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Music Hall
Este é o blog onde tenho arquivado os posts musicais do Divas & Contrabaixos. Decidi pô-lo a circular. The collection is yours!
29.8.05
E o livro vai para...
Fazem ideia de como foi um prazer ler estes 26 textos e de como, depois, se tornou tortuoso ter que escolher O melhor texto! Existem textos para todos os gostos, uns mais poéticos, outros "de época", muitos bastante nostálgicos, uns tantos absolutamente originais, outros tantos bem estruturados, a grande maioria muito bem escritos. Alguns textos não respeitaram o mote inicial e por isso foram penalizados. É o caso dos textos 3, 6 e 19 (sem referência ao escritor ou à relação entre o escritor e Helena). Mas porque são textos excelentes, aconselhamos a re-leitura. Enfim, depois de muitas leituras e re-leituras, o júri chegou a um resultado.
A grande maioria dos votantes no Concurso escolheu o texto 18 da Marquesa d'Aires.
O somatório dos pontos (de 1 a 10) atribuídos por cada membro do Júri definiu a seguinte classificação:
1. Texto 2, O sorriso, de Didas (47 pontos)
2. Texto 21, A Helena , de Ivo Cação (46 pontos)
3. Texto 10, Estranhos frutos do vento, de Elisa (45)
3. Texto 12, O Adamastor, de Ivar Corceiro (45)
3. Texto 16, A máquina do tempo, de Maria (45)
3. Texto 18, Com Saudades de Helena, de Marquesa d'Aires (45)
4. Texto 15, O escritor famoso, de bastet (44)
5. Texto 17, Analepse de Verão, de Renato Quintas (41)
Aos nomeados dou os meus sinceros Parabéns mas, dada a qualidade global dos textos, quero deixar uma palavra aos outros autores de textos.
A subjectividade inerente a este tipo de "avaliações" é tão óbvia que as pontuações dos membros do júri não foram de todo coincidentes, e a esse facto se deveu a (ligeira) "descida" de alguns textos na tabela das classificações. São as regras do jogo! Mas como eu gostei dos SMS do Rui, um dos textos mais originais, ou da Helena de grão de pó e da imagem da hora no espelho, do "voyeurismo altruísta" do Ivo Jeremias, da criação dos vários planos da história pelo Palavras em Linha, da fluidez de textos como o do Alfredo C. Silvestre ou das deambulações inteligentes e criativas de Prólogo e de Sísifo! Cada texto merece de facto uma menção e os não referidos agora sê-lo-ão mais tarde.
O nosso prémio será atribuído mais uma vez a dois concorrentes, a Marquesa d'Aires e a Didas.
Minhas Senhoras, vão pensando no livro que gostariam de receber... porque no final de Setembro vai realizar-se a cerimónia de entrega dos prémios. Antes, vamos ver se o escritor continua ou não a passear pela blogosfera...
E agora, Senhores e Senhoras, os textos eleitos:
E Helena? Não sei o que disse à mãe, que explicações encontrou. A última vez que andámos de baloiço, tinha os olhos pregados no chão e um aperto na voz. O pai, que sofria da febre do sucesso, estava decidido a partir para África e levava a família. A carta de chamada, enviada por um tio de Joanesburgo, pousava sobre o aparador da sala de jantar, prometendo a todos um futuro melhor. Uma máquina de lavar roupa para a mãe, uma bicicleta para o irmão e a colecção completa dos livros da Anita para Helena. A mulher que não esqueci, que me fez desembarcar nesta cidade sitiada, era, aos 10 anos, uma miúda de sonhos simples. E o meu coração sobressalta-se, agora que deixo o aeroporto e avisto, ao longe, os edifícios fantasma do centro. Temo pelas minhas memórias, pela ternura desse primeiro amor. Os anos, e são muitos, podem ter engolido a rapariguinha tímida, de olhos rasgados, cabelos escuros e ondulantes. Quem sabe que rumos tomou, se mudou a cor do cabelo e enfiou nos dedos anéis de ouro. No bolso do casaco, tenho um endereço e um número de telefone. Mendiguei-os à família, a pretexto de uma viagem de trabalho. Não quis saber mais. Helena não regressou quando o medo tomou o espírito dos emigrantes e transformou as ruas em lugares desertos. Por algum motivo, não fugiu, não se escondeu das armas e das balas, cujos ecos se ouvem assim que entro no hotel. Do outro lado, estende-se Alexandra, nome de mulher para um bairro onde convivem todas as sombras que atormentam as pessoas de bem. Roubos, homicídios, violações, SIDA. Aqui, na cama do meu quarto, o conforto impede-me de pensar sobre o destino dos desafortunados. Vim atrás de uma menina de 10 anos que me dava a mão e fugia comigo para o parque, no intervalo maior das aulas. E é essa a imagem que me enche a alma, que me faz tremer os dedos. Não sei que voz me responderá do outro lado. Apenas peço que seja meiga, que guarde alguma lembrança da infância. Sinto que as palavras me fogem quando oiço uma mulher rir-se no fim da linha, como se estivesse à minha espera. Ou é o coração que me engana, a emoção que me atropela a razão. Todos os tons, todas as inflexões, os risos e as gargalhadas da conversa de 10 minutos dançam-me na cabeça. Helena não se esqueceu.
