estar para que o actor não se perca, sem novidade, sem diferença, para que a indiferença provocada seja estímulo à concentração absoluta no corpo, no corpo do actor, no meu corpo quando entro em cena, em casa. (...)" Contin. aqui.
2. de Palavras em Linha, As palavras da memória:
"Há momentos em que paramos. Subitamente. Como se o corpo estivesse em exaustão e precisasse de recompor-se da corrida diária que é a vida.
Não se trata de parar para pensar, para desbastar a ideia que anda há semanas a ocupar a mente como onda espraiando-se sobre o areal da praia em dia de Agosto. Paragens dessas tive-as amiúde. Resultaram em páginas saídas das minhas mãos como pedaços de mim e espalhadas depois pelos olhos dos outros, olhos atentos, olhos de converter palavras em coisas acabadas com desfechos estranhos à minha compreensão.
O que deixamos escrito sai de nós para não nos pertencer mais.(...)" Contin. aqui.
3. de Hipatia do Voz em Fuga, Les voix du silence:
"Percorreu cada espaço. Sentia-o vazio agora, um refúgio oco. Olhou os livros caiados de pó de casa antiga e com visitas retardadas pelos afazeres longe demais. Em cada espaço, uma memória salta-lhe ao caminho, um sorriso empoeirado de quando era tão mais fácil sorrir. Percorreu cada espaço, cada quarto. Sentou-se nas cadeiras do costume, como se nunca tivesse partido. Respirou os cheiros, cheiros familiares e antigos, de madeira verdadeira e linhos amarelados. Percorreu cada espaço, como quem percorre de mansinho uma vida inteira. (...)" Contin. aqui.
4. de Ivar Corceiro do Bagaço Amarelo, alguém construiu uma fábrica a muitos quilómetros daqui:
"Durante a noite alguém construiu uma fábrica a muitos quilómetros daqui, e eu sentei-me no parapeito da janela onde ainda estou. Nunca vi Vera passar o túnel. São tantas as vezes que um homem olha para o chão, penso agora, que não encontro resposta para a forma preocupada como a mobília me encara. É verdade que estou a olhar para o chão, e que me acalento na fraca pulsação da luz matinal. É verdade que talvez Vera ainda venha hoje. As árvores caminharam durante a noite aproximando-se da casa, e algumas estão deitadas lá fora à espera duma história de amor. As histórias de amor são sempre ridículas, penso agora, e não percebo porque geram tanta expectativa.(...)" Contin. aqui.
5. de J.P. do Faz de Conta, sem título:
"Embebedei-me de aromas ao tocar a pedra áspera. Arcada bruta nascida do sonho de mostrar poderio. Palpei de novo as raízes da infância, quando as azedas eram mais azedas, e o coração menos brando.
Que carranca séria, disseram-me. - Solta o riso que as flores agradecem!
Muda encaracolei-me no axadrezado hipnótico. O eco dos passos uma cortina de fumo.(...) Contin. aqui.
6. de Luna do Loucura e Nata, O Retiro do escritor:
"O meu retiro nada tem de novo comparado com outros, é um local tranquilo onde me encontro comigo mesmo, onde tenho o silêncio, onde me viro mais para dentro do que para fora.
Valorizando mais o silêncio que o barulho. Os mil barulhos com que nos vamos habituando a preencherem o dia-a-dia.(...)" - Continua aqui.
"O meu retiro nada tem de novo comparado com outros, é um local tranquilo onde me encontro comigo mesmo, onde tenho o silêncio, onde me viro mais para dentro do que para fora.
Valorizando mais o silêncio que o barulho. Os mil barulhos com que nos vamos habituando a preencherem o dia-a-dia.(...)" - Continua aqui.
