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2.2.05

Expiação


Ralph de la Rie

Negar a ajuda dele, negar-lhe qualquer possibilidade de remediar o que tinha feito, seria a forma de o castigar. A temperatura inesperadamente baixa da água, que quase a deixou sem respirar, seria o castigo dele. Susteve o fôlego e mergulhou, deixando o cabelo aberto em leque à superfície. Afogar-se seria o castigo dele. Quando emergiu alguns segundos depois, com um caco em cada mão, ele teve o discernimento de não se oferecer para a ajudar a sair da água. (...) Pegou nas sandálias e enfiou-as debaixo do braço, pôs os cacos no bolso da saia e pegou na jarra. Fez tudo aquilo com movimentos selvagens e sem olhar para ele. (pp 36)



Um facto aparentemente simples mudará para sempre, de forma trágica, a vida de Robbie e Cecília. Briony, uma menina de treze anos que gosta de escrever histórias, será a responsável. Qual é o limite do mal que a consciência humana pode suportar? Pode a literatura servir para expiar um pecado?

A infância, a Inglaterra de 1935 até ao pós-guerra, a situação de classes, um crime e a sua expiação, uma história de amor. A escrita de Ian McEwan, marcada por referências subliminares a Jane Austen ou Samuel Richardson (e certamente a outros autores que a vossa erudição descobrirá). São muitas as razões para ler este livro, se ainda não o fizeram.
Eu já o li há algum tempo e ficou-me uma espécie de apego ao livro. a começar pela capa, que é belíssima. acabando na sensação de mestria narrativa que me deu tão bons momentos de leitura. Viajem.

7 comentários:

  1. Despojos... tudo o que saíu de nós é despojo!

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  3. meu querido pé de meia, és sp o primeiro a comentar os meus posts. hoje aconteceu que comentasses a foto sem o post (ainda não aprendi a postar de forma diferente, sai-me a foto antes do texto). mas as tuas palavras ajustam-se lindamente à foto e, se calhar, ao livro. bjs

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  4. Também eu me "apego" aos livros, desde a capa ao resumo que possa existir nalguma contracapa. E também eu "tenho a mania" de os tentar revelar aos amigos porque considero que não os ler é uma perda. Acabei de fazer um trabalho em multimédia onde usei um par de sapatos velhos e abandonados para ilustrar certa parte de um conto. De certa forma também me "apeguei" a este post...

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  5. é curiosa a sintonia. um dos meus recentes posts intitula-se "crónicas de viagem", título de um conjunto de pequenos textos, impressões que exteriorizo depois um livro que me tenha marcado. um dos posts que iria colocar em breve seria o de "Expiação", que considero uma obra-prima. Dos melhores romances dos últimos tempos, na minha humilde perspectiva. quando editar esse post, aviso-te, ou lês numa das tuas passagens pela extensa madrugada. Obrigado pela empatia antecipada. Beijinho. J.

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  6. Obrigada pelas visitinhas! Venho cá à tua "casa" todos os dias, mas quase nunca comento. Desculpa! É um espaço muito agradável! Parabéns!

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  7. J. acho que as nossas afinidades não vão ficar por aqui. apostaria que tb gostas do Cunningham...

    Ananda, obrigada pelas palavras e pelas visitas. é verdade que tb gosto de aterrar na lua.

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