No bar do teu hotel, disse ela, antes de desligar. E cá estou, afundado numa cadeira, com um uísque duplo à frente, incapaz de ouvir a música que se toca no piano. Nem sei quem espero. Uma trintona desleixada, uma mãe de família ou uma rapariga como a que acaba de entrar, de cabelos soltos e andar gracioso. Baixo os olhos para tentar ler algumas linhas do livro que trouxe e convencer-me do pior. Nenhum amor permanece intacto durante 25 anos. Ou se perde o sentimento, ou ganhamos nós barriga, cabelos brancos. Não o escrevi e disse já, vezes sem conta, nos livros e nas entrevistas? O amor é o momento, a circunstância, a disponibilidade. Não as ilusões de um escritor, homem feito e, dizem, bem parecido que, aos 35 anos, decide tirar a limpo uma história de mãos dadas e lanches partilhados. E apesar de todo o sentido prático dos meus romances, sou eu quem espera pelo passado, com o peito agitado e trémulo de um adolescente. Espero um sorriso cheio de covinhas e quase não reparo que, no fundo da sala, a rapariga de cabelos soltos e andar gracioso me acena.
A mulher à minha frente é linda. Tal como prometia ser. Um olhar onde cabe toda a paz do Mundo, um modo de cruzar as pernas que dá vontade de abraços e beijos. Um sorriso com covinhas, uma voz com travo africano. E eu a gaguejar desculpas para a viagem, a falar dos meus livros, do muito tempo que passou. É Helena quem puxa o assunto, quem fala do nosso namoro inocente. Dos cromos que trocámos, dos gelados de um escudo que partilhámos e do teste de matemática que me deu a copiar. Sorri quando conta que, tantos anos no país do râguebi, do críquete e do hóquei em campo, continua a preferir o futebol. Anda, como todo o povo, feliz com o Mundial, acredita numa nova esperança. E, aos poucos, vai revelando a sua vida, os seus dias, a sua paixão. Não é uma família ou um homem que a tem cativa. É a terra. A imensidão do espaço, o pulsar dos dias, a poesia que se extingue a cada pôr-do-sol e o futuro que não existe. Os seus vieram com sonhos de grandeza, Helena chegou com mágoa no coração, sem desejos com preço em rands. A família partiu, depois, assustada com as mudanças políticas. Ela ficou, apaixonada pelo lugar.
Perdido nos olhos de Helena, lembro-me que vim para fazer uma pergunta, para saber que explicações deu à mãe, quando fomos repreendidos por mau comportamento na escola. Desajeitado, conto como disfarcei tudo com um simples «andamos de baloiço». Um largo sorriso nasce-lhe no rosto, sinto um certo embaraço, mas a miúda com quem andei de baloiço aos 10 anos não sabe mentir. Não esconde emoções, não me contará meias verdades. De olhos pregados no chão, um leve rubor no rosto, a mulher que não esqueci responde-me como o fez à mãe, há 25 anos: «disse que eras o meu namorado».
Preciso de me lembrar dos recados em forma de poema que me escrevias nas aulas. Ainda os tenho todos, mas é só na memória que os guardo sem pó. Também tenho todos os teus livros, alinhados na estante e todos os dias os abro para que eles não se desabituem de ser manuseados. Tu sempre me disseste que os livros têm que ser manuseados, que não podem ficar só para ali, perdidos na estante.
Preciso de me lembrar do teu sorriso. É importante não esquecer o teu sorriso.
Preciso de me lembrar do dia em que comprámos a nossa primeira mobília a prestações porque não tínhamos dinheiro para a pagar de uma vez, mas estávamos tão felizes! Era a mobília mais cara da loja e nós comprámo-la mesmo sem termos dinheiro. Lembro-me que me disseste - “Agora somos ricos” – e eu ri muito e estava nervosa porque não sabia como íamos pagar aquilo, mas estava feliz. Nesse dia tinha o meu vestido azul, que era novo, e tinha apanhado o cabelo com um elástico.
Preciso de me lembrar da boneca que me ofereceste no meu aniversário. Era exactamente meia-noite quando a tiraste do armário, toda amarrotada porque estava escondida debaixo das malas. Eu estava sentada no sofá e já tinha vestido a camisa de noite, era cor-de-rosa e tinha uma renda branca. Tinha calçadas aquelas meias grossas a que tu achavas sempre piada porque vestia uma camisa de algodão e meias grossas de lã. Ficava mal, eu sei. Mas eu tinha sempre os pés tão frios! Ainda hoje tenho! Compraste a boneca porque achaste que era parecida comigo e eu achei que não, mas não me importei, por causa do teu sorriso.
Preciso de me lembrar do dia em que me pediste para ficar contigo para sempre. Lembro-me de todas as palavras que trocámos e da ordem exacta delas. Lembro-me do teu sorriso. Lembro-me que estávamos sentados num banco do jardim e passou uma criança de mão dada com a mãe. Calámo-nos um bocadinho enquanto eles passavam, para que não nos ouvissem. Só depois é que te disse que sim. E tu sorriste.
.............................................................
Preferia não me lembrar do dia em que te despediste de mim depois do almoço. Mas lembro. Com todos os pormenores que ainda hoje me fazem doer o peito por dentro. O médico diz que é sistema nervoso. Lembro-me que almoçámos peixe e eu me esqueci de pôr sal mais uma vez. Era péssima na cozinha. Tu voltaste a dizer – “Quando formos mesmo ricos contratamos uma cozinheira” – e riste. Eu fingia sempre que amuava quando dizias isso e dessa vez fingi também. Depois beijaste-me, disseste-me até logo e saíste. Eu levantei a mesa e pensei como era horrível aquela toalha bordada que a minha mãe nos tinha oferecido. Trinta e cinco minutos depois telefonaram-me do hospital e contaram-me do teu acidente. Eu não quis acreditar logo, porque acho que as pessoas nunca acreditam nessas coisas de imediato, demoram aqueles segundos em que o mundo pára. Depois, quando tudo recomeça, algo muito escuro e pesado se abate sobre elas, durante muitos anos. Foi o que aconteceu comigo, sabes?