7. de Fausta Paixão, do Não Compreendo os Homens, Jorge Rebelo Tinto:
"Eu já devia estar avisada sobre a complexidade da mente artística. Não é que cada homem seja um artista ou contenha em si um artista, que as artes masculinas são assim umas coisas mais ligadas ao bricolage, coisas de encher garagens ou arrecadações com todas as inutilidades que já não cabem em casa. Mas dizia eu que devia estar avisada sobre as artes ditas nobres, uma vez que o pianista e o dançarino tinham arte inata e nem por isso deixaram intacta a minha alma apaixonada. Artifícios da vida! E se ela não é mais do que um rame-rame feito de rotinas pasmadas, de vez em quando lá cedemos à pitadinha de loucura que um artista traz e transmite ao cinzentinho dos dias.(...)" Contin. aqui.
8. de Sisífo, Recuo:
"Na parte mais dramática do meu epitáfio há-de ficar descrita a voz de um tempo que me desafiou a perecer apenas com todas as fomes saciadas.
Aí, nesse pedaço pouco atento da gratidão, estarão também soletrados os passos que dei para deixar de sentir o que quer que fosse pela verdade.
Nada de perturbante.
Pedaços e mais pedaços é tudo o que se vai conseguindo sugerir como vida.(...)" Contin. aqui.
9. de Ivo Cação do Zumbido, A Saphira:
"Et in Arcadia ego. Não, não sei latim. Ficou-me esta frase de há muitos anos quando revivia o passado em Brideshead. Sem propriedade, diga-se. Aconteceu apenas porque me lembrei de Saphira. E a memória é sempre uma feiticeira boa que vem em auxílio de quem já não sabe sair do estreito caminho da evidência.
Saphira esteve comigo no lugar que primeiro defini como meu. Filho único, avesso ao encontro fortuito com a realidade rude e agreste, encontrei em Saphira a companheira, que não sendo capaz de distinguir entre a aventura e a conveniência, me levava para os espaços ocultos onde eram possíveis os devaneios.(...)" Contin. aqui.
10. de Mushu do Ao Sabor do Vento, Xadrez:
" Sentou-se, cansado de tanto debitar letras naquela folha de papel. Desta vez letras ao acaso, sem nexo. Escreveu-as na leve esperança de que um dia tomassem vida, se organizassem e formassem algo com sentido.Adormeceu.Entrou pela porta de vidro que dava para o jardim, correu ao quarto para buscar as peças de xadrez, tencionando com elas jogar nos ladrilhos da entrada como era habitual.- Mãeeeeeeee! Onde está o cavalo?- O do xadrez? Vi-o passar aqui há pouco. Acho que foi para a rua.(...)" Contin. aqui.
11. de Joaquim Pavão, (sem título):
"Queimei-me! O dedo não arde, apenas dói. Volto a colocar o isqueiro no chão. Levanto-me? É isso! Estou a levantar-me. Tenho que agarrar-me. Tantos solavancos! Onde vou? Usa os olhos, usa os olhos. Só vejo manchas arrastadas em confusas direcções. Parei? Acho que parei, embora o corpo sinta ainda o passado no presente. Calmaria? Parece que parou. Olho e já estou na porta. Respirar, meu deus! Respirar? Inspiro, expiro, repetição. E mais repetição. Mão na maçaneta e rodo.(...)" Contin. aqui.
12. de Rui Gonçalves, do Crónicas de (e depois da) Califórnia, O Tempo:
"Mais um dia! Cheguei aqui há algum tempo e desde aí que tenho esperado que o tempo passe. Porque "o tempo faz com que as coisas mudem", pensei eu nessa altura. Mas o passar do tempo apenas nos faz ficar com menos tempo. Tempo esse, que pretendemos que seja para mudar aquilo que não mudámos a seu tempo.
A verdade é que nunca acreditei na história do D. Sebastião, mas como todos aqui, acredito que haverá um tempo melhor que este. Um tempo em que terei tempo para fazer aquilo a que gosto de dedicar o meu tempo.(...)" Conti. aqui.
