No dia 11 de Setembro de 2001 eu acordei com o telefonema de um amigo que, sem dar ainda muita importância ao caso, me disse que um avião se despenhara contra uma das torres gémeas de Nova Iorque. Liguei a tv para ver a CNN. A imagem estava lá mas nesse momento não havia nenhuma informação precisa sobre o avião nem sobre a causa do "acidente". Logo a seguir aparece o segundo avião e eu vejo em directo uma imagem que não compreendo apesar dos gritos do jornalista (?). A segunda Torre tinha sido "atacada". Como escreveu Beigbeder no seu Windows on the World, 1 avião=1 acidente, 2 aviões=0 acidente !
Hoje sabemos com precisão o que aconteceu. Às 8:46, um Boeing 767 da American Airlines transportando 92 passageiros, voando à velocidade de 800 km/h, e abastecido com 40000 litros de querosene, embateu contra os andares 94° a 98° da face norte da Torre 1, pegando fogo de imediato aos escritórios da Marsh & McLennan. Nenhuma das 1344 pessoas que se encontravam nos 19 pisos superiores sobreviveu. O choque e posterior incêndio obstruiram todas as saídas possíveis (as escadas ruíram e os elevadores fundiram).
A Torre Sul, mesmo com a ameaça de queda da Torre Norte, não foi evacuada. Às 9:02:54, o vôo 175 da United Airlines, outro Boeing 767, transportando 65 passageiros, penetra nos pisos 78° a 84°. Voa a maior velocidade que o anterior: 930 km/h. Às 9:59 a Torre ruíu.
Até às 10:28 precisas, quando a Torre Norte do World Trade Center desabou, não consegui desviar os olhos do écran. Durante cerca de uma hora e 45 minutos, das 8:46 às 10:28, milhares de pessoas ficaram prisioneiras daquele inferno, podíamos (ou talvez não) imaginar o desespero, o pânico, os seus esforços para sobreviver... em vão. Foi também o primeiro dia do resto de muitas outras vidas.
Nessa altura vivia em Paris, a dois quarteirões da Torre Eiffel e não muito longe da Torre de Montparnasse. Estava chocada com as imagens, decidi sair de casa, passear com as minhas filhas. Elas tinham apenas 18 meses e não queria que percebessem a minha tristeza. Mas depois de atravessar a Av. Sufren apercebi movimentos "anormais", havia policiamento em vários locais. E decidi voltar para trás. Dava-me conta de que todos estávamos sob ameaça e de que, mesmo que se tratasse de psicose, não valia a pena arriscar. Senti medo.
Ainda não podemos medir o impacto do 11 de Setembro no mundo, sabemos apenas que em termos estratego-políticos tudo se alterou, que o mundo seria diferente sem 9/11, que a América provavelmente não teria re-eleito G.W. Bush., que os Taliban viveriam ainda tranquilos no Afeganistão, que o precedente criado pelos EUA ao invadirem o Iraque não teria desacreditado a ONU, que se teriam poupado milhares de vidas de soldados e civis, que o julgamento de Sadam Hussein não aconteceria em Outubro próximo, que os orçamentos para fins militares seriam menos defensáveis...
mas depois ocorreram os atentados em Madrid e em Londres, para só falar da Europa...,
pelo que o nosso medo e dúvidas balançam, serenamos e logo voltamos a ficar agitados.
Em Dezembro de 2003 visitei o Ground Zero. A estação de metro acabara de ser reaberta. O Hotel em frente (outro arranha-céus) tinha sido limpo e cintilava. Mas ao lado ainda havia um prédio coberto para futura demolição por questões de segurança (as estruturas teriam ficado afectadas). Visto da St. Paul Chapel, transformada em memorial aos que morreram do outro lado da rua em 9/11 de 2001, o panorama era de desolação. Por toda a cidade, em quartéis de bombeiros, restaurantes, lojas, encontrávamos ainda fotografias das vítimas, rostos que fixávamos e que demoravam a desaparecer da nossa memória.
Todos nós nos lembramos desse dia, do que estávamos a fazer, do horror e comoção que se instalaram, da sensação de incredulidade - era um acontecimento que nos ultrapassava por completo. Como estamos hoje? Já acreditamos, temos a certeza de que existe um novo risco com o qual temos de aprender a viver. Mas a incredibilidade da História supera todo o conhecimento. Organizamos o nosso Tempo em função do nascimento de um messias, ac, dc. E fanáticos de outra religião pretendem abalar essa civilização. Para quando o Tempo do al, dl, vulgo "antes da laicidade", "depois da laicidade"?
The Windows of the World era o nome do restaurante situado no 107° piso da Torre Norte do WTC. Estavam 171 pessoas nesse restaurante (incl. 72 empregados) no momento do choque do Boeing. The Windows of the World é também o título de uma canção de Burt Bacharach e Hal David, interpretada por Dionne Warwick em 1967. A canção foi escrita contra a guerra no Vietname mas a mensagem ainda é válida e sê-lo-á durante muito tempo...