Agora tenho este teu retrato em cima da mesinha de cabeceira para poder falar contigo todos os dias e recordar-te todas estas coisas, para que tu também não te esqueças e te lembres de mim quando eu chegar. Já não deve demorar muito porque cada vez estou mais fraca e doente. Mas não faz mal.
.................................................................
Os teus netos brincam muito comigo. Riem-se por eu nunca saber onde pus as chaves, onde arrumei as compras, o que jantei ou que recado me deram para eles ao telefone. Dizem que a Avó Helena está a “bater mal”, é assim que eles dizem. Bater mal. Mas como posso eu perder tempo a lembrar-me dessas coisas se tenho outras muito mais importantes que não posso esquecer? O teu sorriso, por exemplo..."
A grande maioria dos votantes no Concurso escolheu o texto 18 da Marquesa d'Aires.
O somatório dos pontos (de 1 a 10) atribuídos por cada membro do Júri definiu a seguinte classificação:
1. Texto 2, O sorriso, de Didas (47 pontos)
2. Texto 21, A Helena , de Ivo Cação (46 pontos)
3. Texto 10, Estranhos frutos do vento, de Elisa (45)
3. Texto 12, O Adamastor, de Ivar Corceiro (45)
3. Texto 16, A máquina do tempo, de Maria (45)
3. Texto 18, Com Saudades de Helena, de Marquesa d'Aires (45)
4. Texto 15, O escritor famoso, de bastet (44)
5. Texto 17, Analepse de Verão, de Renato Quintas (41)
Aos nomeados dou os meus sinceros Parabéns mas, dada a qualidade global dos textos, quero deixar uma palavra aos outros autores de textos.
A subjectividade inerente a este tipo de "avaliações" é tão óbvia que as pontuações dos membros do júri não foram de todo coincidentes, e a esse facto se deveu a (ligeira) "descida" de alguns textos na tabela das classificações. São as regras do jogo! Mas como eu gostei dos SMS do Rui, um dos textos mais originais, ou da Helena de grão de pó e da imagem da hora no espelho, do "voyeurismo altruísta" do Ivo Jeremias, da criação dos vários planos da história pelo Palavras em Linha, da fluidez de textos como o do Alfredo C. Silvestre ou das deambulações inteligentes e criativas de Prólogo e de Sísifo! Cada texto merece de facto uma menção e os não referidos agora sê-lo-ão mais tarde.
O nosso prémio será atribuído mais uma vez a dois concorrentes, a Marquesa d'Aires e a Didas.
Minhas Senhoras, vão pensando no livro que gostariam de receber... porque no final de Setembro vai realizar-se a cerimónia de entrega dos prémios. Antes, vamos ver se o escritor continua ou não a passear pela blogosfera...
E agora, Senhores e Senhoras, os textos eleitos:
- Com Saudades de Helena, de Marquesa d'Aires
E Helena? Não sei o que disse à mãe, que explicações encontrou. A última vez que andámos de baloiço, tinha os olhos pregados no chão e um aperto na voz. O pai, que sofria da febre do sucesso, estava decidido a partir para África e levava a família. A carta de chamada, enviada por um tio de Joanesburgo, pousava sobre o aparador da sala de jantar, prometendo a todos um futuro melhor. Uma máquina de lavar roupa para a mãe, uma bicicleta para o irmão e a colecção completa dos livros da Anita para Helena. A mulher que não esqueci, que me fez desembarcar nesta cidade sitiada, era, aos 10 anos, uma miúda de sonhos simples. E o meu coração sobressalta-se, agora que deixo o aeroporto e avisto, ao longe, os edifícios fantasma do centro. Temo pelas minhas memórias, pela ternura desse primeiro amor. Os anos, e são muitos, podem ter engolido a rapariguinha tímida, de olhos rasgados, cabelos escuros e ondulantes. Quem sabe que rumos tomou, se mudou a cor do cabelo e enfiou nos dedos anéis de ouro. No bolso do casaco, tenho um endereço e um número de telefone. Mendiguei-os à família, a pretexto de uma viagem de trabalho. Não quis saber mais. Helena não regressou quando o medo tomou o espírito dos emigrantes e transformou as ruas em lugares desertos. Por algum motivo, não fugiu, não se escondeu das armas e das balas, cujos ecos se ouvem assim que entro no hotel. Do outro lado, estende-se Alexandra, nome de mulher para um bairro onde convivem todas as sombras que atormentam as pessoas de bem. Roubos, homicídios, violações, SIDA. Aqui, na cama do meu quarto, o conforto impede-me de pensar sobre o destino dos desafortunados. Vim atrás de uma menina de 10 anos que me dava a mão e fugia comigo para o parque, no intervalo maior das aulas. E é essa a imagem que me enche a alma, que me faz tremer os dedos. Não sei que voz me responderá do outro lado. Apenas peço que seja meiga, que guarde alguma lembrança da infância. Sinto que as palavras me fogem quando oiço uma mulher rir-se no fim da linha, como se estivesse à minha espera. Ou é o coração que me engana, a emoção que me atropela a razão. Todos os tons, todas as inflexões, os risos e as gargalhadas da conversa de 10 minutos dançam-me na cabeça. Helena não se esqueceu.