13. de Lino Centelha, A casa dos espirros:
"Sentado nos bancos castanhos da casa branca, ouvi um catequista cinzento, com olhos azuis e cabelo ruivo, vestido de verde, com um livro negro nas mãos rosadas, dizer, numa quarta-feira de cinzas, entre dentes amarelos, que éramos pó e em pó haveríamos de nos tornar. O catequista cataclísmico não fumava. Também não bebia. Não fazia nada a não ser dizer-nos que haveríamos de ser pó. E tossia muito lançando perdigotos azulados sobre o meu horizonte de observação.
Foi esta questão do pó e dos perdigotos que me empurrou definitivamente para a engenharia. (...)" Contin. aqui.
14. de Prólogo, O coito:
"Quando andava à procura da forma perfeita, encontrei a esfera. Sei que não é universal, que haverá quem goste mais do cubo ou do fantástico tetraedro, mas eu prefiro uma coisa sem vértices nem arestas, elementar o suficiente para parecer mais do que é e onde a proximidade do toque é sempre pontual.
Talvez por isso, na infância, passasse o meu tempo a esquadrinhar obsessivamente o arcaico globo terrestre que ainda está cá em casa. Incomodava-me saber da enorme sorte que me calhara de, dado que estava sempre numa óbvia vertical, o resto da humanidade viver numa estranha e incómoda obliquidade, para não falar nos antípodas que permaneciam eternamente de pernas para o ar. (...)" Contin. aqui.
15. de Finúrias do Ministério da Soltura, Carta à insónia:
"Cinco minutos depois das 6, canta a noite sem sono. E mais uma noite ! Deambulo pela casa já de madrugada , uma insónia que tome conta de min . Certamente, quando só no silêncio próprio da noite , inconscientemente acabamos por pensar , e pensar , e pensar ...com ou sem sentido , o que gostaríamos de ter feito, e deixamo-nos cair no esquecimento da hora. É nestas alturas que sentimos a vontade de tudo agarrar, e recriar ...os castelos de criança, já esmagados pelo tempo , falar àqueles que o próprio tempo fez desencontrar, reencontrar o amigo imaginário que fazia companhia quando a mãe apagava a luz do quarto. O medo do escuro deixava de existir ! (...)" Contin. aqui.
16. de Caiacaina do Bis morgen, O Escritor Famoso e os elos do passado:
"Levantei-me e dei passos à toa pelas veredas do jardim da minha infância. Voltei a olhar o baloiço e lentamente atravessei o jardim de todas as minhas recordações. Os meus passos ressoavam no saibro solto e por entre a folhagem da velha árvore, parecia-me ver os olhos de Helena a admirarem-me.Em passos lentos dirigi-me à minha casa. Cruzei os arcos de pedra cansada pelos anos que seguravam as ogivas.(...)" Contin. aqui.
17. de Francisco del Mundo, Mestre, que p. de vida:
"Mestre, certas pessoas tem toda a legitimidade para dizer "Que puta de vida!"... Walter Herrman é uma delas! Este homem, com um H muito grande, tem 25 anos e é um basquetebolista argentino. É um atleta tremendo que tem provado a vitória na derrota e a derrota na vitória. Mas contemos a sua estória...Em Julho de 2003, estava ele em La Plata no estágio quando, ao ligar para casa, descobriu que a sua namorada tinha perdido a vida num acidente. Para quem já passou por isto, sabe que a dor (e impotência) é tão grande que se amaldiçoa a vida. (...)" Contin. aqui.
18. de mfc do Pé de Meia, (sem título):
"A noite estava fria e já ia alta. Sentei-me naquela poltrona junto à janela a olhar para a árvore, de que apenas se perscrutava o recorte escuro contra o mais escuro do céu. Não ousei acender a lareira e virei costas à estante, que sempre foi um aconchego. Via apenas a árvore negra na minha frente. O frio húmido entrava pela janela, mas precisava de estar ali a contemplá-la. Já a tinha visto mil vezes, mas não assim apenas recortada. Estavamos imóveis os dois, fixos um no outro. Fomos companhia recíproca desde há muito, se bem que ela fosse uma irmã mais velha e me tivesse ensinado como estar na vida... Dizia-me muitas vezes: "Olha para mim!" (...)" Contin. aqui.