The windows of the world are covered with rain,
Where is the sunshine we once knew?
Everybody knows when little children play
They need a sunny day to grow straight and tall.
Let the sun shine through.
The windows of the world are covered with rain,
When will those black skies turn to blue?
Everybody knows when boys grow into men
They start to wonder when their country will call.
Let the sun shine through.
(clicar para ouvir a música)
Hoje sabemos com precisão o que aconteceu. Às 8:46, um Boeing 767 da American Airlines transportando 92 passageiros, voando à velocidade de 800 km/h, e abastecido com 40000 litros de querosene, embateu contra os andares 94° a 98° da face norte da Torre 1, pegando fogo de imediato aos escritórios da Marsh & McLennan. Nenhuma das 1344 pessoas que se encontravam nos 19 pisos superiores sobreviveu. O choque e posterior incêndio obstruiram todas as saídas possíveis (as escadas ruíram e os elevadores fundiram).
A Torre Sul, mesmo com a ameaça de queda da Torre Norte, não foi evacuada. Às 9:02:54, o vôo 175 da United Airlines, outro Boeing 767, transportando 65 passageiros, penetra nos pisos 78° a 84°. Voa a maior velocidade que o anterior: 930 km/h. Às 9:59 a Torre ruíu.
Até às 10:28 precisas, quando a Torre Norte do World Trade Center desabou, não consegui desviar os olhos do écran. Durante cerca de uma hora e 45 minutos, das 8:46 às 10:28, milhares de pessoas ficaram prisioneiras daquele inferno, podíamos (ou talvez não) imaginar o desespero, o pânico, os seus esforços para sobreviver... em vão. Foi também o primeiro dia do resto de muitas outras vidas.
Nessa altura vivia em Paris, a dois quarteirões da Torre Eiffel e não muito longe da Torre de Montparnasse. Estava chocada com as imagens, decidi sair de casa, passear com as minhas filhas. Elas tinham apenas 18 meses e não queria que percebessem a minha tristeza. Mas depois de atravessar a Av. Sufren apercebi movimentos "anormais", havia policiamento em vários locais. E decidi voltar para trás. Dava-me conta de que todos estávamos sob ameaça e de que, mesmo que se tratasse de psicose, não valia a pena arriscar. Senti medo.
Ainda não podemos medir o impacto do 11 de Setembro no mundo, sabemos apenas que em termos estratego-políticos tudo se alterou, que o mundo seria diferente sem 9/11, que a América provavelmente não teria re-eleito G.W. Bush., que os Taliban viveriam ainda tranquilos no Afeganistão, que o precedente criado pelos EUA ao invadirem o Iraque não teria desacreditado a ONU, que se teriam poupado milhares de vidas de soldados e civis, que o julgamento de Sadam Hussein não aconteceria em Outubro próximo, que os orçamentos para fins militares seriam menos defensáveis...
mas depois ocorreram os atentados em Madrid e em Londres, para só falar da Europa...,
pelo que o nosso medo e dúvidas balançam, serenamos e logo voltamos a ficar agitados.
Em Dezembro de 2003 visitei o Ground Zero. A estação de metro acabara de ser reaberta. O Hotel em frente (outro arranha-céus) tinha sido limpo e cintilava. Mas ao lado ainda havia um prédio coberto para futura demolição por questões de segurança (as estruturas teriam ficado afectadas). Visto da St. Paul Chapel, transformada em memorial aos que morreram do outro lado da rua em 9/11 de 2001, o panorama era de desolação. Por toda a cidade, em quartéis de bombeiros, restaurantes, lojas, encontrávamos ainda fotografias das vítimas, rostos que fixávamos e que demoravam a desaparecer da nossa memória.
Todos nós nos lembramos desse dia, do que estávamos a fazer, do horror e comoção que se instalaram, da sensação de incredulidade - era um acontecimento que nos ultrapassava por completo. Como estamos hoje? Já acreditamos, temos a certeza de que existe um novo risco com o qual temos de aprender a viver. Mas a incredibilidade da História supera todo o conhecimento. Organizamos o nosso Tempo em função do nascimento de um messias, ac, dc. E fanáticos de outra religião pretendem abalar essa civilização. Para quando o Tempo do al, dl, vulgo "antes da laicidade", "depois da laicidade"?
The Windows of the World era o nome do restaurante situado no 107° piso da Torre Norte do WTC. Estavam 171 pessoas nesse restaurante (incl. 72 empregados) no momento do choque do Boeing. The Windows of the World é também o título de uma canção de Burt Bacharach e Hal David, interpretada por Dionne Warwick em 1967. A canção foi escrita contra a guerra no Vietname mas a mensagem ainda é válida e sê-lo-á durante muito tempo...
The windows of the world are covered with rain,
Where is the sunshine we once knew?
Everybody knows when little children play
They need a sunny day to grow straight and tall.
Let the sun shine through.
The windows of the world are covered with rain,
When will those black skies turn to blue?
Everybody knows when boys grow into men
They start to wonder when their country will call.
Let the sun shine through.
(clicar para ouvir a música)
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