No bar do teu hotel, disse ela, antes de desligar. E cá estou, afundado numa cadeira, com um uísque duplo à frente, incapaz de ouvir a música que se toca no piano. Nem sei quem espero. Uma trintona desleixada, uma mãe de família ou uma rapariga como a que acaba de entrar, de cabelos soltos e andar gracioso. Baixo os olhos para tentar ler algumas linhas do livro que trouxe e convencer-me do pior. Nenhum amor permanece intacto durante 25 anos. Ou se perde o sentimento, ou ganhamos nós barriga, cabelos brancos. Não o escrevi e disse já, vezes sem conta, nos livros e nas entrevistas? O amor é o momento, a circunstância, a disponibilidade. Não as ilusões de um escritor, homem feito e, dizem, bem parecido que, aos 35 anos, decide tirar a limpo uma história de mãos dadas e lanches partilhados. E apesar de todo o sentido prático dos meus romances, sou eu quem espera pelo passado, com o peito agitado e trémulo de um adolescente. Espero um sorriso cheio de covinhas e quase não reparo que, no fundo da sala, a rapariga de cabelos soltos e andar gracioso me acena.
A mulher à minha frente é linda. Tal como prometia ser. Um olhar onde cabe toda a paz do Mundo, um modo de cruzar as pernas que dá vontade de abraços e beijos. Um sorriso com covinhas, uma voz com travo africano. E eu a gaguejar desculpas para a viagem, a falar dos meus livros, do muito tempo que passou. É Helena quem puxa o assunto, quem fala do nosso namoro inocente. Dos cromos que trocámos, dos gelados de um escudo que partilhámos e do teste de matemática que me deu a copiar. Sorri quando conta que, tantos anos no país do râguebi, do críquete e do hóquei em campo, continua a preferir o futebol. Anda, como todo o povo, feliz com o Mundial, acredita numa nova esperança. E, aos poucos, vai revelando a sua vida, os seus dias, a sua paixão. Não é uma família ou um homem que a tem cativa. É a terra. A imensidão do espaço, o pulsar dos dias, a poesia que se extingue a cada pôr-do-sol e o futuro que não existe. Os seus vieram com sonhos de grandeza, Helena chegou com mágoa no coração, sem desejos com preço em rands. A família partiu, depois, assustada com as mudanças políticas. Ela ficou, apaixonada pelo lugar.
Perdido nos olhos de Helena, lembro-me que vim para fazer uma pergunta, para saber que explicações deu à mãe, quando fomos repreendidos por mau comportamento na escola. Desajeitado, conto como disfarcei tudo com um simples «andamos de baloiço». Um largo sorriso nasce-lhe no rosto, sinto um certo embaraço, mas a miúda com quem andei de baloiço aos 10 anos não sabe mentir. Não esconde emoções, não me contará meias verdades. De olhos pregados no chão, um leve rubor no rosto, a mulher que não esqueci responde-me como o fez à mãe, há 25 anos: «disse que eras o meu namorado».
- O Sorriso, de Didas (Farinha Amparo)
Preciso de me lembrar dos recados em forma de poema que me escrevias nas aulas. Ainda os tenho todos, mas é só na memória que os guardo sem pó. Também tenho todos os teus livros, alinhados na estante e todos os dias os abro para que eles não se desabituem de ser manuseados. Tu sempre me disseste que os livros têm que ser manuseados, que não podem ficar só para ali, perdidos na estante.
Preciso de me lembrar do teu sorriso. É importante não esquecer o teu sorriso.
Preciso de me lembrar do dia em que comprámos a nossa primeira mobília a prestações porque não tínhamos dinheiro para a pagar de uma vez, mas estávamos tão felizes! Era a mobília mais cara da loja e nós comprámo-la mesmo sem termos dinheiro. Lembro-me que me disseste - “Agora somos ricos” – e eu ri muito e estava nervosa porque não sabia como íamos pagar aquilo, mas estava feliz. Nesse dia tinha o meu vestido azul, que era novo, e tinha apanhado o cabelo com um elástico.
Preciso de me lembrar da boneca que me ofereceste no meu aniversário. Era exactamente meia-noite quando a tiraste do armário, toda amarrotada porque estava escondida debaixo das malas. Eu estava sentada no sofá e já tinha vestido a camisa de noite, era cor-de-rosa e tinha uma renda branca. Tinha calçadas aquelas meias grossas a que tu achavas sempre piada porque vestia uma camisa de algodão e meias grossas de lã. Ficava mal, eu sei. Mas eu tinha sempre os pés tão frios! Ainda hoje tenho! Compraste a boneca porque achaste que era parecida comigo e eu achei que não, mas não me importei, por causa do teu sorriso.
Preciso de me lembrar do dia em que me pediste para ficar contigo para sempre. Lembro-me de todas as palavras que trocámos e da ordem exacta delas. Lembro-me do teu sorriso. Lembro-me que estávamos sentados num banco do jardim e passou uma criança de mão dada com a mãe. Calámo-nos um bocadinho enquanto eles passavam, para que não nos ouvissem. Só depois é que te disse que sim. E tu sorriste.
.............................................................
Preferia não me lembrar do dia em que te despediste de mim depois do almoço. Mas lembro. Com todos os pormenores que ainda hoje me fazem doer o peito por dentro. O médico diz que é sistema nervoso. Lembro-me que almoçámos peixe e eu me esqueci de pôr sal mais uma vez. Era péssima na cozinha. Tu voltaste a dizer – “Quando formos mesmo ricos contratamos uma cozinheira” – e riste. Eu fingia sempre que amuava quando dizias isso e dessa vez fingi também. Depois beijaste-me, disseste-me até logo e saíste. Eu levantei a mesa e pensei como era horrível aquela toalha bordada que a minha mãe nos tinha oferecido. Trinta e cinco minutos depois telefonaram-me do hospital e contaram-me do teu acidente. Eu não quis acreditar logo, porque acho que as pessoas nunca acreditam nessas coisas de imediato, demoram aqueles segundos em que o mundo pára. Depois, quando tudo recomeça, algo muito escuro e pesado se abate sobre elas, durante muitos anos. Foi o que aconteceu comigo, sabes?