19. de Carlos da Alameda dos Oceanos, Um tempo alegremente incerto:
"Podia estar à espera de um barco que me levasse, a alma animada pelas coisas que se não conhecem e que nalgumas partidas se revelam intensas e felizes, antes de tudo ou alguma coisa se passar.
Poderia olhar em volta, as paredes e as pessoas, e ficar com pena de as deixar por algum tempo (um tempo alegremente incerto), olhar para as minhas coisas e pensar que vão ficar sozinhas por algum tempo (um tempo alegremente incerto). (...)" Contin. aqui.
Divulguem nos vossos blogs o início das votações do III Concurso do Escritor Famoso. Não se esqueçam de que a comunicação dos resultados finais (que supõe a avaliação do "grande júri") acontecerá no dia 14 de Outubro em Aveiro (livraria O Navio de Espelhos, às 21:30) no Encontro de Bloggers que aqui vai ocorrer... e para o qual todos estão convidados!
18. de mfc do Pé de Meia, (sem título):
"A noite estava fria e já ia alta. Sentei-me naquela poltrona junto à janela a olhar para a árvore, de que apenas se perscrutava o recorte escuro contra o mais escuro do céu. Não ousei acender a lareira e virei costas à estante, que sempre foi um aconchego. Via apenas a árvore negra na minha frente. O frio húmido entrava pela janela, mas precisava de estar ali a contemplá-la. Já a tinha visto mil vezes, mas não assim apenas recortada. Estavamos imóveis os dois, fixos um no outro. Fomos companhia recíproca desde há muito, se bem que ela fosse uma irmã mais velha e me tivesse ensinado como estar na vida... Dizia-me muitas vezes: "Olha para mim!" (...)" Contin. aqui.
19. de Carlos da Alameda dos Oceanos, Um tempo alegremente incerto:
"Podia estar à espera de um barco que me levasse, a alma animada pelas coisas que se não conhecem e que nalgumas partidas se revelam intensas e felizes, antes de tudo ou alguma coisa se passar.
Poderia olhar em volta, as paredes e as pessoas, e ficar com pena de as deixar por algum tempo (um tempo alegremente incerto), olhar para as minhas coisas e pensar que vão ficar sozinhas por algum tempo (um tempo alegremente incerto). (...)" Contin. aqui.
Divulguem nos vossos blogs o início das votações do III Concurso do Escritor Famoso. Não se esqueçam de que a comunicação dos resultados finais (que supõe a avaliação do "grande júri") acontecerá no dia 14 de Outubro em Aveiro (livraria O Navio de Espelhos, às 21:30) no Encontro de Bloggers que aqui vai ocorrer... e para o qual todos estão convidados!
Mais uma votação e mais uma dificuldade de escolha...
ResponderEliminarO meu voto vai para o 16.
A cena em que ele sabe que vai reencontrar Helena surgiu-me como um elo de continuidade desde a 1ª edição.
Já agora, para quando a edição de um livro com todos os textos do Escritor Famoso?
obrigada André! Quanto ao livro, teremos que trabalhar ainda muito, lançar novas edições do Escritor... :)
ResponderEliminarAinda bem que cá voltei! o meu voto não seguiu! Olha agora já não consigo escrever o que escrevi há pouco! Voto neste Lino Centelha, A casa dos espirros e as razões passam pela estrutura do conto, que me traduziu um abiente de misticismo nma escrita que não se desprende de um tom de ironia (gostei tb da "colagem" airosa aos títulos de outros livros ...Casa do Pó, Casa dos Espíritos) Era mais ou menos isto.
ResponderEliminarEu não consegui concorrer...na próxima; gosto deste tipo de "passatempo".
Seila, o teu comentário está no post anterior e gostei bt de o ler :lol:
ResponderEliminarbj
"Les voix du silence", da Hipatia.
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