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22.9.05

Luanda, em Setembro de 2005

Esta é a crónica da viagem que não fiz a Luanda. Estava prevista para o início deste mês mas tive que deixar a minha amiga Cristina, também nascida em Angola, dar esse salto às origens... sozinha. Ela viajava (também) por razões profissionais. Há um provérbio africano que diz "Caminha sempre à frente de ti mesmo, como o camelo que conduz a caravana" e esse é um dos lemas de vida da minha amiga.
Já de volta escreveu-me este mail que, com o seu consentimento, vou postar para o mundo. Não sei se ela me quis consolar um pouco mas fiquei com a impressão de que, quando lá for, outros mitos (muito pessoais) vão ruir!


Olá Rosarinho

Já estou em casa - cheguei hoje de manhã. As viagens foram óptimas, mas já percebi porque é que se deve ir em executiva. São quase 8 horas dentro do avião e o espaço não é muito.

Conforme te disse, levei máquina fotográfica, mas não digital. Tirei algumas fotografias (poucas) que conto mostrar-te em breve. Luanda não é exactamente a melhor cidade do mundo para fazer turismo - caríssima e completamente limitativa no que se refere à capacidade de locomoção de um estranho. Não há transportes públicos dignos desse nome, não há táxis e não se vêm muitos brancos a andar a pé. Resultado - só consegui andar pela cidade com motoristas e carros emprestados. Consegui ir ao Mussulo e à Barra do Kuanza.

A cidade está bastante degradada - 30 anos sem manutenção e com guerra pelo meio não ajudaram nada. O que existe em termos de infra-estruturas foi feito pelos portugueses para uma cidade que, à época, teria cerca de 400.000 habitantes. Hoje tem mais de 4.000.000 .... A água e a luz faltam todos os dias, pelo menos 1 vez. Só se consegue viver sem grandes sobressaltos se se tiver um gerador eléctrico e um depósito de água com bomba. Claro que as casas alugadas pelos europeus têm estes "extras". O aluguer de uma casa/apartamento com estes requisitos não custa menos de USD 7.000. A somar a isto tens as despesas com segurança da casa, com estacionamento na cidade, com empregada, com lavagens de carros, .... Daí que a maioria dos expatriados optem por viver em hotéis, com diárias (sem alimentação) na casa dos 180 USD. Claro que o sector do turismo é um dos que regista maior desenvolvimento.

Foi uma experiência interessante, mas a não repetir do ponto de vista turístico. Quanto ao aspecto profissional, é uma situação a ponderar com cuidado.

Um beijinho muito grande e até breve.
Cristina

P.S. Na versão oficial tu também foste a Luanda. Se os meus pais sonham que fui sozinha têm um colapso.

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