Agora tenho este teu retrato em cima da mesinha de cabeceira para poder falar contigo todos os dias e recordar-te todas estas coisas, para que tu também não te esqueças e te lembres de mim quando eu chegar. Já não deve demorar muito porque cada vez estou mais fraca e doente. Mas não faz mal.
.................................................................
Os teus netos brincam muito comigo. Riem-se por eu nunca saber onde pus as chaves, onde arrumei as compras, o que jantei ou que recado me deram para eles ao telefone. Dizem que a Avó Helena está a “bater mal”, é assim que eles dizem. Bater mal. Mas como posso eu perder tempo a lembrar-me dessas coisas se tenho outras muito mais importantes que não posso esquecer? O teu sorriso, por exemplo..."
[amanhã ponho os links todos em falta neste post]
27.8.05
26.8.05
Logo desenhado por Wilson T., Escrita Solta
Até às 24:00 do dia 28 de Agosto, estão a votos 26 textos!
Apresentação do Júri. Sónia Sequeira
Livraria O Navio de Espelhos em Aveiro (patrocinadora do Concurso O Escritor Famoso)
É tempo de festejar. É tempo de abrir as janelas da casa e sair para a rua ao encontro dos livros.
Margarite Duras
É tempo de festejar. É tempo de abrir as janelas da casa e sair para a rua ao encontro dos livros.
Margarite Duras
Apresentação do Júri. O'Sanji
À escuta #14
- Ela diz que viu um foguetão... mas não pode ser, pois não?
- Não, ela deve ter visto um avião...
- Pois, porque só há foguetões à noite!
- Explica lá isso...
- Então se os foguetões vão à Lua...
- Não, ela deve ter visto um avião...
- Pois, porque só há foguetões à noite!
- Explica lá isso...
- Então se os foguetões vão à Lua...
25.8.05
Votações nos textos de O Escritor Famoso e Helena é mesmo aqui, dois posts abaixo e depois à esquerda.
António Franco Alexandre
Tenho esta impressão de que deixo escapar durante muito tempo coisas e pessoas belíssimas. E depois, de tempos a tempos, num repente, sem óbvia razão, descubro uma. E apaixono-me. Hoje deambulava pela livraria quando reparei numa capa preta que dizia um nome que normalmente me afastaria: ARACNE. Foi assim que conheci António Franco Alexandre, transformado em aranhiço. Disse-me assim:
Vai tão pequena a teia, que lamento
ter perdido o meu tempo em outros jogos,
pois com talento e tempo poderia
abandonar a fria geometria
e desenhar figuras, tão reais
que nelas revelasse
a verdade maior da fantasia. (...)
Acreditei, deixei-o tentar atrevimentos:
Ir ao cinema, na caverna escura,
sentar-me na poltrona do teu ombro
numa t-shirt antiga de bom pêlo,
é o prazer mais certo que me resta.
Que bom deixar-me estar na oscilação discreta
que nasce do teu corpo e me transporta
a essa embriaguez chamada rima;
sentir o cheiro limpo do cabelo,
adivinhar-te o gosto da saliva.(...)
... contar-me histórias:
Fui ao banquete onde se celebrou
o hit mais recente da cigarra,
mas ao primeiro vinho fiquei tonto,
adormeci no linho da toalha.(...)
Como vai acabar esta paixão ainda não sei! Mas pode um aracnídeo inadaptado mascarar-se de humano, descer da teia ao palco, cantar, ao clássico balcão, a serenata?
Vai tão pequena a teia, que lamento
ter perdido o meu tempo em outros jogos,
pois com talento e tempo poderia
abandonar a fria geometria
e desenhar figuras, tão reais
que nelas revelasse
a verdade maior da fantasia. (...)
Acreditei, deixei-o tentar atrevimentos:
Ir ao cinema, na caverna escura,
sentar-me na poltrona do teu ombro
numa t-shirt antiga de bom pêlo,
é o prazer mais certo que me resta.
Que bom deixar-me estar na oscilação discreta
que nasce do teu corpo e me transporta
a essa embriaguez chamada rima;
sentir o cheiro limpo do cabelo,
adivinhar-te o gosto da saliva.(...)
... contar-me histórias:
Fui ao banquete onde se celebrou
o hit mais recente da cigarra,
mas ao primeiro vinho fiquei tonto,
adormeci no linho da toalha.(...)
Como vai acabar esta paixão ainda não sei! Mas pode um aracnídeo inadaptado mascarar-se de humano, descer da teia ao palco, cantar, ao clássico balcão, a serenata?
Hoje na livraria O Navio de Espelhos
... vai estar o António Poppe que faz das mil e uma poesias que conhece de cor e salteado, música e sapateado. Se não perceberam bem a ideia não faz mal. Mais logo, enquanto saboreiam pão e queijo, podem degustar vinho e Poppe. E depois digam-me se a vida não ganha outro travo quando fruímos (a Sónia Sequeira, grande timoneira, adora esta palavra) de momentos assim...
Hora e local de fruição: a partir das 21:30 (Rua 31 de Janeiro, junto ao Teatro Aveirense).
Hora e local de fruição: a partir das 21:30 (Rua 31 de Janeiro, junto ao Teatro Aveirense).
24.8.05
Eleições abertas
São estes os textos que vão a votação (a votação podia começar amanhã, como previsto, mas como já acabou o prazo de entrega de textos, começa hoje mesmo!). No blog O Escritor Famoso poderão lê-los na íntegra (com links directos para os blogues correspondentes). Devo dizer-vos que já os li e reli várias vezes e que a sete destes textos atribuí a pontuação máxima, mas que vários outros textos andam lá próximo. A vossa opinião vai ser muito importante, assim como a dos outros membros do júri (batatas, O'Sanji, Sónia Sequeira e - novo membro - Viajante).
