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26.9.05

Tout le Monde en Parle



Este é Thierry Ardisson, o animador de culto do Tout Le Monde en Parle. Sim, volto à carga, mesmo se o programa de ontem foi mais fraquinho. A verdade é que foram apresentados pelo menos 6 livros, 2 peças de teatro, 3 filmes e um novo ábum. Estiveram no estúdio os autores, actores, realizadores e músico que, sem complexos, vieram defender a sua "obra". O conceito do programa é genial porque mistura muito bem informação com divertimento. E uma coisinha assim faz-nos falta!

Agora os entrevistados! Vou seleccionar apenas alguns:

Guy Ritchie, o marido de Madonna, veio falar de Revólver, o seu quarto e último filme. O genérico é bom, torna o filme apetecível, mas não me parece que ele vá conseguir o primeiro sucesso da sua carreira. Teve problemas de financiamento, Luc Besson deu uma ajudinha, acabou com um casting fantástico. Centra-se no universo do jogo mas o que lhe interessa é o aspecto relacional: como se joga com a ilusão, como se joga com a confiança das pessoas. Tudo isto através de um argumento divertido. Frase a reter: enganamos as pessoas devido à sua cupidez. Trica cor de rosa ou lilás: não se lembrava da data de aniversário de Madonna.

Patrice Chéreau (realizador) e Pascal Greggory (actor) vieram apresentar Gabrielle, o filme sensação do ano. Isabelle Huppert é a protagonista e, com este filme, já ganhou um Leão especial em Veneza. De Chéreau já vi "Ceux qui m'aiment prendront le train" e gostei imenso! Argumento a reter: são duas pessoas que se esqueceram que têm um corpo, que se esqueceram de ter prazer.


Gerard Jugnot (sou fã) e Mélanie Doutey (actriz com corpinho de calendário e cabecinha de devia ter lido Proust) defenderam Il ne faut jurer de rien! (realiz.: Éric Civanyan).
Assinatura a reter (?): no cimo do corpo de uma mulher há uma cabeça.

Damon Albarn dos Blur e (criador) de Gorillaz, explicou o conceito deste último projecto: um grupo quase virtual que alia os universos musical e gráfico. Pela primeira vez temos uma banda sem interface humana, tendo como única representação visual personagens originais de BD. O novo álbum: Demom Days. Frase a reter: a celebridade é como um túmulo, como uma doença. Ou: em Inglaterra todas as revistas falam sempre dos mesmo 20 artistas (mais descansados? não é só cá...).

Depois, os livros! Não vou falar deles. Mas muitos são biografias. Fica a nota comparativa: se o nosso mercado editorial se assemelhasse ao francês, o Artur Albarran já teria gerado duas ou três biografias, a Fátima Felgueiras umas sete (3 por cada ano que esteve no Brasil mais outra a sair com detalhes sobre a estadia além-mar), todos os arguidos do caso Casa Pia teriam uma oficial e outra não oficial, pelo menos um ministro do governo de Santana Lopes teria já lançado qualquer coisa como "Tanto em tão pouco tempo", etc. etc..

Finalmente termino com a evocação que deu início ao programa: Simone Signoret. No aniversário da sua morte, tivemos Catherine Allégret, sua filha, (tão parecida com a mãe), a falar-nos de Signoret. Da sua origem judia (pai era polaco), do casamento com Yves Allégret que que durou muito poucos anos porque Simone se apaixonou perdidamente por Yves Montand, do engagement político do casal, do apoio ao partido comunista e de como foram utilizados por este, da negação às críticas à URSS, do afastamento apenas no início dos anos 80, da mágoa por não ter conseguido ter um filho com Montand, do Óscar em Hollywood e do sofrimento aquando do romance de Montand com Marilyn Monroe, da carreira no cinema - em 1978 ainda ganha um César, e da escrita, do funeral que foi um acontecimento nacional só comparável ao de Jean-Paul Sartre. Angústia a não reter: Simone descobre a primeira ruga aos 30 anos, Montand nunca esqueceu esse momento. As mulheres envelhecem mais rapidamente que os homens. Ou os homens ficam mais bonitos quando envelhecem, ao contrário das mulheres.

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