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28.2.12

Pensar é estar doente dos olhos


Bill Brandt (1904-1983). Série: O Olho
[De cima para baixo: Giacometti - 1963; Antoni Tápies - 1964; Jean Dubuffet - 1960; Jean Arp - 1960 ]

O meu olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar

Alberto Caeiro

27.2.12

Focus Group

Para quem começou a moderar Focus Group há mais de 15 anos, este vídeo foi mesmo delirante. Nada é como deve ser, a começar pela posição do moderador e dos entrevistados. Ele só está bem por aceitar como válidas todas as respostas. E, aqui, temos a Academia a assumir a sua faceta "industrial", mesmo se o faz por via do non sense.

26.2.12

O Artista

Vi. Vou rever. para fixar cada detalhe. D-e-l-i-c-i-o-s-o.

The iron lady

Fui ver há dias "The Iron Lady". A interpretação de Meryl Streep é extraordinária! Mas fiquei a pensar neste casting... Por que razão escolheram uma actriz que suscita tanta ternura para representar uma mulher como Margaret Thatcher? Houve momentos em que me senti incomodada, começava a gostar da Dama de Ferro! Hoje vi esta notícia e acho que a Meryl Streep faz a síntese perfeita. O ponto de vista muito subjectivo da realizadora sobre uma grande vida: "a perda de poder, uma viagem ao passado do poder do ponto de vista da impotência". A verdade é que foi essa subjectividade que transformou uma biografia numa obra de arte. O filme é belíssimo! A forma como a câmara fica quieta e assiste ao deambular vacilante da velha senhora pela casa (última cena) encheu-me a alma. Demorei tempo a aderir à visão de Phyllida Loyd mas saí da sala rendida. Já agora, no Youtube é possível ver vídeos com episódios da vida política da verdadeira Iron lady, episódios esses que são evocados ou "decalcados" no filme. É impressionante a fidelidade! É impressionante a deriva!

25.2.12

Zeca

Ontem não escrevi nada aqui. mas faltou o Zeca. e não sei se sentiram: as águas das fontes calaram-se e as ribeiras choraram.

16.2.12

La Noyée


Tu t'en vas à la dérive
Sur la rivière du souvenir
Et moi, courant sur la rive,
Je te crie de revenir
Mais, lentement, tu t'éloignes
Et dans ma course éperdue,
Peu à peu, je te regagne
Un peu de terrain perdu.

De temps en temps, tu t'enfonces
Dans le liquide mouvant
Ou bien, frôlant quelques ronces,
Tu hésites et tu m'attends
En te cachant la figure
Dans ta robe retroussée,
De peur que ne te défigurent
Et la honte et les regrets.

Tu n'es plus qu'une pauvre épave,
Chienne crevée au fil de l'eau
Mais je reste ton esclave
Et plonge dans le ruisseau
Quand le souvenir s'arrête
Et l'océan de l'oubli,
Brisant nos cœurs et nos têtes,
A jamais, nous réunit