VOTE NO SEU TEXTO PREFERIDO
1. O Escritor famoso e Helena, de Ivo Jeremias
2. O Sorriso, de Didas
3. O Homem que estava sempre a olhar para o mesmo. para nada. em Marraquexe, de Mendes Ferreira
4. Era um escritor famoso e Helena, de Joaninha
5. O escritor famoso e Helena, de Luna
12. O Adamastor, de Ivar Corceiro
13. O Baloiço, de Rui
14. O Baloiço do Parque, de Alfredo Caiano Silvestre
15. O escritor famoso, de bastet
Peço-vos que utilizem os "comentários" deste post para efectuar a vossa votação e que assinalem apenas um texto. Até às 24:00 do dia 28 de Agosto, as eleições estão abertas. E divulguem o acontecimento! :)
A TODOS, MUITO OBRIGADA!
23.8.05
10.8.05
Já sonho com Ngorongoro XIX
Feluca, veleiro típico do Nilo
Assouan... Ballet de felucas. Velas brancas num horizonte que se estende até à ilha Elefantina. A noite desce sobre o Nilo. Abu enrola as suas velas de grosso algodão, baixa os mastros. Qual pirâmide de cabos esticados, a ponte de Assouan perfila-se sobre as águas calmas do rio. O pof pof das bombas de rega cala-se. Aqui e ali nas margens, uma nora gira ainda em soluços. Os marinheiros nas felucas gritam uns para os outros, chamam-se de longe. No regresso à aldeia, sempre este desafio. Como fazer-se ouvir sob um céu povoado de milhares de garças!
Uma nuvem de crianças acolhe-os. As mulheres prepararam as favas para o foul tradicional. Quase de forma prematura, a penumbra adensa-se. Sobre El Qurna, emanações de karkadé, odores de iguarias e o cochicho dos cachimbos de água vêm habitar o silêncio que se instala todas as noites. O vento do Nilo aparece... À borda d'água, um burro zurra, alguns cães famélicos, cor de areia, ladram. As mães chamam os filhos. Palmeiras doum recortam-se em frisos que ondulam.
É noite. A terra e a água silenciam. Nem mais um som, nada. Nós apreciamos as estrelas que parecem fixar-nos no firmamento. O ar arrefece. Entramos na barraca e sentimos a tepidez da madeira. Como Moisés no seu berço, dormimos entre caniços, aninhados no meio das águas do rio sagrado. O imaginário, esse, desperta. Abu...
Assouan... Ballet de felucas. Velas brancas num horizonte que se estende até à ilha Elefantina. A noite desce sobre o Nilo. Abu enrola as suas velas de grosso algodão, baixa os mastros. Qual pirâmide de cabos esticados, a ponte de Assouan perfila-se sobre as águas calmas do rio. O pof pof das bombas de rega cala-se. Aqui e ali nas margens, uma nora gira ainda em soluços. Os marinheiros nas felucas gritam uns para os outros, chamam-se de longe. No regresso à aldeia, sempre este desafio. Como fazer-se ouvir sob um céu povoado de milhares de garças!
Uma nuvem de crianças acolhe-os. As mulheres prepararam as favas para o foul tradicional. Quase de forma prematura, a penumbra adensa-se. Sobre El Qurna, emanações de karkadé, odores de iguarias e o cochicho dos cachimbos de água vêm habitar o silêncio que se instala todas as noites. O vento do Nilo aparece... À borda d'água, um burro zurra, alguns cães famélicos, cor de areia, ladram. As mães chamam os filhos. Palmeiras doum recortam-se em frisos que ondulam.
É noite. A terra e a água silenciam. Nem mais um som, nada. Nós apreciamos as estrelas que parecem fixar-nos no firmamento. O ar arrefece. Entramos na barraca e sentimos a tepidez da madeira. Como Moisés no seu berço, dormimos entre caniços, aninhados no meio das águas do rio sagrado. O imaginário, esse, desperta. Abu...
Volto daqui a alguns dias. Fiquem bem.
Conto de fada
9.8.05
A dúvida
Senhor Pêndulo,
Houve momentos em que o odiei, até me quis separar dele mas era um escândalo, etecetera.
É engraçado começar este testemunho assim. Mas acho que devo resistir à imagem de felicidade que nos querem colar. quarenta e cinco anos de vida a dois e depois a sua sincera dedicação, e eu uma espécie de âncora, etecetera, remetem de imediato para um grande amor. Mas a verdade é que já não penso nisso, se é mesmo amor, o que é o amor, etecetera. É certo que nos mimamos de todas as maneiras. Mimamos os gestos um do outro. um dia dei-me conta disso. até o que me irritava nele eu mimo. a resmunguice, os sobressaltos de repente, as unhas dos pés sempre grandes, etecetera. já sou muito como ele é e isso em parte até me desgosta.
Estávamos nós sentados no sofá a ver notícias, concursos, novelas, etecetera, quando o senhor apareceu no talk show a falar da sua mulher e se queria morrer antes ou depois dela. agitámo-nos. ele a olhar para mim com uma lágrima no canto do olho, o que me irritou, e eu a pensar que sem ele, morria. podia lá aguentar o silêncio! mesmo que me enerve aquele feitio que ele tem de quase nunca dizer nada. tens fome? unh... tens frio? unh... vamos dar uma volta? unh..., etecetera. mas morria mesmo. já ele, não sei, tem o coração forte. mas aflige-me que fique sozinho porque ele não sabe tratar de nada, nem tem o hábito de comprar. comida, calças, peúgas, sapatos, etecetera, nada. só jornais.
