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29.3.05

Meu estrangeiro e eu

Cá, dábliu, ípsilon... K,w,y... W,k,y... Y,k,w... Só sabia que desconhecia as letras cuja grafia era obrigada a praticar na nova escola primária. O caderno de caligrafia enchia-se de rabiscos hesitantes, acanhados: W,k,y... Y,k,w... K,y,w... Pouco sabia do mundo - e o mundo me vinha assim em pequenos choques, em extraordinários acidentes no interior do alfabeto que eu, então, julgava conhecer de cor e salteado; o mundo me chegava em ondas de novidades poderosas, por vezes vexatórias.
Lia este conto de Marilene Felinto e sorria.
in Até ao Oriente & outros contos para Wenceslau de Moraes
Organização, selecção e prefácio de Rui Zink
Ed. Dom Quixote, 2004

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