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25.2.05

Quimera, ansiedade e mito social


Henk Braam

Este é o título de um pequeno capítulo da grande obra do Professor Norman Cohn, Na Senda do Milénio - Milenaristas Revolucionários e Anarquistas Místicos da Idade Média (Presença, 1981), que eu relia por alto porque me pareceu que este amigo iria certamente deliciar-se com ela. Encontrei aí um fragmento que me fez pensar na actual conjuntura política e que me deixou a impressão de que estamos muito próximos da visão medieval do mundo.
"Tem sido observado pelos psicanalistas que a visão do mundo do Cristianismo medieval tende a revestir a forma de uma luta de morte travada pelos bons pais e os bons filhos contra os maus pais e os maus filhos. (...) Já na figura (...) do Cristo que regressa - se encontram combinadas as imagens fantásticas do bom pai e do bom filho. Por um lado, o chefe possui - à semelhança dos faraós e muitos outros reis divinos - todos os atributos de um pai ideal: é perfeitamente sábio, é perfeitamente justo, protege os fracos. Mas, por outro lado, é também o filho cuja missão é transformar o mundo, o Messias que deve instaurar um novo céu e uma nova terra e que poderá de si mesmo dizer: Eis que faço novas todas as coisas!" (pp 69)
Sinceramente, excluindo o facto de já não lhes atribuirmos poderes sobrenaturais, eu diria que ainda exigimos aos nossos líderes políticos que sejam verdadeiros Messias! (fico a aguardar as vossas prédicas revolucionárias ou anarco-místicas)

3 comentários:

  1. Exactamente. Demonstrativo disso é a votação maciça no PS, à espera que José Sócrates seja o novo D. Sebastião. Não auguro nada de bom, para os próximos tempos no nosso país. É só esperar que estas centenas de milhar de pessoas, sintam que as suas expectativas saíram defraudadas e a turbulência vai começar com muita intensidade.

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  2. A esperança de que o PS vai mudar o país é enorme, mas eu vou ficar aqui sentadinha à espera de ver a reacção quando isto correr mal. Sim, porque vai correr mal... O Sócrates não faz milagres! Beijinho MRF!

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  3. Eu tenho problemas com tudo o que está de algum modod relacionado com a idealidade, porque sei, não me perguntem como, mas sei que a idealidade simplesmente não existe. Por isso é que pais, filhos ou deuses ideais não existem.
    Quanto aos políticos, bom, é melhor não ir por esse caminho...

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