Foi por isso que lhe disse - primeiro vais tu que eu depois demoro pouco a ir também. Mas ele não quis. e exaltou-se. Que eu era como a mulher daquele senhor - se me percebe, como a sua mulher! que já me custa subir escadas, entrar no banho, baixar-me, e a brincar até falou que temos as mesmas mamas. Disse-lhe logo que só ele para se lembrar disso, porque eu já nem me lembro que as tenho, nem às mamas nem ao rabo nem à barriga, etecetera. ai lembras lembras etecetera. e acabou mal a noite. que me vou deitar que és sempre o mesmo, e que tu também, etecetera.
Agora escrevo-lhe para lhe perguntar uma coisa: amar é cuidar ou a gente acaba por amar a quem nos acostumámos ou amamos agradecidos porque nos aturam ou_____etecetera?
(Resposta ao desafio do Pêndulo, no Relógio parado)
Houve momentos em que o odiei, até me quis separar dele mas era um escândalo, etecetera.
É engraçado começar este testemunho assim. Mas acho que devo resistir à imagem de felicidade que nos querem colar. quarenta e cinco anos de vida a dois e depois a sua sincera dedicação, e eu uma espécie de âncora, etecetera, remetem de imediato para um grande amor. Mas a verdade é que já não penso nisso, se é mesmo amor, o que é o amor, etecetera. É certo que nos mimamos de todas as maneiras. Mimamos os gestos um do outro. um dia dei-me conta disso. até o que me irritava nele eu mimo. a resmunguice, os sobressaltos de repente, as unhas dos pés sempre grandes, etecetera. já sou muito como ele é e isso em parte até me desgosta.
Estávamos nós sentados no sofá a ver notícias, concursos, novelas, etecetera, quando o senhor apareceu no talk show a falar da sua mulher e se queria morrer antes ou depois dela. agitámo-nos. ele a olhar para mim com uma lágrima no canto do olho, o que me irritou, e eu a pensar que sem ele, morria. podia lá aguentar o silêncio! mesmo que me enerve aquele feitio que ele tem de quase nunca dizer nada. tens fome? unh... tens frio? unh... vamos dar uma volta? unh..., etecetera. mas morria mesmo. já ele, não sei, tem o coração forte. mas aflige-me que fique sozinho porque ele não sabe tratar de nada, nem tem o hábito de comprar. comida, calças, peúgas, sapatos, etecetera, nada. só jornais.
Foi por isso que lhe disse - primeiro vais tu que eu depois demoro pouco a ir também. Mas ele não quis. e exaltou-se. Que eu era como a mulher daquele senhor - se me percebe, como a sua mulher! que já me custa subir escadas, entrar no banho, baixar-me, e a brincar até falou que temos as mesmas mamas. Disse-lhe logo que só ele para se lembrar disso, porque eu já nem me lembro que as tenho, nem às mamas nem ao rabo nem à barriga, etecetera. ai lembras lembras etecetera. e acabou mal a noite. que me vou deitar que és sempre o mesmo, e que tu também, etecetera.
Agora escrevo-lhe para lhe perguntar uma coisa: amar é cuidar ou a gente acaba por amar a quem nos acostumámos ou amamos agradecidos porque nos aturam ou_____etecetera?
(Resposta ao desafio do Pêndulo, no Relógio parado)
Infidélités
Sokolsky
- in Antoine et Consuelo de Saint Exupéry, un amour de légende, de Alain Vircondelet (textes) et José Martinez Fructuoso (archives), Ed. les arènes:
(Consuelo) Elle dans son ombre, le laisse vivre ses passions et accepte ses errances: elle sait secrètement qu'elle a la part la plus belle. (...)
Immature, il continue à la tromper impunément mais exige d'elle en retour la plus stricte fidélité.
- in Paris Match n° 2880, Entrevista a Noëlle Adam, mulher de Serge Reggiani:
PM: Etiez-vous jalouse de ses conquêtes féminines?
NA: Non, je sais qu'il m'a aimée comme un fou. (...) Il aimait séduire, c'est vrai, mais il ne se trouvait pas beau (...). Jamais je ne me suis sentie en concurrence ou menacée par une autre. Même pas par Romy Schneider avec laquelle il avait eu une relation de six mois. (...) En revanche, lui était d'une grande jalousie et avait peur de me perdre.
- in Paris Match n° 2884, Entrevista a Francine Distel, mulher de Sacha Distel:
PM: Et vous, vous étiez jalouse?
FD: Honnêtement, non. Vous savez, c'est difficile de mettre un gourmand en permanence devant des gateâux, sans qu'il croque deux ou trois.
PM: Vous le saviez?
FD: J'ai une intuition d'infer! Je voyais la chose arriver, je savais qu'elle allait arriver et qu'elle aller passer. Pour moi, la femme est l'ancre d'un bateau. Flottante ou fixe. Flottante lorsque le bateau va à la dérive, fixe lorsqu'il résiste. Lorsqu'on a des enfants, il faut vraiment essayer de tenir la route.(...) Il était jaloux comme un tigre, tendance possessif. Il me demandait où j'étais allée, ce que j'avais fait.
8.8.05
O Escritor e Helena. Textos famosos
No blog O Escritor Famoso estão agora publicados e listados todos os textos do Concurso O Escritor Famoso e Helena. Até ao momento recebemos 19 textos:
1. O Escritor famoso e Helena, de Ivo Jeremias
2. O Sorriso, de Didas
3. O Homem que estava sempre a olhar para o mesmo. para nada. em Marraquexe, de Mendes Ferreira
4. Era um escritor famoso e Helena, de Joaninha
5. O escritor famoso e Helena, de Luna
6. A Prima, de Formiga Assassina
7. helena, de grão de pó
8. o baloiço, de grão de pó
9. o escritor, de grão de pó
10. Estranhos frutos de vento, de Elisa
11. O Escritor famoso e Helena, de um escritor anónimo (The may song)
12. O Adamastor, de Ivar Corceiro
13. O Baloiço, de Rui
14. O Baloiço do Parque, de Alfredo Caiano Silvestre
15. O escritor famoso, de bastet
16. A Máquina do Tempo, de Maria
17. Analepse de Verão, de Renato Quintas
18. Com saudades de Helena, de Marquesa de Aires
19. Memórias de um génio, de Joaquim Pavão
Até ao dia 23 de Agosto, podem continuar a enviar textos. E, como nós, comecem já a fazer a leitura de cada uma destas histórias. Acho que desta vez o júri vai mesmo ficar completamente desesperado!
A TODOS OS PARTICIPANTES, MUITO OBRIGADA, E DESDE JÁ, MUITOS PARABÉNS!
1. O Escritor famoso e Helena, de Ivo Jeremias
2. O Sorriso, de Didas
3. O Homem que estava sempre a olhar para o mesmo. para nada. em Marraquexe, de Mendes Ferreira
4. Era um escritor famoso e Helena, de Joaninha
5. O escritor famoso e Helena, de Luna
6. A Prima, de Formiga Assassina
7. helena, de grão de pó
8. o baloiço, de grão de pó
9. o escritor, de grão de pó
10. Estranhos frutos de vento, de Elisa
11. O Escritor famoso e Helena, de um escritor anónimo (The may song)
12. O Adamastor, de Ivar Corceiro
13. O Baloiço, de Rui
14. O Baloiço do Parque, de Alfredo Caiano Silvestre
15. O escritor famoso, de bastet
16. A Máquina do Tempo, de Maria
17. Analepse de Verão, de Renato Quintas
18. Com saudades de Helena, de Marquesa de Aires
19. Memórias de um génio, de Joaquim Pavão
Até ao dia 23 de Agosto, podem continuar a enviar textos. E, como nós, comecem já a fazer a leitura de cada uma destas histórias. Acho que desta vez o júri vai mesmo ficar completamente desesperado!
A TODOS OS PARTICIPANTES, MUITO OBRIGADA, E DESDE JÁ, MUITOS PARABÉNS!
7.8.05
Quero que leiam
... estas variações polifónicas. confissões de um viajante antes que a noite chegue. a louise, quando o telefone toca... e a lady pavlov do último rei mouro, e depois os posts os posts os posts os posts os posts do dia. que já tinha saudades.
À escuta #12
Portugal ainda vai ser aquele país em que logo pela manhã vamos à janela e ouvimos os passarinhos... tossir.
Ainda sobre o Concurso...
O Concurso O Escritor Famoso e Helena gerou um novo blog onde serão colocados todos os textos. Os próprios participantes poderão utilizá-lo para divulgação do(s) seu(s) texto(s). Obrigada Alfredo Caiano Silvestre pela iniciativa.
Blog: O Escritor Famoso
Login e password: efamoso
Nos próximos dias, prometo publicar, aqui e nesse blog, todos os textos em concurso. E relembro que a data para entrega de textos foi alargada, assim como a data da votação. Em breve darei mais notícias.
Blog: O Escritor Famoso
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Nos próximos dias, prometo publicar, aqui e nesse blog, todos os textos em concurso. E relembro que a data para entrega de textos foi alargada, assim como a data da votação. Em breve darei mais notícias.
O Escritor Famoso e Helena na Bloggerland
Todos gostamos de contos de fadas e o Escritor Famoso e a sua Helena, graças ao talento e criatividade de todos os participantes neste Concurso, vão assumindo um papel cada vez mais fantástico na parada dos personagens míticos da Bloggerland. Imaginando-os quais Bela e o Monstro, Jasmine e Aladino, ora maléficos ora ingénuos, neuróticos ou amorosos, os nossos contadores de histórias vão espelhando sonhos e paixões, medos e sensibilidades, criando finais que sendo ou não felizes, nos dão a certeza de que é possível fantasiar muito alto. ou não fosse, a nossa paixão pelo romance e pela escrita, uma maneira discreta e doce de continuarmos a ser sempre um pouco crianças.
Notas de quem também se rende a esta evidência: na Bloggerland há uma maturidade que dá profundidade aos textos, existem talentos que vão ser(já foram) descobertos, e é muito gratificante esta partilha do prazer da escrita e da leitura .
A todos, muito obrigada por terem aceite o convite do Escritor.
Atenção:
Dado o período excepcional que vivemos (férias, férias, férias!), o prazo para entrega de textos vai ser alargado e a votação vai ser adiada para o final do mês de Agosto.
Antes de mais, obrigada Fantasma(s)!
Pois é, enquanto estive fora, dois fantasmas guardaram-me a casa, responderam a questões sobre o concurso, recolheram e organizaram os textos que foram chegando, e tudo isto por amor ao Escritor Famoso, é claro! Deles só conheço o vulto e a voz, mas pressinto uma alma imensa. Têm nome, O'Sanji e cangonja, e são muito femininos! E por causa deles, passei a sentir uma enorme simpatia pela espécie fantasma. Vai daí, e porque estava em Paris, trouxe-lhes umas roupitas de estilos diferentes, não vá eles já estarem fartos dos lençois brancos!
... e muito obrigada, fantasmas!
... e muito obrigada, fantasmas!